Rádio

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      Pedro e Jão estavam sentados na sala de um estúdio alugado para ensaiarem para o concurso da rádio, cercados por partituras e instrumentos musicais. A ansiedade no ar era palpável enquanto Jão afinava o violão, tentando controlar os nervos.

     — Eu ainda não acredito que você me inscreveu nesse concurso sem me avisar — disse Jão, lançando um olhar nervoso para Pedro.

      Pedro sorriu, tentando aliviar a tensão.

      — Confie em mim, Jão. Você tem talento e essa é a sua chance de mostrar isso ao mundo. E lembra, essa música é especial, não só para você, mas para nós.

      Jão respirou fundo, pensando na canção que havia escolhido. Era uma música que o acompanhara durante toda a infância, uma melodia que lhe trazia conforto e lembranças de momentos felizes. Ele havia decidido dedicar essa canção a Pedro, como um agradecimento por todo o apoio e amor.

      Os dias passaram rapidamente, e logo chegou o dia do concurso. O estúdio da rádio estava cheio de competidores nervosos e jurados importantes. Jão sentia as mãos suarem e o coração acelerar.

     — Eu não consigo, Pedro. Estou muito nervoso — confessou Jão, quase desistindo.

      Pedro segurou firme as mãos de Jão, olhando diretamente em seus olhos.

      — Você consegue sim, Jão. Eu acredito em você. Faça isso por nós, por tudo o que passamos.

      No meio da preparação, o telefone de Jão tocou. Ele olhou para o visor e viu que era sua mãe. Sentindo um mau pressentimento, ele saiu correndo do estúdio para atender a ligação, com Pedro logo atrás.

      — Alô, mãe? O que aconteceu? — perguntou Jão, o nervosismo evidente em sua voz.

      Do outro lado da linha, a voz de Dona Mariana estava trêmula e cheia de emoção.

      — Jão, eu... eu acabei de receber uma ligação do hospital de Bauru. Eles disseram que a Izabelle está viva. Ela está lá, mas não se lembra de nada.

      Jão ficou paralisado, sentindo um misto de choque e alívio.

      — Como isso é possível? Depois de todo esse tempo... — murmurou ele, a voz falhando.

      Pedro colocou uma mão no ombro de Jão, oferecendo-lhe apoio.

       — Vamos resolver isso depois, Jão. Agora, você precisa se concentrar na sua apresentação.

       Jão assentiu, ainda atordoado com a notícia. Com a ajuda de Pedro, ele se recompôs e voltou para o estúdio.

       Quando foi chamado para se apresentar, Jão subiu ao palco com o coração pesado, mas determinado. Ele fechou os olhos por um momento, respirou fundo e começou a tocar a melodia familiar. Sua voz ecoou pelo estúdio, carregada de emoção e sinceridade.

     A canção que ele escolheu, cheia de significado e nostalgia, emocionou todos os presentes. Os jurados estavam visivelmente comovidos, e os outros competidores olhavam com admiração. Cada nota, cada palavra, era uma homenagem ao passado e uma promessa para o futuro.

      Quando a última nota soou, houve um momento de silêncio absoluto, seguido por uma explosão de aplausos. Jão abriu os olhos, encontrando Pedro na multidão, sorrindo orgulhosamente. Ele desceu do palco e foi direto para os braços de Pedro, que o abraçou apertado.

      — Você foi incrível, Jão. Eu sabia que você conseguiria.

      Jão, com os olhos ainda marejados de lágrimas, sorriu.

      — Isso foi por nós, Pedro. E por Iza.

       Enquanto os dois saíam do estúdio, a notícia sobre Izabelle ainda pairava sobre eles, mas havia uma sensação de esperança renovada. Juntos, eles sabiam que poderiam enfrentar qualquer coisa.

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