O amanhecer chegou lentamente, trazendo um novo dia com o ar pesado das emoções da noite anterior. Pedro entrou no apartamento, exausto e ainda um pouco embriagado pelo álcool e pela culpa. Lá estava Jão, sentado no sofá da sala, com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar.
Pedro se aproximou e sentou ao lado de Jão, tentando iniciar uma conversa.
— Jão, precisamos conversar. Não foi o que pareceu. — Pedro começou, mas Jão virou o rosto, evitando o olhar.
Pedro, frustrado e cansado, levantou-se, ficando de frente para Jão.
— João Vitor! Presta muita atenção no que eu vou te falar! Eu te amo, caralho, e sempre fiz de tudo por você. E você agora fica se fazendo de vítima porque eu beijei outra pessoa... Ah, e antes que eu me esqueça, eu e você não temos mais nada! Então para de graça e vai aproveitar o Carnaval!
Jão secou as lágrimas com raiva, seus punhos se fechando. Ele se levantou, encarando Pedro.
— Quer saber, Pedro? Eu nem deveria ter vindo para São Paulo... Eu só vim porque estava com saudades de você... da gente!
Pedro, com a voz trêmula, respondeu — Eu também estava com saudades de você, Jão. Porém, não temos mais nada, apenas amizade... Não tem por que ter ciúmes. E outra, aquilo foi só um beijo.
A discussão continuou acalorada, as palavras duras e cheias de mágoa se entrelaçando. A tensão entre os dois era palpável, cada um tentando se fazer ouvir sem realmente escutar o outro. A sala parecia pequena demais para conter tanto ressentimento e dor.
Finalmente, Jão, incapaz de suportar mais, saiu do apartamento de Pedro, batendo a porta com violência. O som ecoou pelo corredor, deixando um silêncio ensurdecedor para trás.
Pedro ficou parado no meio da sala, respirando pesadamente. Sentia-se vazio e derrotado. Ele amava Jão, mas as circunstâncias haviam conspirado contra eles. Sentou-se no sofá, a cabeça entre as mãos, tentando processar o que acabara de acontecer.
Enquanto isso, Jão caminhava pelas ruas de São Paulo, sem rumo. A cidade ao seu redor parecia indiferente à sua dor. As ruas cheias de foliões contrastavam com seu estado de espírito. Ele não sabia para onde ir, apenas queria fugir da dor que sentia.
Depois de algum tempo vagando, encontrou um banco de praça e sentou-se, tentando acalmar sua mente turbulenta. As palavras de Pedro ecoavam em sua cabeça, misturando-se com suas próprias emoções confusas.
— "Eu também estava com saudades de você, Jão..." — Jão murmurou para si mesmo, tentando encontrar algum consolo nas palavras de Pedro.
O tempo passou lentamente, e Jão finalmente decidiu que precisava encontrar um novo caminho para si mesmo. Ele se levantou do banco, determinado a seguir em frente, mesmo que fosse difícil. Ele sabia que o amor que sentia por Pedro sempre estaria lá, mas era hora de se concentrar em sua própria vida e felicidade.
Jão voltou ao apartamento de Pedro uma última vez, não para continuar a discussão, mas para pegar suas coisas e seguir seu caminho. Ao entrar, encontrou Pedro ainda sentado no sofá, perdido em pensamentos.
— Pedro, eu vou embora. — Jão disse, sua voz firme, mas triste.
Pedro olhou para ele, a dor evidente em seus olhos. — Jão, eu...
— Não precisa dizer mais nada. Eu só queria que você soubesse que, apesar de tudo, eu ainda te amo. Mas preciso seguir em frente. — Jão respondeu, pegando suas coisas rapidamente.
Pedro assentiu, incapaz de encontrar as palavras certas. Ele sabia que Jão estava certo. Às vezes, o amor não era suficiente para superar todas as dificuldades.
Jão saiu do apartamento de Pedro, fechando a porta atrás de si com suavidade desta vez. Caminhou pelas ruas de São Paulo, sentindo-se um pouco mais leve, como se uma parte do peso tivesse sido aliviada.
Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas estava pronto para enfrentar o que viesse. E, quem sabe, um dia, ele e Pedro poderiam encontrar um jeito de se reconectar, mesmo que fosse apenas como amigos.
Enquanto isso, Pedro ficou no apartamento, refletindo sobre suas próprias escolhas e as consequências delas. Ele sabia que tinha perdido algo precioso, mas também compreendia que precisava encontrar uma maneira de seguir em frente.
A cidade ao redor continuava vibrante e cheia de vida, indiferente às dores e alegrias de seus habitantes.
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Simples e Romântico
FanfictionJoão Vitor ou apenas Jão, é uma jovem do interior de São Paulo que acaba se apaixonando por seu vizinho. Será que esse casal vai ter um final feliz?