Me Deixa Ir

12 2 13
                                    

      Pedro estava sentado na sala, seus olhos fixos na TV, mas a mente longe. Ele se sentia um fardo, cada vez mais convencido de que estava arruinando a vida de todos ao seu redor. João Pedro e Ana estavam no quarto, tentando dormir, mas Pedro sabia que suas preocupações com ele não permitiam um descanso tranquilo.

         — Jão, eu me sinto mal. — Pedro disse, com a voz carregada de culpa. — Acho que estou estragando a vida de vocês.

        Jão suspirou, sentando-se ao lado de Pedro. Ele sabia que Pedro estava passando por um momento difícil, mas também estava começando a sentir o peso de tudo.

         — Não diga isso, Pedro. — respondeu Jão, tentando soar calmo. — Estamos juntos nessa.

         Jão sabia que precisava de ajuda para cuidar de Pedro, especialmente agora que sua carreira musical estava em pausa. Ele se virou para Pedro, tentando abordar o assunto com cuidado.

         — Pedro, eu pensei... e acho que deveríamos contratar um cuidador para te ajudar. — sugeriu Jão, com uma expressão de preocupação.

           Pedro franziu a testa, claramente irritado.

           — Um cuidador? — ele repetiu, incrédulo. — Eu sei que estou incomodando, mas não ao ponto de precisar de um cuidador.

        A tensão na sala aumentou rapidamente. Jão sentiu sua paciência se esgotando.

         — Pedro, eu só quero o melhor para você. — disse Jão, tentando manter a calma. — E para mim também. Eu preciso voltar a trabalhar, seguir com minha carreira.

         — Então vá! — gritou Pedro, a raiva transbordando. — Vá e me deixe aqui, como um fardo para João Pedro e Ana!

       João Pedro e Ana, que estavam dormindo, acordaram com o barulho da discussão e correram para ver o que estava acontecendo. Eles chegaram à sala e encontraram Jão e Pedro trocando palavras de baixo calão.

        — O que está acontecendo aqui? — perguntou Ana, preocupada.

        — Nada! — respondeu Pedro, com os olhos cheios de lágrimas. — Apenas Jão querendo se livrar de mim.

        — Jão, isso não está certo. — disse João Pedro, tentando acalmar a situação. — Nós somos uma família, precisamos encontrar uma solução juntos.

         — Eu sei que parece difícil, mas precisamos pensar no que é melhor para todos. — acrescentou Ana, com a voz suave.

         Jão olhou profundamente nos olhos de Pedro, sentindo um misto de amor e frustração.

          — Realmente, Pedro... — começou ele, a voz cheia de dor. — Nos conhecemos muito cedo, e isso sempre nos atrapalhou. Eu te amo, mas não quero ser triste para sempre e também não quero isso para você. Eu só quero o seu bem!

        Pedro olhou para Jão com uma cara de decepção, sem acreditar no que estava ouvindo.

          — Jão, por favor, não me deixe... — implorou Pedro, segurando a mão de Jão com força. — Eu preciso de você.

        Jão, na base do ódio e da frustração, puxou o braço com violência, fazendo Pedro cair da cadeira de rodas.

          — Me deixa ir, Pedro! Por favor! — gritou ele, saindo pela porta do apartamento.

          Pedro ficou caído no chão, enquanto João Pedro e Ana corriam para ajudá-lo a levantar.

         — Pai, não pode ser assim... — disse João Pedro, com lágrimas nos olhos.

         — Calma, vamos ajudar o Pedro primeiro. — disse Ana, tentando manter a calma.

        Jão saiu do apartamento, sentindo uma mistura de alívio e dor. Ele sabia que essa era uma decisão difícil, mas acreditava que era necessária para o bem de ambos. Ele caminhou até o carro, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Sua mente estava repleta de memórias, desde o primeiro encontro com Pedro até os momentos mais felizes que passaram juntos.
         Enquanto Jão dirigia sem destino, Pedro, ainda no chão, sentia seu coração quebrar. João Pedro e Ana o ajudaram a voltar para a cadeira de rodas, tentando consolá-lo.

           — Vai ficar tudo bem, Pedro. — disse Ana, com uma voz suave. — Vamos superar isso juntos.

           Pedro olhou para a porta, onde Jão havia saído, sentindo uma dor profunda e uma sensação de abandono que ele nunca imaginou que sentiria. Ele sabia que Jão estava sofrendo tanto quanto ele, mas a separação parecia insuportável.

           — Pedro, nós estamos aqui para você. — disse João Pedro, segurando a mão de Pedro com firmeza. — Não vamos deixar você sozinho.

          Ana assentiu, enxugando as lágrimas de Pedro.

         — Vamos encontrar uma maneira de passar por isso. — disse ela, determinada. — Juntos.

        Pedro sabia que a estrada à frente seria difícil. Ele sentia a falta de Jão, mas também entendia que a decisão de se afastar era feita com amor. Ele olhou para João Pedro e Ana, sentindo um renovado senso de esperança.

         — Obrigado por estarem comigo. — disse Pedro, com a voz fraca mas sincera. — Vamos enfrentar isso juntos.

         Jão continuou dirigindo, a mente perdida em pensamentos. Ele sabia que tinha tomado uma decisão difícil, mas acreditava que era o melhor para todos. Ele precisava de tempo para refletir e entender o que realmente queria para seu futuro e para o de Pedro.

           Pedro, por sua vez, estava determinado a lutar. Com o apoio de João Pedro e Ana, ele sabia que poderia enfrentar os desafios que estavam por vir. A jornada seria árdua, mas o amor e a força de sua família lhe davam a coragem necessária para seguir em frente.

Simples e RomânticoOnde histórias criam vida. Descubra agora