Simples e Romântico

Vencedor

      Do lado de fora do estúdio, Pedro, Jão e os outros competidores aguardavam ansiosamente pelo resultado do concurso. O ar estava carregado de tensão e expectativa. Pedro tentava acalmar Jão, segurando firme sua mão, mas ele também sentia o nervosismo crescente.

      — Vai dar tudo certo, Jão. Tenho certeza de que você arrasou — Pedro sussurrou, tentando tranquilizá-lo.

      Finalmente, o locutor apareceu na porta, chamando todos para entrarem novamente. A sala estava cheia de expectativa e murmúrios baixos. O locutor pegou o microfone e pediu silêncio.

      — Senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos os participantes por suas incríveis performances. Cada um de vocês trouxe algo especial para o palco. Agora, vou passar a palavra para um de nossos jurados, que vai anunciar o vencedor.

       O jurado, um produtor musical renomado, pegou o microfone e sorriu para a audiência.

      — O campeão do nosso concurso recebeu votos positivos de todos os jurados, sendo o único a alcançar a pontuação máxima. Após sua apresentação, nossos telefones não paravam de tocar com elogios! E o vencedor do Concurso é você, João Vitor Romania Balbino, conhecido pelo seu nome artístico, Jão!

      Naquele momento, Jão estava tão nervoso que segurava a mão de Pedro com uma força incrível. Quando ouviu seu nome, ele ficou paralisado por um segundo antes de se ajoelhar no chão, as lágrimas correndo livremente pelo rosto.

      Pedro o puxou para um abraço apertado, ambos emocionados.

      —  Eu sabia que você ia conseguir, Jão! Eu sabia! — Pedro sussurrou, também com lágrimas nos olhos.

      O locutor continuou a falar, mas Jão estava tão emocionado que mal podia ouvir.

      — Como vencedor, Jão ganhará um estúdio musical novinho e um prêmio de 10 mil reais!

      Jão não conseguia acreditar. Ele sempre achou que não tinha talento suficiente, e agora sentia uma mistura de alegria e culpa por ter brigado com Pedro por tê-lo inscrito no concurso.

      Depois que os aplausos cessaram, Jão subiu ao palco para receber o prêmio. Ele olhou para a plateia, onde Pedro estava, e sorriu, ainda chorando.

      — Eu... eu nem sei o que dizer. Isso é um sonho se tornando realidade. Quero agradecer aos jurados, ao público e especialmente a Pedro, que acreditou em mim quando eu mesmo não acreditava. Esse prêmio é tão nosso quanto meu. Obrigado!

       A multidão aplaudiu enquanto Jão descia do palco, ainda segurando o troféu e o cheque. Ele foi recebido por Pedro com um abraço caloroso.

       — Eu estou tão orgulhoso de você, Jão. Você merece isso mais do que qualquer um.

       Jão sorriu, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.

      — Eu não teria conseguido sem você, Pedro. Desculpa por ter brigado com você. Eu fui um idiota.

      Pedro balançou a cabeça, ainda segurando Jão.

      — Não importa agora. O que importa é que você venceu. Vamos aproveitar essa vitória juntos.

      No entanto, a euforia da vitória logo foi interrompida quando Jão se lembrou da ligaçaõ que havia recebido de sua mãe mais cedo, ela estava aos prantos, dizendo que havia recebido uma ligação do hospital de Bauru informando que Iza estava viva e internada lá, mas sem memória.

       — Pedro, precisamos ir para Bauru agora mesmo! Tenho de saber se minha irmã esta bem... — Jão disse, com urgência na voz.

       — Claro, Jão. Vamos imediatamente.

        Eles pegaram o carro e dirigiram para Bauru, uma viagem que parecia durar uma eternidade. Durante o trajeto, Jão não conseguia parar de pensar em sua irmã. Será que realmente era Iza? Como ela estava? E o que significava ela não se lembrar de nada?

      Chegaram ao hospital de Bauru no início da noite. Mariana já estava lá, aguardando ansiosamente. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, mas havia uma esperança reluzente em seu olhar.

       — Mãe, onde está Iza? — Jão perguntou, assim que viu sua mãe.

       — Ela está no quarto 302. Venham, vou levar vocês até lá — Mariana respondeu, segurando a mão de Jão com força.

       Subiram rapidamente até o quarto 302. Quando abriram a porta, viram uma jovem mulher deitada na cama, olhando para a janela. Ela parecia confusa, mas fisicamente estava bem. Ao ouvir a porta se abrir, ela se virou lentamente para olhar quem estava entrando.

       — Iza? — Jão chamou, com a voz embargada pela emoção.

       A mulher olhou para ele com olhos cheios de incerteza.

        — Quem é você? — ela perguntou, a voz suave e distante.

       — Sou eu, seu irmão, Jão. E esta é nossa mãe, Mariana — ele respondeu, tentando conter as lágrimas.

        — Eu... eu não me lembro de vocês. Desculpem-me — Iza disse, com uma tristeza profunda no olhar.

       Mariana aproximou-se da cama e segurou a mão de Iza.

         — Está tudo bem, querida. Vamos ajudar você a recuperar sua memória — ela disse, com uma voz terna e reconfortante.

       Pedro estava ao lado de Jão, segurando sua mão para lhe dar apoio. A cena era dolorosa, mas havia uma esperança no ar. Iza estava viva, e isso era um milagre em si.