Medo Bobo

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      — Iza, querida, vamos superar isso juntos — disse Mariana, segurando a mão da filha.

     Iza olhou para Jão, e então seus olhos se voltaram para Pedro. Ela franziu a testa, um lampejo de reconhecimento, mas também de medo, passou por seu olhar.

     — Pedro? — ela disse, a voz trêmula. — Você é Pedro, não é?

      Pedro assentiu, se aproximando da cama.

     — Sou eu, Iza. Estou aqui para te ajudar — ele disse, tentando parecer tranquilizador.

      Mas Iza recuou na cama, seus olhos se enchendo de pavor.

       — Não... você não. Fique longe de mim! — ela gritou, sua voz cheia de pânico.

       Jão e Mariana ficaram perplexos, enquanto Pedro parava no meio do caminho, confuso e machucado pela reação de Iza.

      — Iza, o que está acontecendo? Pedro nunca te machucaria — Jão disse, tentando acalmar a irmã.

      — Não, ele... ele vai me machucar. Eu lembro... eu lembro que ele era perigoso — Iza respondeu, suas palavras fragmentadas e cheias de medo.

     Mariana se aproximou de Pedro e colocou uma mão reconfortante em seu ombro.

     — Vamos dar um tempo para ela, Pedro. Isso deve ser parte da confusão da memória dela — disse Mariana, tentando acalmar a situação.

      Pedro assentiu, embora seu coração estivesse partido. Ele saiu do quarto, e Jão o seguiu.

      — Eu não entendo, Jão. Por que ela está com medo de mim? — Pedro perguntou, a dor evidente em sua voz.

       — Eu não sei, Pedro. Talvez seja apenas a confusão na mente dela. Precisamos dar tempo a ela e mostrar que estamos aqui para ajudá-la, não importa o que ela lembre ou pense — Jão respondeu, tentando ser racional.

      Naquela noite, Jão e Pedro decidiram ficar em um hotel perto do hospital. Eles precisavam estar por perto caso Iza precisasse deles. O clima entre eles estava tenso, não apenas pela situação de Iza, mas também pela recente descoberta sobre Geovana.

       Pedro estava sentado na beirada da cama, olhando para o chão.

      — Jão, precisamos encontrar um jeito de ajudar Iza a lembrar de quem realmente somos — ele disse, a voz baixa e cheia de determinação.

      — Eu sei, Pedro. Mas precisamos ser pacientes. Forçar qualquer coisa agora só vai piorar a situação — Jão respondeu, sentando-se ao lado de Pedro.

       Eles passaram a noite discutindo maneiras de ajudar Iza. Jão sugeriu trazer fotos e objetos familiares que poderiam desencadear memórias positivas. Pedro concordou, embora seu coração estivesse pesado com a ideia de que Iza o via como uma ameaça.

     Na manhã seguinte, eles voltaram ao hospital com uma mala cheia de álbuns de fotos, cartas e outros itens que poderiam ajudar a recuperar as memórias de Iza.

      Quando entraram no quarto, Iza estava acordada, olhando para a janela. Ela se virou ao ouvir a porta abrir, e seus olhos se arregalaram ao ver Pedro.

      — Fiquem longe de mim — ela disse, sua voz ainda trêmula de medo.

       Jão tentou se aproximar devagar, mostrando a mala de lembranças.

        — Iza, nós trouxemos algumas coisas que podem te ajudar a lembrar. Não queremos te machucar. Só queremos que você se lembre de quem somos — ele disse, a voz suave.

      Iza olhou para a mala com curiosidade, mas ainda desconfiada. Mariana se aproximou e começou a tirar as fotos do álbum, mostrando-as a Iza.

       — Aqui, querida. Esta é uma foto de quando você era pequena, no seu aniversário de 18 anos. Veja, Pedro está aqui também, com você e Jão — disse Mariana, apontando para uma foto em que Iza estava sorrindo ao lado de Pedro e Jão.

      Iza olhou para a foto, sua expressão suavizando um pouco. Ela franziu a testa, tentando se lembrar.

       — Eu... eu me lembro desse bolo. Era de morango, meu favorito — ela disse, um leve sorriso surgindo em seus lábios.

        — Isso mesmo, querida. E Pedro te ajudou a escolher o bolo naquele ano — disse Mariana, esperançosa.

       Iza olhou para Pedro, ainda desconfiada, mas menos aterrorizada.

       — Eu... eu não sei por que estou com medo. Mas é tão confuso... — ela disse, lutando contra as lágrimas.

       Pedro deu um passo à frente, parando a uma distância respeitosa.

       — Iza, eu nunca te machucaria. Por favor, acredite em mim. Estamos aqui para te ajudar a lembrar de quem você realmente é e de quem realmente somos — ele disse, a voz firme mas gentil.

       Iza olhou para ele, os olhos cheios de dúvida, mas também de uma centelha de esperança. Talvez, com o tempo e paciência, eles pudessem superar esse obstáculo juntos.

       Depois de mais uma longa visita ao hospital, Jão e Pedro voltaram ao hotel, exaustos mas determinados.

      — Vamos conseguir, Jão. Eu sei que vamos — Pedro disse, a voz cheia de determinação.

       — Sim, vamos. Por Iza e por nossa família — Jão respondeu, segurando a mão de Pedro com firmeza.

      Eles sabiam que a jornada seria difícil, mas estavam prontos para enfrentá-la juntos, como sempre fizeram.

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