Pedro estava na cozinha, terminando de preparar o jantar, e não aguentava de vontade de contar a novidade para Jão.
— Ei, Jão, tenho uma coisa para te contar — disse Pedro, tentando parecer casual, mas a empolgação em sua voz era evidente.
Jão olhou desconfiado para Pedro.
Pedro sorriu e puxou uma cadeira para Jão sentar.
— Bem, eu inscrevi você em um concurso de música que vai acontecer na rádio. Achei que seria uma boa oportunidade para você mostrar seu talento.
Jão ficou paralisado por um momento, absorvendo a informação. Então, sua expressão mudou para raiva.
— Você fez o quê? — ele perguntou, a voz subindo um tom. — Inscreveu-me sem sequer me perguntar?
Pedro tentou se explicar.
— Jão, eu só queria...
— Só queria o quê, Pedro? — interrompeu Jão, claramente irritado. — Você não pode tomar essas decisões por mim. É a minha vida, o meu talento. Eu deveria ter sido consultado antes.
Pedro suspirou, tentando manter a calma.
— Eu sei, Jão, eu sei. Mas eu pensei que você gostaria...
— Você pensou errado! — gritou Jão. — E, para sua informação, hoje você vai dormir no sofá. Não vou dividir a cama com alguém que não respeita minhas decisões.
Pedro franziu a testa.
— Mas, Jão, este é o meu apartamento. Eu deveria dormir no meu quarto.
A discussão aumentou em intensidade, com ambos trocando palavras duras. Finalmente, Jão conseguiu o que queria, e Pedro foi relegado ao sofá enquanto Jão dormia na cama.
Na manhã seguinte, o clima ainda estava tenso enquanto os dois se preparavam para a viagem ao interior. Ambos sabiam que precisavam dar a notícia às famílias que estavam juntos novamente e planejavam morar juntos, mas a raiva mútua precisava ser disfarçada.
Pedro dirigia, o silêncio no carro quase insuportável. Jão olhava pela janela, tentando se acalmar.
— Jão, eu realmente sinto muito sobre o concurso. Eu só queria te ajudar a realizar seu potencial — disse Pedro, tentando quebrar o gelo.
Jão suspirou.
— Eu sei, Pedro. Eu entendo suas intenções, mas você precisa entender que eu preciso estar no controle dessas decisões. Isso é importante para mim.
Pedro assentiu, os olhos fixos na estrada.
— Eu prometo que não farei mais nada sem falar com você primeiro. Só quero o melhor para nós.
Jão olhou para Pedro e viu a sinceridade nos olhos dele. A raiva começou a se dissipar, mas ainda restava uma leve tensão.
— Está bem, Pedro. Eu aceito suas desculpas. Só não faça isso de novo.
Pedro sorriu, aliviado.
— Prometo.
Continuaram a viagem em silêncio por mais alguns minutos, tentando encontrar um terreno comum. Pedro ligou o rádio, e uma música suave começou a tocar, preenchendo o vazio entre eles.
— Vai ser difícil disfarçar a raiva quando chegarmos lá — comentou Jão, meio brincando.
Pedro riu.
— Verdade. Vamos precisar de um milagre.
A música continuava a tocar, e o tempo passava. Ainda havia uma longa estrada pela frente, mas ambos sabiam que, apesar das discussões e desentendimentos, estavam juntos nisso. E isso era o que mais importava.
Conforme as horas passavam, Pedro e Jão começaram a conversar mais, tentando recuperar a normalidade. Falaram sobre suas memórias juntos, as dificuldades e os momentos felizes. Aos poucos, a tensão foi se dissipando, dando lugar a um sentimento de companheirismo renovado.
Pararam em uma lanchonete à beira da estrada para esticar as pernas e comer alguma coisa. Pedro olhou para Jão enquanto eles compartilhavam uma porção de batatas fritas.
— Jão, eu sei que cometi muitos erros, mas quero que saiba que estou disposto a aprender e crescer com eles. Eu realmente acredito que podemos superar tudo isso.
Jão sorriu, um sorriso meio triste, mas sincero.
— Eu também acredito, Pedro. Mas precisamos ser mais honestos um com o outro. E mais respeitosos.
Depois de um breve silêncio, Jão continuou:
— Acho que essa viagem pode ser um bom começo para nós dois. Um novo começo.
Pedro assentiu, seus olhos brilhando com uma mistura de esperança e determinação.
— Um novo começo, então.
Voltaram para o carro e retomaram a viagem. A paisagem do interior começou a surgir no horizonte, trazendo consigo uma sensação de nostalgia e familiaridade.
Quando finalmente chegaram ao destino, estacionaram o carro em frente à casa da família de Jão. Pedro virou-se para Jão antes de saírem do carro.
— Pronto para enfrentar tudo isso?
Jão respirou fundo e assentiu.
— Pronto. Vamos fazer isso juntos.
Entraram na casa, onde foram recebidos por Mariana, a mãe de Jão, com um abraço caloroso. Ela percebeu a tensão entre os dois e os conduziu para a sala, onde poderiam conversar em particular.
— Então, meninos, como estão as coisas? — perguntou Mariana, com um tom gentil.
Jão e Pedro se entreolharam antes de Jão responder.
— Mãe, nós estamos tentando. Decidimos morar juntos, mas temos muito o que resolver ainda.
Mariana assentiu, compreensiva.
— Vocês dois são fortes e determinados. Tenho certeza de que conseguirão superar qualquer coisa juntos.
Jão sorriu para a mãe, sentindo-se um pouco mais aliviado.
Passaram a tarde conversando e compartilhando as novidades. No final do dia, Pedro e Jão decidiram dar um passeio pelo quintal, relembrando os tempos de infância.
— Sabe, Jão, esse lugar traz tantas lembranças boas — disse Pedro, olhando ao redor.
— Eu sei. E acho que podemos criar novas lembranças boas daqui para frente.
Pedro concordou, e os dois continuaram caminhando em silêncio, aproveitando a companhia um do outro.
A noite caiu, e eles se prepararam para dormir. Jão olhou para Pedro antes de se deitar.
— Pedro, amanhã é um novo dia. Vamos fazer o melhor que pudermos, ok?
Pedro sorriu e assentiu.
— Ok, Jão. Vamos fazer isso juntos.
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Simples e Romântico
FanfictionJoão Vitor ou apenas Jão, é uma jovem do interior de São Paulo que acaba se apaixonando por seu vizinho. Será que esse casal vai ter um final feliz?