Simples e Romântico

Ajuda

     Iza e Pedro entraram cuidadosamente pela porta dos fundos, tentando não fazer barulho. O coração de Iza batia acelerado, não apenas pelo medo de ser descoberta, mas também pela responsabilidade que sentia em proteger Pedro.

      No entanto, assim que fecharam a porta, a luz da cozinha se acendeu, revelando a figura severa da mãe de Iza.

      - Iza, o que está acontecendo aqui? E quem é esse garoto? - perguntou a mãe, cruzando os braços e olhando fixamente para os dois.

      Iza respirou fundo e deu um passo à frente.

      - Mãe, esse é Pedro. Ele fugiu de casa porque o pai dele estava bêbado e batendo na mãe dele. Eu o encontrei na rua, e ele estava com muito medo. Por favor, ele precisa de um lugar seguro para passar a noite - explicou, a voz trêmula mas determinada.

     A expressão da mãe de Iza suavizou-se ao ouvir a história. Ela olhou para Pedro, que estava visivelmente assustado, e depois voltou-se para Iza.

      - Tudo bem, Pedro pode passar a noite aqui. Amanhã de manhã resolveremos isso - disse ela, com um suspiro. - Agora, venham, vamos todos nos secar e descansar.

      Pedro e Iza seguiram a mãe até a sala de estar, onde ela lhes deu toalhas e roupas secas. Pedro foi acomodado no sofá com cobertores, enquanto Iza subia para seu quarto. Na tranquilidade da noite, Pedro adormeceu rapidamente, exausto pelo estresse do dia. Iza, no entanto, ficou acordada por mais algum tempo, refletindo sobre a intensidade dos eventos recentes e sentindo-se aliviada por ter conseguido ajudar Pedro.

      Na manhã seguinte, Jão acordou cedo, desceu as escadas e foi direto para a cozinha em busca de café da manhã. Ao entrar, ele viu Pedro sentado à mesa, parecendo um pouco deslocado.

      - Oi, quem é você? - perguntou Jão, curioso.

      Pedro olhou para ele timidamente.

      - Meu nome é Pedro. Iza me trouxe aqui ontem à noite. Eu... eu estava com problemas em casa - explicou.

      Jão sentiu um impulso imediato de ajudar o novo amigo. Ele se sentou ao lado de Pedro e começou a conversar com ele, tentando fazê-lo se sentir mais à vontade. Em pouco tempo, os dois garotos estavam rindo e conversando como se se conhecessem há anos. Um vínculo impressionante estava se formando ali, uma amizade que parecia destinada a durar.

      Enquanto eles tomavam café, os pais de Jão entraram na cozinha. O pai se dirigiu a Pedro com um sorriso acolhedor.

      - Bom dia, Pedro. Nós vamos levá-lo até sua casa para conversar com seus pais, ok? - disse ele, tentando tranquilizar o garoto.

      Pedro assentiu, ainda um pouco nervoso, mas sentindo-se um pouco mais seguro com a presença de seus novos amigos.

       Depois do café da manhã, todos se prepararam para sair. Os pais de Jão ajudaram Pedro a se vestir com algumas roupas emprestadas e saíram juntos em direção à casa de Pedro. Iza e Jão ficaram para trás, observando seus pais e Pedro se afastarem.

      - Espero que tudo fique bem para ele - disse Iza, preocupada.

      - Vai ficar. Nós estamos aqui para ele - respondeu Jão, apertando a mão da irmã.

      Enquanto caminhavam até a casa de Pedro, os pais de Jão conversaram com ele, tentando entender melhor sua situação e como poderiam ajudar. Ao chegarem, bateram na porta e foram recebidos pela mãe de Pedro, que estava com os olhos inchados de tanto chorar.

- Bom dia, somos os pais de João Vitor e Iza. Pedro passou a noite em nossa casa, e estamos aqui para explicar o que aconteceu - disse a mãe de Jão, tentando acalmar a mulher.

      A mãe de Pedro os convidou para entrar, e todos se sentaram para conversar. A casa era simples, mas acolhedora, embora a tensão no ar fosse palpável. Pedro se agarrou à mão da mãe, que ainda tremia de medo e preocupação.

      - Pedro fugiu ontem à noite por causa do comportamento agressivo do seu marido. Ele estava muito assustado e não sabia para onde ir. Iza o encontrou e o trouxe para nossa casa - explicou o pai de Jão, com um tom calmo e compreensivo.

      A mãe de Pedro começou a chorar novamente, escondendo o rosto nas mãos.

      - Eu não sei mais o que fazer... Ele não era assim antes, mas agora... - disse ela, a voz embargada pelo choro.

      - Nós entendemos. E queremos ajudar vocês. Não é seguro para Pedro ou para você continuar nessa situação - disse a mãe de Jão, segurando a mão da mãe de Pedro. - Podemos ajudá-los a encontrar apoio e proteção. Temos alguns contatos que podem oferecer abrigo e orientação.

      Pedro olhou para a mãe com olhos esperançosos. Ele sabia que ela também queria escapar daquela situação, mas sempre tivera medo das consequências.

      - Mãe, por favor. Vamos aceitar a ajuda deles - pediu Pedro, com lágrimas nos olhos.

      A mãe de Pedro assentiu lentamente.

      - Tudo bem. Aceitamos a ajuda. Não posso continuar vivendo com medo - disse ela, finalmente.

      Os pais de Jão sorriram, aliviados com a decisão.

      - Ótimo. Vamos fazer algumas ligações e encontrar um lugar seguro para vocês ficarem por enquanto - disse o pai de Jão.

      Enquanto eles faziam os arranjos necessários, Pedro e Jão ficaram na sala, conversando e brincando. A amizade entre eles parecia crescer a cada momento, e Jão estava determinado a ajudar Pedro de todas as maneiras possíveis.

      - Você vai ficar bem, Pedro. Minha família vai cuidar de você e da sua mãe - disse Jão, com um sorriso banguelo.

      Pedro sorriu de volta, sentindo-se mais seguro do que jamais se sentira antes.

      - Obrigado, Jão. Você é um verdadeiro amigo - disse Pedro, abraçando Jão.

      Com a ajuda dos pais de Jão, Pedro e sua mãe foram encaminhados para um abrigo seguro, onde poderiam recomeçar suas vidas longe da violência. Iza e Jão prometeram continuar a apoiar Pedro, visitando-o sempre que possível e mantendo a amizade que haviam começado a construir.

       A partir daquele dia, a vida de todos eles mudou para sempre. Iza, Jão e Pedro aprenderam o verdadeiro valor da amizade e do apoio mútuo, prontos para enfrentar qualquer desafio que o futuro pudesse trazer.