Chicória

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      Jão sentou-se no sofá de Anna, ainda processando os eventos que o levaram até ali. Anna trouxe uma xícara de chá e sentou-se ao lado dele, esperando pacientemente que ele começasse a falar.

       — Eu... eu traí Pedro, Anna. Na festa do aniversário, eu estava fora de controle. Bebi demais, usei drogas e acabei me envolvendo com outras pessoas. Pedro descobriu e me expulsou — confessou Jão, com a voz quebrada pela vergonha e pelo arrependimento.

      Anna olhou para ele, surpresa, mas também se sentindo culpada por não ter percebido o que estava acontecendo naquela noite.

      — Jão, eu sinto muito. Eu não sabia que as coisas tinham chegado a esse ponto. Mas você ainda ama Pedro, não é? — perguntou Anna, com um tom de esperança na voz.

      Jão assentiu, segurando as lágrimas.

        — Amo, Anna. Mais do que qualquer coisa. Eu sei que estraguei tudo, mas daria qualquer coisa para consertar isso.

        Anna pensou por um momento e então teve uma ideia.

         — Talvez você deva tentar se desculpar de uma maneira especial. Algo que mostre a Pedro o quanto ele significa para você. Que tal dar a ele algo significativo?

        Jão pensou na sugestão de Anna e, após refletir, teve uma ideia. Decidiu dar a Pedro um presente especial, algo que pudesse simbolizar um novo começo e a promessa de um futuro melhor. Ele sabia que Pedro sempre quis ter um gatinho, então foi a uma loja de animais e escolheu um filhote adorável, uma gatinha cinza com olhos verdes brilhantes, a quem chamou de Chicória.

       Com o presente em mãos, Jão foi até o apartamento de Pedro. Estava nervoso, mas determinado a tentar reconciliar-se com Pedro. Tocou a campainha e esperou, o coração batendo acelerado. Pedro abriu a porta e, ao ver Jão, uma mistura de emoções passou por seu rosto.

       — O que você quer, Jão? — perguntou Pedro, a voz firme, mas com uma nota de curiosidade.

       Jão respirou fundo e mostrou a gatinha.

       — Eu... eu trouxe um presente para você, Pedro. Esta é a Chicória. Eu sei que você sempre quis um gatinho e espero que ela possa trazer um pouco de alegria para você. Sei que não posso desfazer o que fiz, mas quero que saiba que estou realmente arrependido — disse Jão, com sinceridade.

         Pedro olhou para a gatinha, que miou baixinho em seus braços, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.

        — A Chicória é adorável, Jão. Eu aceito o presente, mas isso não muda o que aconteceu. Eu ainda estou magoado e não posso simplesmente esquecer tudo — respondeu Pedro, com um tom mais suave.

      Jão assentiu, compreendendo.

        — Eu entendo, Pedro. Só queria que soubesse que estou disposto a fazer qualquer coisa para consertar isso. Se não pudermos reatar, espero que possamos pelo menos ser amigos. E também... ainda temos o João Pedro. Quero continuar sendo parte da sua vida e da vida dele — disse Jão, com esperança.

       Pedro suspirou e assentiu.

       — Podemos tentar ser amigos, Jão. E, claro, continuaremos cuidando do João Pedro juntos. Quanto ao trabalho, eu ainda serei seu empresário e produtor. Mas será um processo, Jão. Confiança não se reconstrói da noite para o dia.

        Jão sentiu um alívio misturado com tristeza. Não era a reconciliação completa que ele esperava, mas era um começo.

        — Obrigado, Pedro. Prometo que vou me esforçar para reconquistar sua confiança, seja como amigo ou em qualquer outra forma que nossa relação possa evoluir — disse Jão, com gratidão.

        Pedro acariciou a gatinha, que ronronou contente em seus braços.

       — Vamos ver como as coisas acontecem. E obrigado pela Chicória. Ela já está fazendo eu me sentir um pouco melhor — respondeu Pedro, com um sorriso genuíno.

      Jão sorriu de volta, esperançoso. Eles ainda tinham um longo caminho a percorrer, mas pelo menos tinham dado o primeiro passo para a reconciliação.

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