Simples e Romântico

Me Desculpa Pedro

      Jão correu pela trilha da represa, tentando alcançar Pedro, que caminhava rapidamente, tentando fugir do confronto. As lágrimas escorriam pelo rosto de Pedro, misturando-se com a poeira do caminho.

      -Pedro, espera! Deixa eu explicar!

       Pedro continuou andando, ignorando os chamados de Jão. Desesperado, Jão correu mais rápido e finalmente alcançou Pedro, segurando firme seus braços e sacudindo-o. - Você vai me ouvir sim! Eu não tive nada a ver com esse beijo, ela foi pra cima de mim!

      Pedro olhou nos olhos de Jão, sua expressão era de dor e confusão. - E por que você não se esquivou? Por que continuou beijando ela, Jão? Eu vi tudo!

      Jão ficou sem palavras por um momento, soltando os braços de Pedro enquanto tentava encontrar uma explicação.

      -Pedro, eu... eu fiquei surpreso. Não sei por que não parei imediatamente, mas eu não sinto nada por ela. Só fiquei confuso.

      Pedro secou as lágrimas com a manga da camisa, olhando para o chão. Seu coração estava partido, e ele sentia uma mistura de tristeza e raiva -Eu achei que seriamos felizes juntos, mas percebi que ficando com você eu vou ser triste pra sempre. E eu não quero isso.

      Jão deu um passo à frente, tentando tocar o braço de Pedro, mas Pedro se afastou, virando-se e começando a caminhar de volta para casa. Jão ficou parado, sentindo a dor do abandono e a culpa esmagadora. Ele não sabia como consertar o estrago que havia sido feito.

      -Pedro, por favor, me desculpa Pedro...

      Pedro não respondeu. Ele apenas continuou andando, deixando Jão sozinho, olhando para a represa que um dia foi testemunha dos momentos mais felizes que compartilharam. A dor da separação pesava no ar, e Jão sabia que precisaria de muito mais do que palavras para reconquistar a confiança de Pedro.

      Os dias seguintes foram solitários para Jão. Ele passava horas na represa, compondo músicas que expressavam sua dor e arrependimento. Pedro evitava qualquer contato, mergulhando nos estudos e nas atividades para distrair sua mente.

      Enquanto isso, Iza, vendo que seu plano havia funcionado, sentia uma satisfação amarga. Ela percebeu que, embora tivesse conseguido afastar Pedro e Jão, a tristeza nos olhos do irmão e a distância crescente entre eles também a afetavam. A casa estava mais silenciosa e a alegria que costumava encher o ambiente desapareceu.

"Será que fiz a coisa certa?" - era o único pensamento que se passava pela cabeça da jovem 

      Geovana, sentindo-se culpada pelo papel que desempenhou, tentou conversar com Jão, mas ele evitava falar sobre o assunto. A culpa corroía todos os envolvidos, e a felicidade parecia uma memória distante.

      A amizade de Pedro e Jão, que parecia inquebrável, agora estava suspensa por um fio. A dor e a desconfiança haviam se enraizado profundamente, e Jão sabia que precisaria de muito tempo e esforço para tentar reconquistar Pedro, se é que isso ainda era possível.