Ainda Te Amo

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      Pedro chegou ao seu novo apartamento em São Paulo, um lugar simples, mas aconchegante. A vida na capital era intensa e cheia de desafios. Cada dia que passava, ele sentia-se mais sufocado e com uma crescente saudade de Jão. Tentou várias vezes entrar em contato com Jão, mas suas ligações e mensagens foram ignoradas.

      Certa tarde, próximo ao Carnaval, Pedro recebeu uma ligação inesperada. Era Jão.

      — Pedro, sou eu. Estou indo para São Paulo te visitar. Posso me hospedar no seu apartamento? — a voz de Jão soava distante e hesitante.

      Pedro, surpreso e ansioso, concordou prontamente. As semanas passaram voando até que o dia da chegada de Jão finalmente chegou. Na rodoviária, Jão procurou por Pedro entre a multidão, mas ele não apareceu. Furioso e frustrado, Jão pegou o metrô até o apartamento de Pedro.

      Quando Jão chegou ao apartamento, encontrou Pedro na porta. Ambos se abraçaram fortemente, sentindo a saudade acumulada se dissipar um pouco.

      — Eu estava com tantas saudades, Jão — Pedro murmurou, sua voz embargada de emoção.

      — Eu também, Pedro. Não sabia o quanto precisava te ver até estar aqui — respondeu Jão, apertando ainda mais o abraço.

       Naquela noite, havia um bloquinho de Carnaval nas proximidades. Pedro, empolgado, convidou Jão para ir junto com ele e alguns amigos da faculdade. O clima de festa estava no ar, e todos se prepararam para uma noite de diversão.

      No bloquinho, a música alta, as cores vibrantes e a alegria contagiante preenchiam o ambiente. Todos estavam animados, dançando e se divertindo. Pedro e Jão também se entregaram à festa, mas Jão não conseguia tirar os olhos de Pedro. O tempo que passaram afastados parecia insignificante agora que estavam juntos novamente.

      Já era quase madrugada e a festa estava no auge. Todos estavam um pouco alterados pelo álcool. Jão, sentindo a coragem líquida, decidiu que era hora de dizer a Pedro o que sentia. Caminhou em direção a ele, com o coração acelerado e a mente cheia de pensamentos. Quando chegou mais perto, viu algo que o fez parar abruptamente.

      Pedro estava aos beijos com Leo, um amigo da faculdade. O coração de Jão se quebrou em mil pedaços. Sentiu uma dor aguda e profunda, como se todo o seu mundo estivesse desmoronando novamente.

      Jão, incapaz de controlar suas emoções, deu meia-volta e se afastou rapidamente. Suas pernas tremiam e os olhos ardiam com lágrimas que ele se recusava a deixar cair. Procurou um lugar mais isolado e sentou-se, tentando processar o que havia acabado de ver. O Carnaval ao redor dele parecia continuar sem ele, alheio à sua dor.

      Pedro, percebendo a ausência de Jão, se desvencilhou de Leo e foi à sua procura. Encontrou Jão sentado sozinho, olhando para o chão.

      — Jão... o que houve? — perguntou Pedro, preocupando-se ao ver a expressão devastada no rosto de Jão.

      — Você... você e aquele... aquele vagabundo... — Jão conseguiu dizer entre respirações trêmulas.

      Pedro sentiu o peso das palavras e a dor no olhar de Jão. Sentou-se ao lado dele, tentando encontrar as palavras certas.

      — Jão, eu... eu não sabia o que estava acontecendo. Eu estava confuso e, e o Leo estava lá...

      Jão balançou a cabeça, incapaz de ouvir mais. — Eu vim aqui para te dizer que ainda te amo, Pedro. E você... você estava com outro.

      Pedro tentou tocar a mão de Jão, mas ele se afastou. — Jão, por favor, me escuta. Eu não queria te machucar. Eu ainda te amo também.

      — Se você me amasse, não teria me traído assim — Jão disse, levantando-se e se afastando.

      Pedro ficou ali, sozinho, sentindo a culpa e o arrependimento o esmagarem. A noite que deveria ter sido de reencontro e alegria se transformou em mais um capítulo doloroso na história deles.

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