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Droga, droga, droga, eu pensava enquanto me levantava num salto da cama, vesti a primeira roupa que encontrei no armário. O relógio marcava 09h, o horário exato em que eu deveria estar no aeroporto para buscar a tão aguardada médica. Não podia me atrasar novamente, não estava pronta para enfrentar os gritos do meu pai.

Lane Bishop, meu pai, comandava uma empresa de gestão hospitalar e possuía a maioria dos hospitais em Seattle, especialmente o Grey Sloan, onde meu problema começava. Antes de tudo, preciso deixar claro que não sou médica. Talvez esse fosse o sonho do meu pai, mas nem tive a chance de passar nas provas. Estava mais preocupada com treinos e corridas, tendo sido atleta por 12 anos, chegando a ser medalhista olímpica. O esporte era minha vida até que, há 11 meses, um acidente encerrou minha carreira de forma abrupta.

— Maya — a Dra. Torres se sentou na minha frente, expressando preocupação.

— Pode falar o que for, Torres. Eu aguento — encarei ela firmemente; precisava entender a gravidade da situação.

— Você teve uma lesão cartilaginosa, uma das piores, se não a pior — ela falou com delicadeza, tentando me manter calma.

— Por quanto tempo ficarei fora? — perguntei, sentindo um nó na garganta. As Olimpíadas estavam tão próximas.

— Maya — ela respirou fundo, se levantando e percorrendo a sala — Nenhum atleta voltou a correr após essa lesão.

A frase ecoava em minha mente diariamente, o amargor de todo o esforço destruído por um motorista inconsequente que me atropelou durante uma corrida matinal. Naquele dia, perdi mais do que a carreira; perdi tudo. Minha vida, meus amigos, meu apartamento, o controle total da minha existência. Voltar a morar com meus pais era a pior parte.

Mas retornando ao assunto principal, meu pai e o hospital que dominaram minha vida nos últimos meses, consultas, fisioterapia e médicos. Bom, você não pode ne julgar o sexo se tornou minha única forma de diversão, uma aventura deliciosa até a desgraçada da Lucy Fields se apaixonar por mim. Não gostava de iludir ninguém, mas ela não soube lidar com a rejeição, se demitindo do hospital alegando que eu a tinha usado e quebrado seu coração.

E é por esse motivo que estou encarregada de buscar a possível nova obstetra no Grey Sloan no aeroporto, com as palavras severas do meu pai ecoando: "Já tive prejuízos demais com você, Maya. Dessa vez, precisa fazer a coisa certa. Se essa mulher não aceitar trabalhar no hospital, não importa a razão que ela der, a culpa será sua."

Eu sai com o carro torcendo para que não tivesse nenhuma polícia pelo caminho eu ainda não estava liberada oficialmente para dirigir, mas não iria perder tempo procurando um táxi já estava mais que atrasada.

Mais um problema para o meu dia que já estava incrível, eu não fazia ideia de como era a cara dessa médica, deveria ser uma velha insuportável, observei uma mulher encontrar o motorista com a plaquinha informando seu nome e corri até eles.

— Você pode me emprestar o papel? — falei puxando da mão dele que me encarava confuso — Já se acharam né? — olhei dele para a mulher — Bem vinda a Seattle, Sra. Penderghast.

Tateei os bolsos procurando uma caneta que era óbvio que não tinha, mas encontrei um batom provavelmente da minha mão escrevendo na parte traseira do papel "DRA CARINA DELUCA". Mas eu literalmente tive a certeza que esse não era o meu dia quando a porta se abriu trazendo uma corrente de vento que levou a folha até a esteira das malas.

— Mais que inferno de dia — corri até a esteira tentando alcançar o papel, eu não podia perder essa mulher no aeroporto de maneira nenhuma.

Subi na esteira enquanto todos me olhavam como se eu fosse louca, eu precisava daquilo mais do que tudo.

Amizade Colorida - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora