fifty four

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Saí da clínica sentindo o sol quente da Sicília bater nas minhas costas, o dia estava perfeito mas minha cabeça estava a mil. Com o celular na mão abri o aplicativo de transporte para pedir um Uber, enquanto esperava abri novamente a mensagem da Jules que fez o meu estômago afundar.

"Precisamos conversar urgente, espero que você não fique com raiva."

Minha mente começou a voar, pensando no que poderia ser tão urgente eu tinha pedido para ela não se envolver mais na questão com James, eu não estava pronta para mexer nessa ferida não agora, não enquanto estou tentando viver respirar ser feliz com Carina, mas sabia que não poderia ignorar por muito tempo.

O Uber chegou e eu entrei rapidamente, sentando no banco de trás, puxando a respiração antes de ligar para Jules, minha mente já cheia de perguntas.

— Jules, o que você fez? — perguntei assim que ela atendeu sem rodeios e ela hesitou por um segundo, o que só aumentou minha irritação.

— Maya, eu sei que você vai ficar brava, mas só me ouve, por favor — ela começou com a voz cautelosa.

— Fala logo, Jules

— Lembra que você me contou tudo sobre o James? Sobre o que ele fez? — ela pausou e eu cerrei os dentes, já adivinhando onde isso ia dar. — Eu passei as informações para um advogado que eu conheço — ela falou e minha cabeça começou a girar.

— Jules, eu pedi pra você não se meter nisso! — minha voz estava mais alta do que eu pretendia e o motorista do Uber olhou pelo retrovisor.

— Eu sei! — Jules se defendeu rapidamente. — Mas escuta, esse advogado não tem nenhuma conexão com o James, ele não sabe de nada e eu só queria te ajudar, Maya... eu sinto como se isso fosse minha culpa.

— Eu não te pedi pra me ajudar dessa forma, Jules! você não tem culpa nenhuma nisso — eu falei tentando acalmar meu coração disparado. — Não era o momento pra isso.

— Eu sei, mas... o advogado já iniciou o processo — ela disse com a voz cheia de cautela. — E o James já recebeu a intimação — eu me afundei no banco o ar pesando nos meus pulmões.— Ele não quer ir até o final com isso, quer um acordo.

— Um acordo? — minha voz saiu trêmula, o que ele estava planejando agora? — Ele vai pagar tudo que me roubou? ou isso é só mais uma tentativa de me silenciar?

— Eu ainda não sei todos os detalhes, mas... parece que ele quer negociar para evitar qualquer exposição, não quer um escândalo público, isso é uma boa coisa, Maya.

Meus pensamentos estavam em um redemoinho, parte de mim queria acabar com isso de uma vez e ter o meu patrimônio e a minha dignidade de volta, mas a outra parte só queria esquecer que esse inferno existia, pelo menos durante essa viagem, estava ali com a Carina tentando focar no presente, tentando criar algo sólido e real, e agora... isso.

— Jules, eu... posso te responder no final do dia? — perguntei tentando ganhar algum tempo. — Eu não consigo pensar nisso agora, não quero estragar essa viagem.

Ela fez uma pausa mas depois respondeu, com mais suavidade.

— Claro, Maya eu entendo, me avisa quando estiver pronta.

Desliguei o celular assim que o Uber estacionou em frente à casa de Carina e Andrea, respirei fundo e coloquei o celular de volta no bolso, tentando forçar minha mente a desligar desse assunto por algumas horas, assim que desci do carro vi Andrea saindo pela porta da frente e ele deu um sorriso ao me ver e jogou as chaves do carro para mim.

— Aqui, Maya, pode usar o carro hoje, sem problemas.

— Obrigada — respondi pegando as chaves e tentando parecer mais relaxada do que eu realmente estava.

Ele assentiu e saiu pelo portão e eu subi as escadas em direção ao quarto, cada passo mais pesado que o anterior, assim que entrei no quarto me joguei na cama olhando para o teto. Tentei limpar a mente mas tudo que eu conseguia pensar era no James, no passado, em tudo o que ele tinha tirado de mim.e foi então que algo me veio à mente e eu dei um sorriso involuntário.

Levantei da cama de repente e abri a mala que estava no canto do quarto, remexi nas minhas roupas até encontrar a pequena caixinha que estava no fundo, escondida sob algumas camisetas, meu coração começou a bater mais rápido enquanto a pegava.

O anel de solitário da minha família.

Passei os dedos pela caixa por um segundo antes de abrir ela, o anel era simples, delicado mas cheio de significado, ele tinha passado de geração em geração na minha família, de mãe para filha até que um dia meu pai me mandou vender, eu menti dizendo que tinha vendido dei o dinheiro para ele mas nunca consegui me desfazer do anel e agora ele estava aqui, nas minhas mãos.

Fechei os olhos por um segundo imaginando Carina usando o anel, eu a amava eu sabia disso com cada fibra do meu ser e essa ideia de oficializar nosso relacionamento me fez sorrir.

Peguei o celular novamente e abri o aplicativo de conversas procurando o nome da Andy.

"Andy, acho que vou pedir a Carina em namoro oficialmente."

Olhei para a tela por alguns segundos, hesitando, antes de apertar "enviar". meu coração estava acelerado, mas pela primeira vez em muito tempo eu sentia uma calma dentro de mim, sabia que esse era o passo certo e também sabia que apesar de tudo o que aconteceu no passado, Carina era a pessoa que eu queria ao meu lado.Agora era só esperar o momento certo.

Amizade Colorida - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora