fifty eight

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Depois que Vicenzo finalmente foi embora eu soltei um suspiro de alívio, o clima tenso que tinha pairado sobre a casa desde sua chegada parecia ter diminuído mas quando olhei para Carina, percebi que algo ainda não estava certo, ela estava sentada no sofá o corpo completamente relaxado mas seus olhos denunciavam uma exaustão mental profunda. Eu conhecia aquela expressão, era o jeito de Carina de segurar as pontas até que tudo passasse até que estivesse sozinha para desmoronar.

Sem dizer nada eu me aproximei e me sentei ao lado dela passando a mão gentilmente por suas costas. Ela fechou os olhos ao toque mas não disse nada, apenas respirou profundamente, como se estivesse tentando se manter firme por mais um segundo.

— Hey — eu murmurei suavemente inclinando meu corpo na direção dela. — Vamos cuidar de você agora.

Ela abriu os olhos e me olhou com um olhar cansado, sem protestar mas claramente sem energia para concordar verbalmente, eu sabia que ela estava exausta demais para sequer argumentar e estava mais do que disposta a ser a força que ela precisava naquele momento.

Segurei sua mão e a puxei suavemente para fora do sofá.

— Vem comigo amor — eu disse, minha voz baixa tentando transmitir a calma que eu sabia que ela precisava.

Nós caminhamos em silêncio até o banheiro e eu comecei a preparar um banho quente. Enquanto a água enchia a banheira eu me virei para Carina e comecei a desabotoar sua blusa, movimento por movimento até que o tecido caísse de seus ombros, ela me olhou com uma mistura de cansaço e gratidão sem precisar dizer nada. Depois de tirar o restante de suas roupas, ajudei ela a entrar na água morna.

Ela suspirou assim que seu corpo tocou a água e eu pude ver seus ombros finalmente relaxarem. Peguei uma pequena esponja e comecei a passar sobre sua pele com movimentos lentos e suaves, lavando cada centímetro de seu corpo com todo o cuidado que eu conseguia reunir. Eu queria que ela se sentisse amada, protegida, e que pudesse se entregar ao momento.

— Está tudo bem agora, Carina — eu sussurrei, enquanto passava a esponja delicadamente pelos seus braços e depois pelas suas costas. — Eu estou aqui com você.

Ela não respondeu, mas inclinou levemente a cabeça para o lado, sinal de que estava se entregando ao meu cuidado.

Depois de lavar seu corpo comecei a lavar seu cabelo esfregando o couro cabeludo com delicadeza deixando que a água quente relaxasse seus músculos, passei os dedos por seus fios com cuidado massageando seu couro cabeludo e ouvi um leve murmúrio de aprovação sair dos seus lábios.

— Isso é bom — ela disse quase em um sussurro.

Sorri ao ouvir sua voz e continuei a lavar seu cabelo enxaguando cada fio até que estivesse limpo e macio.

Quando terminei, ajudei ela a sair da banheira e a enrolei em uma toalha macia, secando seu corpo gentilmente, ela estava tão quieta, tão entregue que meu coração apertou, eu queria fazer mais por ela queria tirar toda a dor e o cansaço que eu sabia que ela estava sentindo.

— Vamos para a cama — eu disse suavemente, guiando ela até o quarto, fiz com que ela se sentasse na cama enquanto eu pegava um óleo de massagem que eu sabia que ela gostava. Coloquei um pouco nas minhas mãos e comecei a massagear seus ombros sentindo seus músculos tensos sob meus dedos, a cada movimento eu sentia o corpo dela relaxar um pouco mais.

— Você manda muito bem nisso, sabia? — Carina disse com a voz abafada pelo travesseiro.

Eu ri baixinho.

— Só quero que você se sinta bem — respondi movendo minhas mãos para as suas costas, pressionando levemente em cada ponto de tensão que eu encontrava.

Ela soltou um longo suspiro enquanto eu trabalhava nos nós de tensão que se acumulavam em seus ombros e pescoço, não era só o cansaço físico eu sabia que era emocional também e meu objetivo naquela noite era fazer com que ela esquecesse mesmo que por um momento, de toda a pressão que carregava.

Depois de terminar a massagem vesti Carina com uma camisola confortável e deitei ela na cama. Ela parecia estar quase adormecida, mas eu sabia que ainda faltava uma coisa.

— Vou fazer algo para você comer, ok? — Eu disse suavemente acariciando seu cabelo, ela apenas murmurou algo inaudível em resposta o que me fez sorrir. Ela estava exausta.

Fui para a cozinha e comecei a preparar uma sopa simples, mas cheia de afeto com caldo de legumes, batatas e um pouco de frango desfiado, cozinhei cada ingrediente com cuidado, mexendo devagar o cheiro suave e reconfortante da sopa se espalhando pela casa. 

Depois que terminei de preparar a sopa, me lembrei de como minha mãe costumava fazer essa receita para mim quando eu era criança, era a maneira dela de me reconfortar quando eu estava doente ou quando as coisas estavam difíceis e sempre trazia uma sensação de segurança e eu queria que Carina sentisse isso agora, coloquei tudo com carinho numa tigela e voltei para o quarto.

Carina estava meio adormecida mas ao sentir o cheiro familiar da sopa seus olhos se abriram lentamente e ela tentou se sentar.

— Fiz algo que sempre me fez sentir melhor — eu disse sorrindo, sentando do lado dela e entregando a tigela.

Ela aceitou a sopa com um olhar de gratidão mas também de surpresa como se não estivesse acostumada a ser cuidada dessa forma, observou a tigela por um momento e então, começou a tomar a sopa devagar, saboreando cada colherada. Eu fiquei do lado dela observando com carinho enquanto ela terminava.

Quando Carina pousou a tigela vazia no criado mudo ela olhou para mim com os olhos ainda meio sonolentos mas brilhando com algo novo, algo mais suave.

— Obrigada, bella — ela sussurrou sua voz baixa e cheia de emoção. — Ninguém nunca cuidou de mim assim antes.

Eu a olhei confusa.

— Como assim? — perguntei suavemente acariciando seus cabelos úmidos ainda tentando entender o que ela estava querendo dizer.

Ela deu um sorriso tímido uma mistura de melancolia e alívio.

— Eu sempre fui aquela que cuida dos outros — Carina disse sua voz carregada de uma leve tristeza. — Primeiro da minha mãe, depois do meu pai, do Andrea... e agora dos meus pacientes. Eu cuido de todo mundo. — Ela fez uma pausa e me olhou profundamente. — Mas nunca senti que alguém cuidasse de mim desse jeito, tão... genuinamente.

Meu peito apertou ao ouvir isso, era difícil imaginar que alguém tão maravilhosa e generosa como Carina pudesse ter passado tanto tempo sem receber o mesmo cuidado e carinho que ela dava aos outros, coloquei a mão no seu rosto meu polegar acariciando sua pele suavemente.

— Você merece ser cuidada — eu disse com firmeza. — E eu vou estar aqui pra fazer isso, sempre.

Ela piscou tentando conter as lágrimas que se formavam em seus olhos e encostou a cabeça no meu ombro.

— Isso é tão... diferente eu nem sabia que precisava disso até você fazer aquela vez na confusão na clinica.

Abracei ela com força sentindo o calor do seu corpo junto ao meu.

— Sempre que precisar eu vou estar aqui cuidando de você — sussurrei no seu cabelo com a certeza de que não havia nada que eu não fizesse por ela.

Carina sorriu suavemente contra meu ombro e suspirou, relaxando mais em meus braços, ela se aconchegou em mim fechando os olhos finalmente se permitindo ser cuidada.

E naquele momento eu soube que mais do que nunca eu faria de tudo para que ela nunca mais se sentisse sozinha ou sem esse tipo de carinho ela cuidava do mundo e eu estava aqui para cuidar dela.

Amizade Colorida - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora