thirty eight

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Chegamos ao hospital e  a visão era caótica, manifestantes estavam dentre e fora da clínica, gritando e segurando cartazes com mensagens de ódio, a polícia e a segurança estavam tentando conter os manifestantes, mas a multidão estava crescendo e se tornando mais agressiva. A cada som de vidro quebrando ou grito meu coração batia mais forte, eu tinha que me concentrar e fazer o meu trabalho mas a preocupação com Carina estava me consumindo.

— Maya, você precisa ficar aqui fora e ajudar na triagem — Andy ordenou me olhando seriamente.

Eu assenti, tentando não deixar a preocupação transparecer em meu rosto, Carina estava lá dentro e eu tinha que confiar que ela estava bem. 

— Vamos manter a calma e ajudar quem precisar de assistência médica aqui fora — Andy continuou, e todos assentimos, preparados para agir.

Eu observava a clínica, meus olhos fixos na porta e foi quando eu ouvi alguém gritar que os manifestantes que tinham invadido a clínica e estavam agredindo os médicos meu corpo reagiu antes mesmo que eu pudesse pensar, eu precisava entrar lá, precisava ter certeza que Carina estava bem.— Maya, espere! — Andy gritou quando comecei a correr em direção à clínica. — Você não pode entrar lá! Você ainda não é uma bombeira formada, não tem autorização.

— Eu preciso ir, Andy! Carina está lá dentro! — gritei de volta explodindo em desespero.

Os policiais tentaram me impedir, mas eu não fui medalhista olímpica à toa, desviei deles com agilidade o meu foco único era chegar até Carina, empurrei uma porta que estava entreaberta e entrei na clínica, o caos era absoluto eles estavam quebrando tudo, o som de vidro estilhaçando e gritos enchendo o ar. Meus olhos procuravam por Carina desesperadamente e então eu a vi. 

— Carina! Estou aqui. Vai ficar tudo bem — falei minha voz tremendo de preocupação.

Ela estava em estado de choque, seus olhos cheios de pânico eu tentei segurar suas mãos, mas ela estava tremendo tanto que não conseguia se acalmar.

— Não consigo... não consigo... — ela repetia, sua respiração rápida e superficial.

— Sim, você consegue meu amor, eu estou aqui e vamos sair daqui juntas — disse tentando manter a calma na voz.

Ela me olhou, seus olhos cheios de medo e confusão. Eu sabia que precisava tirar ela dali, a peguei no colo, ignorando seus protestos, e comecei a correr em direção à saída, atravessamos o corredor, desviando dos destroços e dos manifestantes ainda furiosos e finalmente, chegamos à saída, onde a polícia e os bombeiros estavam tentando restaurar a ordem. Não parei até estarmos a uma distância segura da clínica. Quando finalmente a coloquei no chão, suas pernas fraquejaram e eu a segurei, mantendo ela de pé.


— Você está segura agora respira fundo Carina — disse segurando seu rosto com os olhos fixos nos dela.

Ela tentou seguir minhas instruções, inspirando e expirando lentamente. Aos poucos, vi a crise de pânico começar a diminuir. Ela ainda estava tremendo, mas a presença dela me ajudava a recuperar algum controle.

— Eu estava tão assustada — ela admitiu, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu sei mas você foi incrivelmente corajosa lá dentro, você protegeu seus pacientes, fez o que pôde — respondi, minha voz cheia de carinho enquanto acariciava seu rosto.

— Eles quase... — ela começou mas sua voz falhou.

— Eu sei, mas você está segura agora e todos estão trabalhando para garantir que isso não aconteça novamente. Eu não vou deixar ninguém te machucar — falei puxando ela para um abraço apertado.


Segurei Carina com força, sentindo meu próprio corpo relaxar um pouco agora que sabia que ela estava segura, eu estava tão preocupada com ela e ver o estado em que ela estava só fazia minha raiva crescer, ninguém tinha o direito de tocar nela, de machucar ela e eu faria tudo o que fosse necessário para a proteger. O caos havia finalmente diminuído, eu estava ao lado de Carina, segurando sua mão firmemente enquanto ela tentava recuperar o fôlego eu sentia meu próprio corpo tremer de raiva e alívio a imagem dela tão vulnerável e assustada estava gravada na minha mente.

— Dra DeLuca? — um policial se aproximou de nós interrompendo meus pensamentos.

— Sim, sou eu — Carina respondeu.

— Precisamos do seu depoimento sobre o que aconteceu aqui hoje — o policial disse.

Olhei para Carina, que assentiu levemente eu sabia que ela precisava fazer isso, mas a ideia de deixar ela sozinha, mesmo que por um momento me deixava ansiosa.

— Eu vou buscar um pouco de água para você, ok? — falei tentando manter minha voz calma.

— Obrigada, Maya — ela respondeu me dando um pequeno sorriso.

Soltei sua mão e andei até a área onde estavam distribuindo água para os envolvidos, peguei uma garrafa e comecei a voltar para onde Carina estava, no caminho ouvi gritos e xingamentos vindos de um grupo de policiais que escoltavam um manifestante algemado em direção a um carro de patrulha.

— Assassina de bebês! Imigrante de merda! — o homem gritava, seu rosto cheio de ódio.

Eu parei no meio do caminho meu coração disparando de raiva, vi Carina ainda falando com o policial mas claramente ouvindo os xingamentos, algo dentro de mim estalou naquele momento eu não podia deixar isso passar e sem pensar fui em direção ao manifestante o sangue fervendo em minhas veias.

— Você não tem o direito de falar assim dela! — gritei.

O homem riu cheio de desprezo, eu não conseguia me controlar e antes que alguém pudesse me parar meu punho encontrou o rosto dele com toda a força que eu tinha ele cambaleou para trás, surpreso e atordoado, enquanto os policiais ao redor tentavam me afastar.

— Sua assassina! — ele continuou a gritar, mesmo com o rosto ensanguentado.

— Maya! Pare! — ouvi Andy gritar, correndo em minha direção junto com outros colegas bombeiros.

Eles me seguraram tentando me afastar do manifestante, senti mãos fortes me puxando mas minha raiva ainda fervilhava minha respiração pesada e descontrolada.

— Ninguém toca nela, ninguém fala assim dela! — gritei lutando contra os braços que me seguravam.

—Bishop calma! — Jack insistiu a voz dele firme. — Você precisa se acalmar.

Tentei me soltar, mas eles seguraram firme, olhei ao redor ainda ofegante meus olhos procurando por Carina e vi ela se aproximando com a expressão preocupada.

Bambina olha para mim — ela disse com a voz suave mas urgente.

Ela se aproximou, colocando suas mãos em meu rosto me forçando a olhar nos olhos dela.

— Estou bem, estamos seguras agora olha pra mim, foca só em mim — ela disse seus polegares acariciando meu rosto.

— Ele não tinha o direito de falar assim de você — sussurrei sentindo minhas lágrimas começarem a escorrer.

— Eu sei amore mio, mas não vale a pena, ok? — ela respondeu seus olhos ainda fixos nos meus.

Respirei fundo, tentando me acalmar, Jack e Andy relaxaram a pressão sobre meus braços, percebendo que eu estava começando a me controlar, Carina continuou a segurar meu rosto, me mantendo focada nela.

— Vamos sair daqui. —falei.

Ela assentiu e eu suspirei sentindo minha raiva finalmente a ir embora, Carina segurou minha mão e começamos a nos afastar de lá.

— Desculpe por ter perdido o controle — falei enquanto caminhávamos.

— Você só estava me protegendo bella, eu agradeço por isso — Carina respondeu, apertando minha mão com mais força.



Amizade Colorida - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora