forty one

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Levei Carina até o quarto com cuidado, ajudando ela a se deitar na cama, ela parecia exausta e ainda tremia um pouco. Eu me inclinei para dar um beijo em sua testa, sussurrando:

— Vou cuidar de você, prometo.

Ela me olhou com olhos cansados, mas cheios de confiança, deixar ela ali sozinha, mesmo que por um momento, me partiu o coração, mas eu precisava fazer algo. Fui para a cozinha, minha cabeça um verdadeiro turbilhão, os últimos acontecimentos ainda giravam na minha mente, e a insegurança me corroía por dentro. Fervi água e preparei um chá, tentando me concentrar na tarefa simples para afastar meus pensamentos, a chaleira apitava, ecoando pela cozinha vazia, quase como se estivesse sincronizada com minha mente caótica.

Voltei ao quarto com a xícara nas mãos e sentei na beirada da cama. Carina estava encolhida sob o edredom, seus olhos fixos em mim.

— Obrigada pelo chá, Maya — ela sussurrou, sua voz fraca mas cheia de gratidão. — Deita aqui comigo, por favor.

— Estou suja, Carina — eu disse, hesitante. — Não quero te incomodar.

— Por favor bambina, eu preciso estar nos seus braços para me sentir segura — Carina respondeu sua voz um pouco mais firme.

Suspirei, tirando os tênis e a calça do uniforme, deslizei para debaixo do edredom ao lado dela, sentindo o calor do seu corpo. Carina colocou a xícara na mesa de cabeceira e se aconchegou em meus braços, ainda tremendo, apertei ela com mais força, tentando passar segurança.

— Vou te proteger, Carina eu prometo — murmurei, beijando seu queixo.

— Eu sei, bella — ela respondeu, sua voz suave, antes de beijar meu queixo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando a proximidade e tentando nos acalmar. Mas então, o desejo de confortar ela de alguma forma tomou conta de mim, beijei ela suavemente, e o beijo logo se intensificou e eu desci minha mão pela sua barriga, mas Carina segurou minha mão, interrompendo o gesto.

— Eu não quero —Ela disse com a voz trêmula.

— Desculpa — pedi, recuando imediatamente. — Eu só queria fazer você se sentir bem, é a única forma que eu conheço.

Olhei para ela e vi seus olhos cheios de lágrimas, meu coração se apertou com a visão. Carina se aproximou e me abraçou forte, sua voz um sussurro urgente.

— Só sua presença já me faz sentir bem, Maya você é um ser humano maravilhoso e precisa parar de se diminuir.

Eu me senti um tanto vulnerável ao ouvir aquelas palavras. Carina mesmo precisando de conforto estava me segurando com uma força que eu não sabia que precisava. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto antes que eu pudesse deter elas.

— Desculpe de novo — falei minha voz cheia de arrependimento.

Carina colocou o dedo nos meus lábios, pedindo para eu parar de pedir desculpas.

— Não precisa se desculpar tanto, Maya — ela disse, me olhando com carinho  — Estou confusa sobre a intensidade dos meus sentimentos, mas são grandes e fortes.

Eu tremia, não por causa do medo, mas pela carga emocional que estava se desenrolando entre nós. Suas palavras me atingiram como uma maré avassaladora, trazendo à tona tudo o que eu tinha mantido escondido, era uma mistura de esperança e medo, uma sensação que eu não sabia como processar.

— Você não precisa dizer isso só porque eu me declarei — respondi. 

— Estou dizendo isso porque acho que amo você — Carina falou, sua voz cheia de sinceridade e também medo.

Eu senti um nó se formar na minha garganta, havia algo tão profundamente real em suas palavras que eu não pude evitar a sensação de que algo  estava acontecendo. Olhei para ela, meus olhos se encontrando com os dela, havia uma vulnerabilidade ali que me tocou profundamente e eu sorri, um sorriso triste, mas cheio de esperança, Carina estava sendo honesta.

— Eu também te amo, Carina, mais do que eu posso expressar — sussurrei, minha voz falhando com a emoção.

Ela me olhou  e um sorriso suave se formou em seus lábios.

— Vamos entender isso juntas — ela disse, segurando meu rosto com suas mãos.

Aquele momento, naquela cama, com Carina em meus braços, foi um dos mais intensos e sinceros da minha vida e eu sentia que, apesar de todas as dificuldades e desafios, nós duas encontraríamos uma forma de fazer isso dar certo. E isso, por si só, já era um grande conforto.

Amizade Colorida - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora