Andávamos pela cidade depois do almoço, o sol da tarde refletindo nas ruas de pedra e o cheiro de mar salgado ao longe, eu sentia a brisa suave no meu rosto, mas não conseguia deixar de perceber a inquietação de Maya ao meu lado, ela estava tentando disfarçar como sempre fazia quando algo a incomodava, mas os pequenos sinais estavam lá. Suas mãos mexendo no cabelo e os olhos que desviavam vez ou outra. Eu conhecia Maya o suficiente para saber que algo estava errado e não aguentei mais resistir sem perguntar, era mais forte que eu.
— Bella, o que está acontecendo? — perguntei parando por um segundo e puxando ela levemente pelo braço para que ela olhasse para mim. — Você está estranha desde a clínica, aconteceu alguma coisa?
Ela suspirou profundamente olhando para mim por um segundo antes de desviar o olhar para o chão, não era do estilo dela fugir de uma conversa simples, então eu sabia que o assunto era delicado.
— Sim, aconteceu... mas eu não quero falar sobre isso agora. — ela falou e sua voz estava calma mas havia um peso nela que eu não conseguia ignorar. — Não quero estragar o nosso dia Carina — eu toquei sua mão, tentando transmitir segurança e paciência.
— Quando você quiser falar eu vou estar disponível pra te ouvir, eu sempre estarei aqui.
Ela me olhou com um pequeno sorriso, aquele que me derretia por dentro mesmo quando ela estava claramente carregando algo nos ombros. Continuamos andando pelas ruas até avistarmos uma sorveteria, era uma sorveteria que eu conhecia bem cheia de história e tradição e eu decidi que seria uma boa parada para nós, quando entramos, Maya analisou os sabores, aparentemente distraída até que decidiu pegar o de baunilha e eu não consegui evitar uma pequena provocação.
— Baunilha? Sério? — olhei para ela com uma sobrancelha levantada claramente brincando. — Amore, isso é tão... simples — ela riu, aquele som leve e descontraído que sempre me fazia sorrir.
— O que eu posso dizer? Sou básica.
— Muito básica — brinquei, rindo também.
Pedi meus sabores favoritos, pistache e limão e nós nos sentamos em uma mesa externa, aproveitando o clima agradável do lado de fora, assim que nós sentamos eu comecei a falar sobre a sorveteria e sua história, algo que sempre gostei de compartilhar, especialmente sobre a cultura da minha cidade. Logo percebi Maya me olhando com um sorriso bobo nos lábios, ela não dizia nada, apenas me observava atentamente e de repente, me senti tímida.
— Por que você está me olhando assim? — perguntei, tentando disfarçar o leve rubor em meu rosto.
— Porque eu amo ouvir você falar. — Maya respondeu sem hesitação. — A paixão que você tem pelas coisas... é lindo.
Eu ri nervosamente ainda sentindo o olhar dela em mim mas por dentro meu coração estava derretendo.
— E a forma como você presta atenção em tudo o que eu digo, como você se interessa pelos meus assuntos... — eu falei de repente mais honesta do que pretendia. — Foi isso que me conquistou, Maya.
Ela me olhou nos olhos e com uma expressão sincera e apaixonada, disse.
— Tudo sobre você é interessante, Carina. Você é a mulher mais fascinante que eu já conheci — ela falou e eu balancei a cabeça rindo mas ao mesmo tempo tentando esconder o quanto isso me tocava.
— Você não pode falar isso. — sorri sentindo meus olhos começarem a se encher de lágrimas. — Você é super viajada, conhece o mundo, inteligente, olímpica! — eu falei e Maya deu os ombros.
— Sim, mas eu viajei sempre por competições, nunca parei para apreciar a beleza dos lugares, nunca vivi esses momentos, essas experiências só gora com você eu realmente estou vivendo e é incrível, ser leve com você... é algo que nunca pensei que fosse possível.
Eu sorri sentindo meu coração inflar de amor por essa mulher que por trás de toda sua força e confiança, era tão vulnerável e sincera comigo.
— Nós temos o mundo inteiro para conhecer juntas. — falei com a voz baixa sentindo as lágrimas prestes a cair, mas de pura felicidade e ela sorriu de volta e naquele momento, tudo parecia estar no lugar certo.
Continuamos conversando trocando carinhos e risadas, aproveitei um momento de distração dela acabei brincando e colocando um pouco de sorvete no nariz dela, ela fez uma careta mas logo explodiu em risadas, e eu ri junto me sentindo leve do que há muito tempo.
No meio desse momento um homem se aproximou da nossa mesa, ele tinha uma câmera pendurada no pescoço e um sorriso gentil.
— Desculpem a interrupção — ele falou em italiano, olhando para nós duas. — Capturei uma foto de vocês agora há pouco, estava tão espontânea e linda que achei que vocês poderiam gostar.
Ele nos entregou uma foto impressa e meu coração quase derreteu, na imagem eu estava colocando sorvete no nariz de Maya, e as duas ríamos como crianças, a foto capturava perfeitamente a leveza do momento a felicidade genuína.
— Grazie mille — agradeci genuinamente encantada com a imagem. — Está perfeita, quanto é pela foto? — perguntei, já tirando minha carteira da bolsa.
O homem fez um gesto com a mão como se dissesse que não era nada, mas eu insisti em pagar, ele merecia, pela beleza que havia nos dado, assim que ele se foi Maya olhou para a foto ainda sorrindo.
— Essa é uma das melhores fotos que já tiraram de mim — ela disse e eu concordei.
Nós guardamos a foto com cuidado sabendo que ela representava muito mais do que aquele momento era uma lembrança de que mesmo com todas as incertezas e preocupações, nós estávamos vivendo algo bonito e real e era apenas o começo.
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Amizade Colorida - Marina
FanfictionCarina DeLuca, uma renomada obstetra italiana que se encontra no auge de sua carreira e confortável em sua vida na ensolarada Sicilia. Enquanto isso, Maya Bishop, uma dedicada ex-atleta americana é encarregada de uma missão desafiadora: persuadir a...