Hitamos.

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— Você ficou brava porque eu te chamei para a roda? — Lila questionou tentando descobrir se havia passado do ponto com ela, já que na volta a mulher estava bem mais calada do que costumava ser. — Está chateada comigo?

Em um certo dia, Dalila havia sido convidada a fazer parte de uma aula de capoeira na antiga instituição onde seu pai costumava atuar, para relembrar seus velhos tempos. Ela aceitou o convite e sua esposa também aceitou ir junto, só não esperava que teria a surpresa de ter que dançar.

Na primeira oportunidade que teve, Lumanda até foi chamada para entrar, quando disseram que ela podia convidar alguém, a primeira pessoa em que olhou e se aproximou foi Elizabeth. Ela gostaria de uma revanche da brincadeira que haviam feito na roça e é claro que no meio de todo mundo, a loira não ia recusar, nem sequer foi uma opção.

Chocaram as pessoas que descobriram naquele momento que as duas sabiam lutar e então a roda pegou fogo porque as convidadas ajudaram a esquentar. Elizabeth ainda pôde lutar com mais outras pessoas que a desafiaram e ainda teve o prazer de ver sua esposa relembrar seus tempos de maculelê, sentiu a aflição e o medo de ela ser acertada por um daqueles bastões.

Não bastando, para piorar e mostrar que ainda sabia, Lila aceitou a proposta de demonstrar algo com os facões que haviam ali, deixados de herança pelo seu pai. Ela se apossou deles como se fossem dela e conseguiu dar o que todo mundo queria ver, um belo show. Se sentiu honrada e agradeceu por toda a receptividade daquele pessoal, até prometeu que retornaria em algum outro momento junto a sua esposa.

— Não, nem um pouco. — Respondeu tranquilamente apanhando um copo de água e bebendo enquanto encarava a mulher negra trajada naquela calça branca com seu cinto de graduação pendurado.

— É que você ficou mais quieta depois de tudo, achei que iria voltar comentando sobre a noite. — Compartilhou do seu pensamento, se aproximando e apanhando o mesmo copo que ela para beber a água.

— É que eu estava pensando em você, em você com aqueles facões do tamanho do mundo... Você não era flor que se cheire, em? Eu vi como seus olhos brilhavam, você gosta da adrenalina. — Soltou e ouviu uma gargalhada da esposa que se divertiu com o termo.

— Falou a que lutava capoeira com uma navalha no dedo do pé. — Cruzou os braços, devolvendo a pergunta para que ela lembrasse que também não era flor que se cheirasse. — Mas eu gostava sim, era minha parte preferida. — Se recostou no balcão. — Quem sabe um dia eu retorne, principalmente para o maculelê de facão, é muito raro encontrar... Só com os mestres antigos.

— Acho que vai te fazer bem sim. Vou adorar te assistir. — Concordou chegando perto dela, puxando-a pela cintura devagar, como quem não queria nada, mas querendo tudo. — Você sabia que fica muito bonita com essa calça? — Foi abaixando o seu tom de voz.

— Bonita? — Questionou semicerrando os olhos.

— Sim. — A outra respondeu aproximando os rostos enquanto colava seus corpos.

— É bonita mesmo a palavra que você quer dizer, Elizabeth? — Pareceu ler os pensamentos dela, sabia que ela tinha substituído a palavra que realmente queria usar. Apanhou-a pelo colarinho da blusa.

— É... — Ela mentiu de maneira descarada, mas vacilando.

— Largue de cinismo. — A acusou ouvindo a risada maldosa enquanto a boca se direcionava ao seu ouvido.

— Gostosa. — Sussurrou e no mesmo momento desceu suas mãos até o bumbum vantajoso dela, apertando-o. — Você fica ainda mais gostosa com essa calça. — Complementou.

— Eu logo vi que você estava encarando demais. — A fez rir, deslizando suas mãos para os ombros pálidos e apertando-os enquanto ganhava selinhos.

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⏰ Última atualização: Feb 06 ⏰

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Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora