Bolar no santo.

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— Mas é, ótimo que já esteja tudo certo com a faculdade para que você continue acompanhando tudo aqui dentro de casa. — Comentou alegremente.

— Melhor do que ficar o dia todo sem fazer nada, não é? Bom que não atrasa a minha vida. — Elizabeth respondeu, depois de ter aceitado a proposta da esposa de conversar com a universidade para que não precisasse trancar o semestre. As atividades seriam pensadas e planejadas para alguém que está em casa, assim como os conteúdos seriam disponibilizados por meio do portal.

A professora havia pensado nisso porque seria ótimo que ela ocupasse a cabeça com outras coisas e não atrasasse sua própria vida. Ela entregava o atestado e era obrigação dos professores enviar as atividades a ela.

— Meu amor, Taú mandou a lista do seu resguardo após Ebó e Bori, cadê seu celular pra eu ver? — Lila perguntou, observando ela sentada na cama, inteiramente vestida de branco.

Beth parecia estar em paz, meio alheia, mas em paz... Essa era a mágica dos trabalhos feitos, a sensação que você tem após, é de ter tirado das costas uma bolsa que pesava toneladas e você nem sabia que carregava. Apesar de ainda estar sofrendo com os ferimentos, ela não tinha mais aquele olhar preocupado com o dia de amanhã, aquele comportamento ansioso e inquieto, parecia até que minha esposa agora sentia a gratidão pela vida. E dava pra ver, dava pra ver pela forma em que ela encarava o céu azul lá de fora.

— Tá aí em cima do armário. — Avisou e a viu pegando ele.

— Que tanto de conversa é essa? Não tô me achando aqui. — Franziu o cenho. — Que nome tá meu contato? Já botei os apelidos, meus nomes e não está. — Seguia a mexer nele, fazia tempo que estavam sem conversar por internet, justamente porque moravam juntas e se viam o tempo todo agora.

— As conversas são das coisas da faculdade. — Respondeu. — Procure por "Art Nouveau". — A revelou e viu um sorriso nascer no rosto da esposa, assim como ela ficou automaticamente sem graça. — Está assim desde que percebi que estava apaixonada por você. — Admitiu e ouviu um suspiro.

— E faz quanto tempo? — Pendeu a cabeça para o lado, morrendo de vontade se beijá-la.

— Desde que te conheci. — Confessou timidamente, evidenciando que desde que Lila era somente sua professora, ainda sim o contato estava salvo daquele jeito.

— Eu te amo. — Declarou-se em sinceridade. — Achei. — Disse baixinho rolando a lista.

— E é muito grande? — Perguntou curiosa.

— A senhora está restringida de comer e beber algumas coisas. Café, milho, algumas frutas... — Listou para ela algumas proibições. — Hum... — Deixou os óculos na ponta do nariz. — Você também não pode ficar alimentando pensamentos sobre sexo e nem fazer. Durante uma semana.

— Ô não, assim acabaram com a minha vida. — Ela brincou, como se realmente pudesse fazer antes... Mas a realidade era que não relizava o ato fazia tempo. Fez a esposa rir brevemente. — O que será de mim?

— Aproveite seu celibato. — Desejou. — Nada de roupa escura também, viu.

— Agora sim foi o fundo do poço. — Levou as mãos até a cabeça, fingindo um desespero real. Não tinha muitas roupas brancas.

— Bom te ver brincar assim. — Confessou baixinho, retornando a passar ferro nas roupas de santo que vestiriam durante a festa.

— E beijo, pode? — Questionou erguendo as sobrancelhas.

— Não, nada de beijinhos ou contato físico demais. Acho que nem na mesma cama é interessante dormirmos. — A observou cruzar os braços imediatamente e fechar a expressão facial.

Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora