Perder meu pai, mesmo ele estando em vida, e ter de me reconstruir tendo uma mãe ausente, me fez perceber que não era isso que eu queria para a minha vida, muito menos para os filhos que sonhei em ter um dia.
Aos 38 anos, apenas três coisas importavam na minha vida, meus dois filhos, meu marido, e minha carreira de luta pela justiça e igualdade.
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Naquela manhã de 20 de dezembro de 2021, nova York estava nublada, e linda pelos flocos de neve que caiam por todos os cantos, deixando as calçadas e arbustos todos esbranquiçados. Dentro do meu carro parado no semáforo, eu observava tudo isso com um leve sorriso imaginado o quão sortudo era por ter uma família, filhos e um marido que me amava acima de tudo. Definitivamente eu amava aquela época, principalmente quando me deparava com casais apaixonados andando de mãos dadas pelas ruas.
Eu estava tão concentrado quando acabei acordando daquele momento de êxtase, ao sentir meu celular vibrar no bolso do meu casaco cinzento. De imediato retirei-o, antes que o semáforo abrisse, e lá estava a notificação de uma mensagem de Heitor o meu marido, dizendo que me amava e desejando um bom dia de trabalho, logo o respondi com a mesma intensidade tendo meus lábios carregados de um sorriso largo.
Logo tive a ideia de enviar-lho uma foto, e foi o que fiz ao ligar a camara frontal do celular, procurando o anglo perfeito. Meus olhos verdes, contrastavam com meu cabelo preto encaracolado, dando destaque ao meu rosto com traços leves que lembravam o meu pai Alberto, mas se tornavam intensos por conta da minha barba por fazer. enfim, havia tirado a foto perfeita, ao qual partilhei de imediato com Heitor, que prontamente respondeu-me com três corações.
Coloquei o celular de volta no bolso, e voltei minha atenção ao semáforo que parecia estar fechado a uma eternidade, nesse momento, algo chamou a minha atenção o que fez com que meu sorriso se fechasse por completo, ao meio da estrada estava uma mulher negra de aproximadamente 20 e poucos anos, gritando por socorro enquanto era puxada por um homem alto, branco, musculoso e repleto de tatuagens por todo o braço e pescoço.
Rapidamente desci do carro e corri em direção da mulher e do homem, quando lá cheguei gritei empurrando o homem fazendo com a mulher corresse atordoada para trás de mim.
― Larga ela. ― Esbravejei.
― Quem é você? ― Indagou o homem com sua voz grossa e roca.
― Se afaste e não se atreva a tentar tocá-la.
Naquele instante uma multidão juntou-se ao nosso redor, fazendo com que o homem se sentisse encurralado.
― Melhor não se meter, se não vai sobrar para você. ― Respondeu.
― Agressão contra mulher é crime, e você pode ser preso por conta disso.
― Cala boca e não se meta, essa vagabunda é minha mulher e eu posso fazer o que quiser com ela.
― ela não é um objeto, muito menos uma propriedade que você pode fazer o que bem entender e quando quiser.
― E quem você pensa que é para me impedir.
― César Cever, advogado do escritório Cever Advocacia e associados. ― Digo retirando minha carteira e colocando em frente do mesmo. ― Acho bom, o senhor pensar no que fara daqui para frente.
Naquele instante, aquele homem deu três passos para trás e de seguida disse claramente.
― Isso não ficara assim, você me paga Joana!
De seguida virou-se e correu em direção contraria, nesse momento suspirei de alívio e virei-me para trás. Joana estava se sentindo, amedrontada e chorava intensamente, tentei tocar seu ombro, no entanto, a mesma afastou-se bruscamente e disse.
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DOCE ILUSÃO
RomanceEm Nova York, Cesar é um advogado renomado, conhecido por suas causas sociais, e sócio de seu amigo Aníbal Bittencourt em um prestigioso escritório de advocacia. Sua vida parece perfeita ao lado de Heitor, com quem compartilha um casamento de 18 ano...