― Aníbal, você está aí? ― Perguntou Helena do outro lado da Linha.
Rapidamente Aníbal voltou a realidade tendo seus olhos já marejados.
― Sim, mas nós falamos depois Helena.
― Aníbal, o que aconteceu?
― Falamos depois Helena, estou cheio de trabalho agora e
― Você não gostou dessa notícia?
― Claro que não Helena, quer dizer, na verdade não me importa muito, até porque eu e o Joseph perdemos contacto a muitos anos, e convenhamos que em 18 anos muita coisa mudou, ele casou teve uma filha como você mesma disse, e nos nunca tivemos um relacionamento tão forte ao ponto de me abalar desse jeito com o retorno dele, resumindo eu nem lembrava mais que ele existia.
― Sinto um cheiro de mentira nisso, mas tudo bem Aníbal, quando quiser conversar você sabe onde me encontrar.
― Janta comigo hoje? ― Perguntou Aníbal rapidamente.
― Naquele italiano?
― Perfeito, confesso que preciso desabafar.
― Eu sabia. ― Afirmou convicta.
― Não seja convencida Helena.
Helena gargalhou e de seguida disse.
― Tudo bem, as 08 horas?
― Combinado.
Aníbal desligou o telefone, e de seguida colocou no bolso de seu casaco. Voltou a mexer nos papeis dispersos em sua mesa, no entanto, toda a sua concentração já não estava mais la, o que o fez levantar-se de sua cadeira e caminhar em direção ao aparador onde estava sua pasta de colo.
― Depois eu termino isso. ― Disse pegando na pasta e saindo porta fora.
Pouco tempo depois, Aníbal caminhava pelo Shopping olhando por todas vitrines atentamente como se quisesse comprar alguma coisa. Seus passos travaram em frente a uma vitrine de venda de artigos decorativos para casa, e sem pensar duas vezes o mesmo adentrou na loja onde começou a caminhar pelos corredores olhando por todos os artigos atentamente.
Sem que ninguém visse aos seus olhos, o mesmo pegou em um pires e colocou em sua bolsa, naquele instante um alívio tomou conta de sua consciência seguida de um misto de culpa e remorso que não foram capazes de fazê-lo recuar.
Por trás Joseph que estava na Loja com sua filha de aproximadamente 16 anos a comprar artigos para casa, ao constatar que aquele homem que estava a furtar um artigo era Aníbal, ao qual o mesmo abandonou a 18 anos atras, decidiu agir imediatamente temendo que o mesmo acabasse preso por conta das camaras que ali havia.
― Filha me espere aqui, eu volto já. ― Disse e de seguida caminhou de forma apressada em direção de Aníbal, deixando sua filha com o carinho de compras e entretida com o celular.
Ao alcançar Aníbal, o mesmo puxou pelo braço fazendo com que Aníbal arregalasse seus olhos ao se deparar com o mesmo.
― Não faça isso. ― Disse Joseph. ― A loja esta cheia de camaras e se você não quiser ser preso, sugiro que recue.
Aníbal rapidamente se desvencilhou atordoado.
― Joseph.
― Por favor, não faça isso.
― Eu não sei do que você está falando. ― Tentou mentir.
― Eu vi Aníbal, você colocando um pires na tua bolsa olhando para todos os cantos para que ninguém te visse, e se você cruzar por aquela porta tenha a certeza que isso não vai terminar aqui.
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DOCE ILUSÃO
RomanceEm Nova York, Cesar é um advogado renomado, conhecido por suas causas sociais, e sócio de seu amigo Aníbal Bittencourt em um prestigioso escritório de advocacia. Sua vida parece perfeita ao lado de Heitor, com quem compartilha um casamento de 18 ano...