A sincronização dos nossos lábios era perfeita, como se já se conhecem a bastante tempo. Meus braços aquelas alturas estavam em volta de seu pescoço e minha mente em um campo alísio repleto de rosas amarelas. Naquele campo, só nos existíamos, o tempo era estático como se fosse eterno, e todo sentido da vida, se resumia a nós, o campo, e o tempo.
Poderia meu coração carregado de dor, preencher-se por um novo sentimento? Poderia o amor que sentia por Heitor, ter acabado depois de tudo o que aconteceu? não! Definitivamente não, eu não poderia fazer aquilo, muito menos usar o Artur para esquecer o Heitor.
Rapidamente desvencilhei meus lábios da boca de Artur, tentei soltar-me de seus braços, mas ele me apertou-me junto a si.
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― Eu, eu não posso fazer isso. ― Disse Cesar Tremulo.
― Nos já fizemos. ― Afirmou Artur sorrindo.
― Isso foi um erro Artur.
― Um erro porquê?
― Eu não devia, a minha vida esta uma bagunça e eu...
― E se eu disser que você devolveu a minha vida. ―Rebateu o cortando.
Cesar arregalou seus olhos e de seguida disse.
― Não brinca assim.
Artur começou a acarinhar o rosto de Cesar, deixando-o mais envolvido em meio a aquela situação, até que o mesmo disse em tom baixo e suave, contrastando com sua voz grossa.
― Não é brincadeira, a anos eu não me sinto assim.
― Assim como?
― Vivo.
― Você tem certeza disso?
― Eu não sou homem de incertezas.
Cesar suspirou e nesse instante Artur o soltou.
― Esqueça tudo o que aconteceu aqui, e acho melhor eu ir embora. ― Disse Cesar.
― Eu abri meu coração para você, e é isso que você me diz? ― Questionou Artur incrédulo.
― E o que você quer que eu diga? Que estou apaixonado por você e que vamos viver uma linda história de amor como se estivéssemos em um conto de fadas?
― Quem falou de amor aqui? Quer saber, vai embora mesmo.
― Você é um cretino mesmo.
― Eu? Você é que é incapaz de se despir de tudo, afinal de contas o mas importante é seguir o roteiro da sociedade a risca, ou seja o tempo certo para viver o luto depois do fim do seu casamento, e porque será Cesar? por medo do que os outros vão dizer aliando aos seus próprios preconceitos moralistas, e tudo por alguém que não se importou de envergonhar você diante de todo mundo.
― Você não sabe de nada.
Artur estendeu o braço em direção a porta e de seguida disse
― Se você prefere acreditar nisso, ótimo, perfeito vá em frente.
― Eu não sou ele. ― Vociferou Cesar lacrimejando. ― são 18 anos, 18 anos de casamento e não 18 dias de um romance de dois adolescentes que não sabem nada da vida. Se esquecer tudo isso, fosse fácil como tirar um sapato ou roupa suja do corpo para trocar por outra limpa, tenha certeza Artur eu seguia por esse caminho.
Artur suspirou e de seguida virou-se para trás onde colocou suas mãos na cintura. Do canto de seu olho esquerdo pingou uma lagrima ao qual o mesmo tentou reprimir, seguida de outra e outra, que o fez falar antes que as intensidades das mesmas anulassem a casca de homem forte e inabalável, que naquele momento ele precisava transmitir para acreditar que nada do que ouviu, havia lhe atingido.
― Você tinha razão. ― Afirmou em tom suave e baixo. ― foi um erro, e por isso você pode ir embora agora, e não se preocupe eu vou apagar da minha cabeça o que aconteceu aqui e espero que você faça o mesmo.
Cesar deu dois passos para trás e nesse instante lagrimas começaram a rolar por seu rosto, de seguida virou-se e correu em direção ao exterior da oficina, onde adentrou de imediato em seu carro estacionado na calçada, ao pisar no acelerador, Artur virou ̵ se e deparou-se com a sua partida, sendo ali o momento em que o mesmo permitiu-se despir da casca ao qual havia criado para se proteger, por meio de suas lagrimas.
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Mansão de Divina
Divina estava elegantemente vestida com seu vestido branco esvoaçante, que contrastava com o preto de seu turbante e sapatos, a mesma descia as escadas, e quando chegou ao piso térreo, caminhou em direção ao quarto de Alberto, ao chegar em frente a porta do mesmo, girou na maçaneta e adentrou ao espaço, onde deparou-se com Joana a enfermeira acertando o travesseiro de Alberto, que estava de olhos abertos e um leve sorriso formado em seus lábios, o que para Divina soou estranho.
― O que você disse para ele? ― indagou Divina, no que despertou a atenção de Joana e Alberto que prontamente fechou seu sorriso.
― Umas histórias bobas dos meus filhos, Dona Divina, eu acho que o senhor Alberto ouve tudo que a gente fala, ele até sorriu a senhora acredita? Sinal que esta melhorando.
Divina gargalhou e de seguida disse.
― Eu gostaria de ser assim que nem você.
― Assim como Dona.
― Cheia de esperança, mas eu entendo você é jovem e cheia de vida, acha que a vida e um conto de fadas.
― Imagina dona, eu já vi paciente bem pior que o senhor Alberto se recuperar da noite para o dia.
― O Alberto nunca vai sair dessa cama e acho bom você colocar isso na tua cabeça, entendeu?
Assustada Joana respondeu.
―Sim, sim senhora.
― Perfeito, agora saia que eu preciso ficar um pouco com o meu querido marido.
Joana assentiu e apressou-se em sair do quarto.
Divina virou-se em direção a porta sorrindo, e de seguida voltou sua atenção a cama de Alberto.
Alberto aquela altura tinha o semblante de tristeza e medo em sua feição, Divina por sua vez sorriu maliciosamente e caminhou em direção ao lado esquerdo da cama.
― Coitada da enfermeira. ― Afirmou sorrindo com o tom aveludado na voz. ― é tão ingénua que nem imagina que você nunca vai sair dessa cama, a não ser direto para o cemitério. Eu poderia dar um fim nessa sua vida miserável o que seria um presente para você, mas eu não vou fazer isso, e sabe porque Alberto? Porque eu sinto um prazer imenso de velo aí imóvel, indefeso a merecer de qualquer coisa que eu decida fazer contra você. Esse é o castigo que você merece.
Gargalhou e de seguida retirou uma ampola e seringa da pequena bolsa dourada que trazia nas mãos. De imediato Divina, puxou toda a substância da ampola com a seringa, onde por seguinte direcionou seu olhar malicioso para Alberto, que pela feição parecia que lutar por dentro.
Naquele instante Cesar adentrou ao quarto, o que despertou a atenção de Divina.
― Divina. ― Disse Cesar deixando-a tremula enquanto estava de costas viradas.
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DOCE ILUSÃO
RomanceEm Nova York, Cesar é um advogado renomado, conhecido por suas causas sociais, e sócio de seu amigo Aníbal Bittencourt em um prestigioso escritório de advocacia. Sua vida parece perfeita ao lado de Heitor, com quem compartilha um casamento de 18 ano...