Capítulo 47

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Simone olhava para todos os cantos em silêncio, mais ainda sim sorria, e em seus olhos se formavam lagrimas de alegria.

Aquela altura, ela ainda não acreditava que havia tido coragem para tomar aquela decisão, pois, pela primeira vez em sua vida, ela ditou os rumos de seu caminho, assumindo as rédeas de sua vida.

Simone suspirou, e colocou as mãos ao rosto, a sua felicidade era tanta, mais tanta, que ele precisava e queria partilhar com alguém, e não sendo inesperado, foi a imagem de Helena que tomou conta de seus pensamentos.

― Eu preciso falar com a Helena. ― Disse em tom sussurrante.

De seguida Simone, sentou-se ao sofá e pegou em seu celular onde procurou na lista de contactos pelo número de Helena, no entanto, a mesma acabou travando, e decidiu ir ter com ela pessoalmente.

Decidida Simone, levantou-se e caminhou em direção a porta de sua casa, onde rapidamente saiu porta fora, e entrou no elevador apos colocar o andar do apartamento de Helena. Pouco tempo depois, Simone estava diante da porta de Helena, apreensiva e pensando se bater na porta dela seria uma boa ideia aquela altura da noite.

O que Simone não podia imaginar. Era que Helena estava do outro lado da porta, tendo mil sentimentos de dúvidas e inquietações com tudo o que havia acontecido em sua vida.

Em meio a esse turbilhão de acontecimentos, foi em Simone que Helena pensou e decidiu procurar para ter mais um momento de conversa e troca de experiências, afinal de contas, nos últimos tempos, a dor de ambas as uniu sem precedentes e de um jeito incomum que elas não tinham como prever

Helena pegou na maçaneta, e do outro lado Simone colocou o dedo interruptor da campainha, e naquele momento o coração de ambas acelerou mais, a cada segundo que se passava, tornando suas respirações ofegantes.

Lhes faltava coragem para prosseguir no próximo passo, mas nada as podia impedir. Em momento de coragem a bravura, elas suspiraram profundo, e de seguida a campainha ecoou e a porta se abriu, dando espaço para feição de espanto no rosto de ambas.

― Simone?

― Helena?

Ambas disseram ao mesmo tempo, de seguida em seus lábios formaram-se largos sorrisos. E talvez aquele fosse o início de uma história, com muitos trilhos por percorrer.

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Aquela altura daquela noite, Vitoria estava em seu quarto na casa de sua avo Neiva, deitada em posição fetal. Depois de tanto chorar, e fazer-se várias questões enfim mesma conseguiu descansar.

Neiva por sua vez, a observa pela porta com feição de preocupação. Ela suspirou e adentrou ao quarto, onde caminhou em direção da cama de Vitoria, e apos alcançá-la Neiva lentamente puxou a coberta para cobri-la mais, e de seguida deu-lhe um beijo na testa. Aparentemente Vitória dormia profundamente exalando serenidade, o que não era verdade, pois, seu desejo era de ficar em silencio mergulhada em sua dor e pensamentos de dúvidas acerca de seu pai.

― Só Deus sabe quantas vezes eu rezei para que o seu pai tirasse da cabeça esse sentimento de vingança pela família Cever. ― Falou em tom de sussurro tendo a voz embargada. ― No fundo ele sabe que o José não prestava, mas lhe custa acreditar ou aceitar. Por culpa dele o Artur se tornou nisso, ele colocou ideias erradas na cabeça do meu filho, e tudo para se vingar de algo que ele sabia que era culpado. Se eu tivesse alertado o César e impedido até que aquele casamento acontecesse, nada disso estaria acontecendo agora. Apesar dos erros que cometeu, seu pai te ama muito e disso eu tenho a certeza.

Neiva suspirou e deu mais uma vista de olhos em Vitoria e de seguida saiu porta fora. Vitoria por sua vez, deixou que uma lagrima escorresse do canto de seu olho, e de imediato os abriu e olhou em direção da porta.

Neiva caminhou em direção a cozinha com sua mente abarrotada de mil pensamentos, ao chegar ao local, abriu na geladeira e retirou uma jarra de água onde por seguinte encheu o líquido em um copo que estava ao lado da copa. Neiva estava pronta a beber a água, quando escutou o som da campainha, o que a fez estranhar por contra da hora.

― Quem será há uma hora dessas? ―Perguntou-se.

Sem deixar o copo, Neiva caminhou em direção a sala, e a posterior a porta. A pessoa voltou a insistir de forma sistemática, o que fez com que Neiva apressasse seus passos, apos gritar duas vezes que já estava indo abrir a porta.

Já diante da porta Neiva pegou na maçaneta, girou-a destrancando a porta. Naquele instante, a mesma arregalou seus olhos deixando o copo em suas mãos cair ao chão.

Vitoria apos escutar o som dos estilhaços levantou-se assustada.

― Você? O que você faz aqui?

― Pelos vistos a senhora não se esqueceu de mim. ― Disse Ester adentrando.

― Vai embora daqui Ester. ― Falou Neiva atordoada.

Ester tomou a atenção dela, e olhou-a fixamente.

― Cadê ela?

― Ela quem?

― Não se faça de desentendida, a senhora sabe muito bem de quem estou a falar, e de quanto você me deve, ou você se esqueceu do segredo que eu guardo da senhora?

―Ester pelo amor de Deus, vais embora daqui. ― Pediu em tom de suplica.

― O que a senhora acha que o seu filho vai achar quando souber da verdade? ― Perguntou a olhando fixamente. ―Eu voltei a algum tempo, cheguei até a procurar pelo Artur, e sabe o que o seu filho fez? Me ameaçou de morte, me obrigou a desaparecer. Vontade de contar toda a verdade eu tive, mas eu me contive. Agora eu estou cansada eu quero o que é meu de volta, a senhora entendeu?

Lagrimas já caiam dos olhos de Neiva, onde a mesma olhava de forma sistemática em direção ao corredor, temendo que Vitoria escutasse alguma coisa do quarto.

― Ester calma, eu tive uma ideia. Volta aqui amanhã, ou eu te procuro onde você quiser e agente conversa, mas pelo amor de Deus, você precisa ir embora.

― Do que a senhora tem medo? ― Indagou em tom sarcástico franzindo a testa.

―Ester por favor. ― falou com as mãos tremulas, igualmente as testas já cheias de suor devido ao nervosismo.

― Que a Vitoria descubra que eu sou a mãe dela e que não estou morta como vocês a fizeram acreditar durante todos esses anos. ― Disparou as palavras sem pausas. ― ou que o Artur não é o pai biológico da Vitoria? Pior ainda Neiva, que ele nem pode ser pai porque é estéril afinal de contas a senhora escondeu isso dele e de todo mundo, e me obrigou a esconder essa verdade.

― Tudo o que fiz foi pela minha neta. ― Falou em tom desesperador.

― Não, tudo o que senhora fez, foi para esconder que o seu filho jamais poderia ser pai. Você não ama a Vitoria, ela só serviu para tapar o buraco que a senhora achava que tinha de fechar. Mas isso acabou, porque a Vitoria saberá de toda a verdade.

― O quê? ― Indagou Vitoria com os olhos carregados de lagrimas, o que despertou a atenção de Neiva e Ester.

Naquele instante, o coração de Neiva disparou apos tomar a atenção de Vitoria, suas mãos tremiam e mesmo assim ela direcionou para sua boca, acreditando que aquilo poderia conter as suas lágrimas, bem como, a dor que estava a sentir. O segredo ao qual escondeu por tantos anos, acabava de ser revelado.

DOCE ILUSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora