Capítulo 15

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Lentamente Artur aproximou-se e segurou nas grades apertando-as com todas suas forças, aquela altura o silencio instaurou-se naquele lugar, e César apenas permaneceu estático.

― Você não vai me responder? ―Indagou Artur.

― Eu já disse, eu vim e vou tirar você daqui.

― Como você soube que seu estava aqui, já sei foi a minha Mãe quem te procurou?

― Não, não foi a sua Mãe quem me procurou e já te adianto que tudo isso poderia ter sido evitado se você não tivesse sido tão teimoso ontem.

― Se você veio aqui para me ofender, acho bom você ir embora.

― Me desculpe, mas você também não facilita Artur.

― E como você quer que eu facilite alguma coisa, se você nem diz quem ao certo você é, como você quer que eu confie em você Cesar?

― Eu acho que esta na hora de você saber quem eu sou de verdade e porque eu insisto em cuidar do seu caso.

― Então eu estava certo, sobre a minha desconfiança?

― Claro que sim, mas talvez depois de eu dizer quem eu sou de verdade a sua opinião sobre mim pode mudar e quem sabe para melhor.

― Então diga, quem é você?

O silencio rapidamente voltou a preencher aquele lugar, e lagrimas começaram a escorrer dos olhos de Cesar a medida em que lembrava de tudo o que havia acontecido os últimos dias, apos ganhar forcas toda revelação começou a ser dita, com o sentimento de caminhar por um túnel escuro sem saber o que estaria do outro lado ao fundo.

― Eu sou casado a 18 anos com um homem, com quem tenho dois filhos lindos que são a minha razão de viver, e a dois dias eu descobri que esse homem é amante da minha própria Mãe. Por anos acreditei, que meu casamento era o mais perfeito do mundo, e que nada jamais iria destruí-lo, e em menos de 24 horas eu descobri que aquele homem perfeito não passava de uma farsa e ilusão criada apenas na minha cabeça, em 24 horas aquele homem perfeito era capaz de coisas que eu abomino e me recuso a aceitar, e esse homem é o Heitor Cever, o mesmo que emitiu uma ordem de despejo contra sua família e todos daquela Vila. Cuidar de seu caso Artur, não é uma questão de vingança, mas sim de justiça por tudo aquilo que eu acredito, por isso, eu não posso deixar que esse homem deixe milhares de pessoas inocentes desabrigadas por pura ganância, com o mesmo sentimento de abandono que eu tive ao saber que ele nos deixou, por causa daquela mulher que um dia eu chamei de Mãe e talvez devesse ser o meu porto seguro.

Artur rapidamente largou as grades e deu dois passos para trás, e foi nesse momento em que Cesar aproximou-se e pegou nas grades, tendo feição apreensiva.

― Artur, você não vai falar nada? ― Indagou.

― Eu sinto muito, e acho que temos algo em comum, mas por agora eu só tenho uma questão.

― Diga.

― E ele sabe que você está aqui?

Cesar engoliu em seco e de seguida respondeu.

― Não, mas ontem eu fui tomar satisfações com ele na construtora e em sua defesa, e você deve prever que a reação dele não foi das melhores.

Artur nada disse, fazendo com que o silencio tomasse conta do espaço. Lentamente caminhou e de imediato colocou suas mãos sobre as mãos de Cesar que seguravam as grades. Cesar nada fez, se não direcionar seus olhos as mãos de Artur sobre as suas, ao mesmo instante, e em que a lembrança do dia em que se esbarraram no colégio veio atona, e se intensificou quando suas mãos se cruzaram na tentava de resgatar os livros caídos ao chão.

― Eu acredito em você. ― Afirmou Artur com a voz embargada de choro que viria a cair rapidamente. ― e posso ver a verdade em seus olhos, sim, a mesma verdade que ficou estampada em mim, quando a mãe da minha filha me abandoou sem piedade deixando para trás tudo o que construímos com sacrifício e nossa filha privada de conhecer o amor de uma mãe.

― Ela te deixou com um tesouro, e graças a sua filha eu soube da sua prisão e estou aqui.

― A vitoria é tudo para mim, mas como assim graças a ela você soube que estava aqui?

― Sua filha é colega e amiga do meu filho Alex no colégio Universal, hoje pela manhã ela ligou desabafando com o Alex e por acaso acabei escutando a conversa.

― Que mundo pequeno.

― Isso é verdade, mas enfim agora que tudo está esclarecido eu preciso que você assine um documento de representação legal, para que eu possa entra com os tramites de pedido de abres corpos.

― E isso que dizer que eu poderei sair daqui?

― Sim e se tudo correr bem, até ao final do dia de hoje você estará em casa.

― Eu serei eternamente grato por isso que você está fazendo por mim, e claro pela minha família.

Cesar assentiu sorrindo e nesse momento Artur, olhou para suas mãos que ainda estavam sobre as mãos de Cesar e de seguida desvinculou-se de imediato com feição encabulada.

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Comecei a dar passos para trás com os olhos fixados aos olhos de Artur, até virar-me e começar a caminhar em direção a saída daquele lugar, e eu não sei porque, mas meu coração estava apertado, como se eu quisesse que aquele momento jamais terminasse, que as mãos dele jamais desgrudassem das minhas.

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Ao chegar na recepção da delegacia, César caminhou em direção ao banco de espera aonde estava Neiva, que ao velo levantou-se de imediato apreensiva.

― E então Doutor, o Artur aceitou que o senhor fosse o advogado dele? ― Indagou.

― Foi difícil convencê-lo, mas ele acabou aceitando, vou entrar com o pedido de abres corpos e hoje mesmo seu filho estará em casa.

Sem pensar duas vezes, Neiva o abraçou enquanto chorava de alegria e agradecia, César por sua vez retribuiu o abraço e naquele momento foi como se o mundo tivesse parado nas memórias de sua infância, pois, em sua mente ele se perguntará o porquê de sua Mãe não lhe ter amado daquele jeito, e o porquê de ter-lhe traído como se ele nada significasse.

Ao desvincular-se do abraço César pegou nas mãos de Neiva sorrindo, no entanto, este sorriso fechou-se apos o mesmo escutar a voz de Heitor por trás.

― Cesar o que você faz aqui com essa mulher?

De imediato Cesar virou-se onde deparou-se com Heitor ao lado de seu advogado.

DOCE ILUSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora