Capítulo 03

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― Você não será suspenso e muito menos expulso Alex. ― Afirmou Helena se colocando em pé.

― O que acontecerá com ele? ― Perguntou Cesar apreensivo.

― O colégio vai iniciar uma campanha sobre a conscientização sobre as consequências do uso das drogas nas comunidades locais, em concreto a vila da Madalena e precisamos de voluntários para ajudar nas actividades, e te garanto Alex, será divertido e você poderá conhecer pessoas novas e aprender muito mais.

Naquele momento Alex sorriu, e suspirou aliviado e nesse instante Helena estendeu sua mão e disse.

― Se você se sair bem e evitar se meter em brigas no colégio, depois de um mês você decidira se continuara ou não nesse projeto.

― Combinado Diretora. ― Disse Alex apertando sua mão.

― Passa da enfermaria e depois podes ir assistir o restante das aulas, e ó muito juízo Alex.

― Pode deixar diretora. ― Disse desvencilhando sua mão sorrindo.

Alex saiu contente e Cesar permaneceu na sala, Helena por sua vez sentou-se e disse.

― Meu amigo, você tem um filho de ouro, mas me conta, o que aconteceu para você estar aqui a essa hora, não era suposto que estivesses no escritório?

O silencio tomou conta daquele lugar, os olhos de Cesar ficaram marejados e ele de imediato levantou-se e caminhou em direção a janela com vista aos altos edifícios da cidade. Helena por sua vez, segui-lhe e tocou em seu ombro.

― O que aconteceu Cesar, eu nunca vi você assim.

Cesar engoliu em seco e de seguida disse.

― Meu casamento não é tão perfeito quanto eu pensei que fosse.

Helena arregalou seus olhos e nesse momento César virou-se já em prantos abrancado lhe de seguida. Cesar chorava em silencio enquanto Helena nada dizia, se não acariciar suas costas, e minutos depois já desvencilhados, Cesar sentou-se enquanto Helena colocava água em um copo.

― Toma essa água, acho que vai ajudar-te a se acalmar.

Cesar pegou no copo e de seguida disse.

― Até agora eu não consigo acreditar que estou vivendo isso.

― Você brigou com o Heitor?

― Quem me dera se fosse apenas uma simples briga, porque foi bem pior isso.

Helena colocou a mão na boca com feição de quem já sabia de tudo o que havia acontecido.

― Parece que você já sabe de tudo.

Cesar arregalou seus olhos e de seguida levantou-se enquanto colocava o copo na secretaria.

― Eu descobri, alias peguei o Heitor e a minha Mãe tendo relações na minha casa, e para piorar na minha cama e você sabia de tudo isso e não foi capaz de me dizer nada? ― indagou incrédulo.

Helena engoliu em seco, suspirou apreensiva e de seguida respondeu.

― Eu vi o Heitor e a Divina se beijando no jardim na noite do aniversario do seu marido, e para mim aquilo foi um grande choque também.

― E porque você não me disse nada Helena? ― Gritou em prantos.

― Como Cesar? Como você queria que eu viesse e dissesse que sua própria Mãe é amante do seu marido, sabendo o quanto você amava o Heitor, o quão feliz você era com aquele casamento. Por favor, Cesar! tente se colocar no meu lugar.

― Sinceramente eu não consigo entender, você se colocou no meu lugar? por quanto tempo você pretendia esconder isso de mim? Deixando eu fazer um papel de trouxa.

― Se você não tivesse visto com seus próprios olhos, você acreditaria em mim? Acreditaria que sua própria Mãe foi capaz disso?

― Acreditaria sim.

― Não seja hipócrita Cesar! o seu amor pelo Heitor te deixava cego ao ponto de não faze-lo acreditar em nada que seus olhos não vissem. Por acaso você acha que não me doeu saber dessa verdade e não poder correr para te contar? você acha que não tive vontade de fazer um escândalo naquela noite e contar para todos o que eu descobri?

― Eu posso até tentar Helena, mas nada me fara concordar com suas palavras, porque apesar de tudo você era como uma irmã para mim.

― Era? ― Indagou apreensiva, exalando um misto de sentimentos.

― Você destruiu uma das coisas que eu mais prezava na vida, que é a confiança, e quando ela é quebrada, dificilmente volta a se unir. Portanto Helena, eu não sei se um dia conseguirei olhar para você sem se lembrar do que você fez.

Helena já tinha seus olhos marejados, César suspirou deu a volta e de seguida saiu porta a fora, deixando Helena com sentimento de culpa por não ter revelado a verdade sobre a traição.

֍

Enquanto caminhava para o exterior do Colégio, Cesar recebeu um telefonema de Aníbal.

― Cesar foi buscar esse bendito Pen drive no deserto do saara?

― Estou chegando Aníbal.

― Cesar espera aí, você andou chorando?

― Mais ou menos, quer dizer te conto quanto chegar no escritório?

― Tudo bem, mas seja o que for fica calmo.

Cesar assentiu, e de seguida desligou a chamada guardando o celular no bolso de seu casaco. De forma apressada voltou a caminhar, e ao sair pelo portão do Colégio acabou esbarrando em um homem alto, negro, que estava de regata preta coberta por uma camisa xadrez vermelha, com calça jeans e botas castanhas usadas por profissionais da mecânica. O mesmo deixou cair alguns livros ao chão, o que fez com que ambos se agachassem e tocassem um dos livros ao mesmo tempo, o que fez com que seus olhos cruzassem de imediato.

DOCE ILUSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora