Capítulo 07

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Helena agachou-se e aquela altura seu rosto estava imerso de lagrimas. Naquele momento, em sua mente começou a rodar o filme de sua vida, desde o dia em que conheceu Rogério no corredor da Universidade e desde então se apaixonou completamente, tendo a certeza de que ele seria o homem de sua vida, o homem que construiria uma família, e seria o pai de seus filhos. Cada conquista, desde a primeira casa, o nascimento de Renato, a formatura na faculdade, tudo, absolutamente tudo começava a parecer ser uma ilusão, um sonho perfeito, que foi interrompido com balde de água fria.

Helena se perguntara onde haviam se perdido um do outro, em que parte do caminho da vida, havia ficado Rogério. Tantas perguntas surgiram, mas nenhuma teve uma resposta.

― Porque você está fazendo isso com a gente? Porque Rogério? Porquê? ― Gritava em prantos enquanto o chacoalhava segurando a gola de sua camisa.

Pouco tempo depois, Helena com a ajuda da mulher que lhe telefonou conseguiu colocar Rogério no carro.

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Ao chegar em seu apartamento, Helena destrancou a porta e puxou Rogério em direção ao quarto com o intuito de levá-lo ao banheiro, temendo que Renato o visse naquele estado, o que foi em vão pois, o mesmo ao escutar o barulho feito por Rogério que gritava e ordenava que Helena o soltasse, espreitou pela fresta da porta, onde pode ver a cena deplorável de sua Mãe puxando seu pai completamente bêbado e com suas roupas sujas.

Renato nada fez, se não deixar que um resquício de lagrima escorresse do canto de seu olho, o que o fez fechar a porta de imediato sem que sua mãe o visse. Nesse momento as lagrimas ganharam mais intensidade, dando espaço para o início de um choro silencioso a medida em que ele escorria pela porta atrás de si, ao chegar ao chão Renato abraçou seus joelhos e grunhiu de desespero. Aquela altura do outro lado, Helena despia Rogério em prantos, e sem receio jogou-lhe de baixo do chuveiro de água fria.

Rogério tentava resistir, enquanto Helena o pressionava na parede e gritava o perguntando o porquê de tudo aquilo, o porque dele estar a destruir as suas vidas. Sem forcas, Rogério escorreu pela parede até ao chão enquanto a água fria caia intensamente sobre si. Helena agachou-se e ignorou o fato de suas roupas já estarem completamente molhadas, e sem pensar duas vezes colocou a cabeça de Rogério em seu ombro enquanto acariciava seus cabelos.

― Quando isso vai acabar? Quando? ― Indagou-se repetidas vezes com a voz embargada de Choro, mesmo sabendo que aquela era uma questão inútil e sem resposta.

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Em sua casa, César mexia na comida em seu prato exalando falta de apetite em seu semblante, o silencio na mesa de jantava estava presente e escapava por vezes com o som dos copos e dos talheres de Alex, Alice e Heitor. Heitor aquela altura, se perguntara o motivo do semblante de Cesar.

― E então meu amor, como foi seu dia no escritório? ― Perguntou Heitor enquanto dava uma garfada de bife.

― Foi ótimo. ― Respondeu Cesar de forma seca.

Heitor suspirou e de seguida direcionou sua atenção em Alex, que mexia o celular.

― Alex quantas vezes terei de dizer que que lugar de celular não é na mesa?

― Desculpa pai. ― Disse guardando o celular no bolso.

― E então vai nos contar o que aconteceu com seu rosto?

― Não aconteceu nada pai. ― Respondeu incomodado.

― Esta claro que aconteceu alguma coisa meu filho, ou você quer que eu ligue para diretora do Colégio para saber o que você andou aprontando hoje?

Alex de imediato levantou-se já furioso e disse.

― Para o senhor eu sempre vivo aprontando alguma coisa, e talvez fosse o momento de o senhor esconder esse seu dedo acusador e prestar mais atenção em mim, alias, em nós, coisa que o senhor não tem feito direito nos últimos tempos.

Heitor rapidamente levantou-se.

― Eu sempre fui um bom pai Alex. ― Vociferou.

― Isso é o senhor quem diz, brincar por 5 minutos com a Alice não faz do senhor um bom pai. ― Rebateu Alex.

― Chega! ― Gritou Cesar se colocando em pé. ― por favor, parem com isso, vocês estão assustando a Alice com essa briga desnecessária.

― A culpa disso é sua Cesar. ― Disse Heitor se Levantando. ― você vive enfornado naquele escritório e mal da atenção aos seus filhos, olha o estado do Alex e nem você sabe o que aconteceu com ele.

― E quem disse que eu não sei o que aconteceu com o nosso filho?

― Como assim, você sabe e não me disse nada?

― Você sabe?

― Pelos vistos parece que quem não presta atenção nos nossos filhos é você Heitor, que horas você chegou em casa que não conseguiu perceber o olho roxo do nosso filho?

― Eu trabalho muito Cesar, e você sabe disso, eu carrego a construtora da sua família nas costas e você muito menos a desmiolada da sua irmã nunca se interessaram com nada relacionado aos negócios da sua família. ― Respondeu.

― Eu posso até não ter nenhum interesse na construtora Cever, e sempre deixei claro isso, mas isso não te dá o direito de diminuir o meu trabalho, se você acha que esta tao sobrecarregado, porque você não informa a minha Mãe, afinal de contas ela confia tanto em você, que se o meu estivesse bom e consciente com certeza ficaria incomodado.

― O que você quer dizer com isso?

― Eu? Imagina eu quero dizer nada. ― Respondeu em tom irónico. ― a não ser que exista alguma coisa que eu precise saber, e se for o caso diga, existe alguma coisa que eu precise saber?

Heitor ficou visivelmente incomodado e apreensivo, e estes sentimentos se intensificaram com a chegada repentina de Divina, o que roubou a atenção de todos naquele lugar.

DOCE ILUSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora