1659, Março.
Oceano Eterno.
Baú de Davy Jones.O subconsciente dele automaticamente sussurrava para ter pena. Assim, ele sabia como agir com compaixão, embora o anel não tivesse crescido com ele. Todos esses anos fizeram parte de sua vida.
Agora, sua existência era um vazio, e mesmo com Benjamin chorando, Balthazar não sentia nada. Apenas agiria conforme achasse que deveria agir. Após a limpeza e a aplicação das compressas, Balthazar não conseguia sequer sentir pena.
Sua vida tornou-se um vácuo de emoções, um vazio inexplicável. Dois dias se passaram, e parecia que ainda não havia superado a perda de Davy Jones.
Wohar levou o anel e mais um pirata, assim como os corpos dos que matou. Ele também levou toda a dignidade e vontade de viver do Capitão Balthazar.
Levou promessas e uma chance de vitória.
Ainda automaticamente, ele esperava alguém chamando sua atenção, falando sobre como agir com Benjamin, mas não havia nada...
Hoje era domingo, e depois de muito tempo, sequer houve uma comemoração ou música. Não havia nada que pudessem fazer para mudar o clima do barco. Não havia ordens de Miranda ou Anthony, pois até eles não queriam atrapalhar os devaneios de Balthazar.
Benjamin tocou em sua mão, e ali ele viu apenas um garoto. Um jovem que tinha perdido seus anos e meses nesse local simples. Não teve sequer emoções boas quando os lábios tocaram os seus e, para piorar... A única emoção que teve foi... Nojo?
Desviando o olhar e virando o rosto, ele tentava entender onde estava aquele desejo. Aquela vontade imensurável de pegar esse garoto e marcá-lo todo como sua propriedade. Não havia nada.
Balthazar navegava em um mar de melancolia, onde as ondas sombrias do desespero batiam constantemente contra os frágeis alicerces de sua alma. Os dias arrastavam-se como correntes pesadas, cada momento pesando-lhe nos ombros como um fardo insuportável. Compartilhar a cabine com Benjamin tornou-se um sacrifício diário, onde o odor doce e limpo do jovem começava a provocar um incômodo crescente.
As horas se estendiam como sombras alongadas, e mesmo o cheiro agradável de Benjamin tornava-se perturbador. A limpeza e doçura do rapaz, que antes eram refúgios para os sentidos, agora pareciam invasivas, incomodando os sentidos já entorpecidos de Balthazar. Por quê? Ele se perguntava, perplexo com a incapacidade de sentir qualquer emoção positiva. Um vazio frio preenchia sua existência, obscurecendo qualquer traço de calor humano.
Cada pensamento trazia consigo um espectro sombrio, e a tristeza se manifestava como uma neblina gelada sempre que a imagem de sua mulher surgia em sua mente. Seus traços delicados, sua risada suave e os momentos de felicidade que compartilharam tornavam-se punhaladas afiadas, cravadas na alma de Balthazar. Por que só conseguia sentir esse amor nostálgico por ela? Era como se sua doce Rosa fosse a única luz em meio a um mar de sombras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era Dourada |Romance Gay|
FantasyBenjamin, um jovem nobre, jamais imaginou que pequenos acontecimentos seriam capazes de virar sua vida de cabeça para baixo. Ao receber um presente especial de seu irmão, ele se vê envolvido em uma jornada completamente nova, repleta de desafios e d...