Benjamin, um jovem nobre, jamais imaginou que pequenos acontecimentos seriam capazes de virar sua vida de cabeça para baixo. Ao receber um presente especial de seu irmão, ele se vê envolvido em uma jornada completamente nova, repleta de desafios e d...
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1658, Dezembro. Oceano Eterno. Baú de Davy Jones. Lago Verde.
Bartolomeu estava se sentindo um tanto confuso, ainda mais com o Príncipe Edward, o verdadeiro dono do corpo. Pedia constantemente para ter o controle; se não fosse pela magia de Daen, facilmente Bartolomeu perderia essa luta.
O ambiente do vilarejo era carismático e bem alegre; eles estavam animados. Daen estava diante deles e ainda tinha Balthazar e Benjamin, os garotos da profecia que eles comentavam várias e várias vezes.
— Profecia? — Bartolomeu disse encarando Daen sendo paparicado e recebendo uvas na boca. Ele e Daen estavam em uma espécie de cadeira grande e robusta cheia de pratos de comida, com muitas pessoas cuidando e alisando os dois.
— Sim. Meus queridos discípulos acreditam que minha reencarnação é o grande salvador desse Oceano Eterno. Diz Hogar que minha mãe falou isso a eles. — Daen se ajeitou na cadeira de madeira, vendo a fogueira sempre acesa e encarando "o grande salvador" Benjamin, contendo as lágrimas. — Duvido aquele inútil fazer alguma coisa. Os verdadeiros heróis somos eu, você e Davy, nada mais!
Por conta da tradição, Balthazar e Benjamin tiveram que se sentar juntos. Um grande altar acomodava os dois, e era nítido o desconforto de Benjamin. O capitão tinha os olhos baixos, ouvindo os tremores e os soluços de Benjamin. Ele queria dizer algo.
— Eu fiquei sabendo do que aconteceu. — Bartolomeu olhou fixamente para a entidade ao seu lado, tentando entender qual seria a resposta de Daen.
— Eu... — Daen abanou seus súditos para que eles se afastassem e voltou sua atenção para Bartolomeu. — Essa é a primeira vez que isso aconteceu, Bart. Eu nunca vi algo assim, já vi até esse demônio me matar em reencarnações passadas, mas nunca vi... Ele querer tanto uma pessoa.
— Isso é um problema, Daen. Não podemos sequer ter distrações; precisamos encontrar Davy urgentemente para que a influência do anel deixe de ser forte, e eu necessito da coroa. Só assim poderemos dar um fim em Hongan. Sinto muito, sei que prometi para o jovem Benjamin que iria para o templo dos Desejos, mas...
— Ele é tão sem graça. — Daen disse murcho, tentando entender o que Benjamin tinha de especial.
— Daen... Você não consegue ter um mínimo de compaixão? — Bartolomeu disse sério, olhando com firmeza para o amigo. — Você está com ciúmes dele? Você não consegue entender que, se esse menino morrer, você já era?
O loiro encarou Bartolomeu com angústia, odiava ser chamado à atenção, mas não conseguia esconder que Benjamin era uma criatura diferente. Benjamin conseguiu "ser seu par ideal", e graças a ele nesse momento Daen tinha um corpo; ele conseguia usar magias comuns sem dificuldades, e agora ele tinha conquistado o desejo de um demônio amaldiçoado.
Aquele garoto estava roubando seu protagonismo...
— Ele está imune às minhas magias, Bart. — Daen revelou. — Todos. Não importa qual seja a reencarnação de Davy, caia sob meus encantos, e eu conseguia controlar todos os demônios. Mas Balthazar não se importa comigo, a energia de Davy mal me contenta. Eu vivo de migalhas dos dois.