- Isaak...? - ouvi meu filho chamando.
- Surpresa! - disse o jovem a nossa frente com os braços abertos, como que chamando Hyoga para um abraço.
Meu filho atendeu prontamente e correu para os braços do outro jovem.
- Isaak! Isaak!! Não acredito que você veio. - ele falava com os olhos um tanto marejados. - Mas... como?
- Digamos que meus pais estavam me devendo um presente. - o jovem falou, piscando um dos olhos para Hyoga, que lhe sorriu.
- Vai nos apresentar, Hyoga? - disse Milo, chamando a atenção dos dois.
- Ah sim! Desculpa, é que fiquei um pouco empolgado. - Hyoga enxugou os olhos e continuou. - Esse é Isaak, um amigo meu lá da Sibéria. Isaak, esse é meu pai, Camus, e o marido dele, Milo.
- Muito prazer, senhor Milo, senhor Camus. - ele disse educadamente.
- O prazer é nosso. Sendo amigo do Hyoga, então é muito bem-vindo. - Milo sorria educadamente.
Eu apenas acenei com a cabeça. Aquela, definitivamente, não era uma boa hora para visitas. Depois do que acontecera no hospital, eu precisava saber o que Hyoga estava escondendo. Não dava mais para adiar aquela conversa. Afinal, o que raios aquele garoto estava pensando? Por que ele agira daquela forma com a presença do dr. Shura? Os dois não se conheciam. Shura era espanhol, até onde eu sabia. Nós não éramos muito próximos, mas já ouvi comentários de que ele detestava frio. Então achava improvável que ele passasse férias em um lugar como a Sibéria. E Hyoga nunca saíra de lá. Então como Hyoga poderia conhecê-lo? Se não era esse o caso, o que foi aquela reação? Mesmo que eles fossem conhecidos, jamais permitiria que meu filho agisse daquela forma grosseira. Aquele comportamento era inaceitável. E eu precisava entender. Precisava entender o que o levou a agir daquela forma. Não só porque o comportamento foi desrespeitoso, mas também porque, provavelmente, ele agira daquela forma devido ao que ele estava escondendo de nós. Se o dr. Shura fosse parecido com alguém que Hyoga conhecesse, que tipo de relacionamento era aquele? Hyoga parecia sentir ódio da pessoa, mas tremia ao falar. Mais estranho era como Hyoga conhecia alguém que aparentava ser bem mais velho que ele. Como se deu esse encontro? Por que os dois tinham alguma relação? A senhora Valéria não mencionou nenhuma outra pessoa na vida dos dois. Então quem era? Sinceramente, não queria nem pensar. Quanto mais eu pensava, mais confuso eu ficava e mais aflito também. Milo já tinha suas suspeitas e parecia que aquilo se sustentava. Mas eu não queria que fosse verdade. Tudo levava a algo absurdo, terrível. Qualquer coisa que essa pessoa tenha feito com meu filho, seria a gota d'água. Ele já tinha sofrido muito com a perda da mãe. Mais um trauma daquele nível seria catastrófico. Será que eu saberia lidar com isso? Será que Milo saberia lidar com isso? Parecia tão surreal. Aquela não era a experiência que eu queria que meu filho tivesse! Aquilo passava longe de tudo que Natássia e eu sonháramos para nosso filho. Só de pensar, sentia meu coração se apertando. Se não fosse médico, diria que estava tendo um infarto.
Senti Milo segurando minha mão mais firme. Olhei para ele, cansado. Senti compaixão em seu olhar. Ele me sorriu, tentando me animar, mas eu sabia que ele também estava preocupado. Milo provavelmente chegara à mesma conclusão que eu. Mas talvez ele tivesse prestado atenção em algum detalhe que eu deixei passar. Também precisava conversar com ele.
Fui tirado de meus pensamentos ao ouvir a conversa dos dois jovens a minha frente.
- Quanto tempo você vai ficar aqui? - Hyoga perguntou.
- Hum, não sei. Uma semana ou talvez um pouco mais. - o jovem respondeu, fazendo meu filho sorrir.
- Desculpa interromper, mas e seus pais? Onde estão? - disse Milo.
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Doce Fruto de um Passado Amargo
FanfictionCamus é um médico bem sucedido, casado com um famoso empresário. Mas nem sempre sua vida fora bela. No passado, Camus sofreu uma terrível desilusão amorosa. Anos depois ele descobre que todo o sofrimento teve um motivo. E essa descoberta lhe trazia...