AVISOS: A partir desse capítulo, será tratato um tema delicado, que pode ser gatilho para alguém. Caso se sinta mal lendo, pare e procure ajuda.
Essa é uma obra completamente fictícia, sem nenhuma relação com a realidade ou com alguém em específico. Tudo que for falado aqui não tem nenhum embasamento científico, apenas coisas tiradas da cabeça dessa autora perturbada.
Sou contra qualquer tipo de violência e não é objetivo dessa obra incentivar qualquer tipo de abuso!
Dados os avisos, espero que continuem acompanhando a história! Fico mto feliz quando votam nos capítulos e deixam comentários.
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POV Camus
Milo cerrou os olhos e os punhos, numa expressão de dor e raiva. Mu levou as mãos à boca, em sinal de espanto. Eu, por minha vez, senti o chão faltando em meus pés. Eu tinha ouvido direito? Abuso sexual? Exploração sexual? Não! Não era possível! Isso não podia ter acontecido com Hyoga! Como? Quando? Onde? Por quê? Eu sequer podia conceber que algo assim poderia acontecer em um lugar isolado na Sibéria. Isso não era algo mais de grandes centros urbanos? Não tinha o menor cabimento! Tinha que ser outra coisa! Eu precisava que fosse outra coisa!
- Shaka, você poderia, por favor, me dizer o que te fez chegar a essa conclusão? - senti que minha fala saiu tremida, mas consegui perguntar.
- Como eu disse, Camus, os sinais são muito claros. Dentre todas as formas de possíveis abusos e agressões, as sexuais são as mais peculiares no que diz respeito ao efeito causado nas vítimas. E um dos sinais mais claros é a forma contraditória com que as vítimas costumam reagir. A relação sexual para humanos não tem um significado única e exclusivamente de procriação. Envolve o prazer e sentimento. Quando uma pessoa é violada nesse sentido, o cérebro acaba tendo dificuldade de processar essa informação. Racionalmente é fácil entender que é um ato de violência, mas emocionalmente isso se torna confuso, justamente pelo sexo ser visto como um gesto de carinho, paixão, ternura, prazer. Até mesmo pro corpo isso pode ser difícil, pois ele pode ter reações de prazer. Mesmo que seja doloroso, mesmo que a vítima tenha repulsa, ainda assim ela pode acabar sentindo prazer involuntariamente. - Shaka suspirou antes de continuar. - Não sei se dá pra entender, porque realmente é algo muito complexo. É uma violência que afeta as três esferas do ser humano; corpo, mente e espírito. Tentem imaginar, por mais difícil que seja, a posição da vítima. Você está sendo abusado, mas através de um gesto que na sua essência não era pra ser ruim. Você sabe que está sofrendo uma agressão, mas mesmo assim seu corpo reage involuntariamente, podendo chegar a ter momentos de prazer, por mais doloroso que seja. Isso faz com que você acabe se culpando pelo que está acontecendo. Você sente vergonha, nojo e, ao mesmo tempo, você quer dar um sentido pra isso. Então, acaba forçando uma relação ou sentimento que não existe ali. A vítima acaba tendo pensamentos do tipo: "será que ele gosta de mim? Por isso está fazendo isso? Será que eu provoquei?". Tudo na tentativa de explicar por que aquilo aconteceu com você. E daí surge o comportamento contraditório. A vítima odeia o abusador, mas ao mesmo tempo tem medo e, de certa forma, sente certa intimidade por conta da natureza do abuso. Isso tudo além de todo dano causado à autoestima e à própria estrutura de valores e crenças da pessoa. E esse comportamento contraditório se acentua ainda mais quando o abuso acontece por um longo período de tempo. Aí pode até virar, de fato, um relacionamento abusivo, onde há uma dependência emocional e o abusador acaba dominando completamente a vítima.
Ficou silêncio depois daquela frase. Parecia que todos no recinto estavam tentando processar todas aquelas informações. Eu sentia meu estômago se revirando. Parecia que eu ia vomitar a qualquer momento. A imagem de um homem, com aparência similar ao dr. Shura, submetendo meu filho àquelas atrocidades... todo ódio parecia subir por minha garganta. Aquela sala ficou pequena de repente e tudo parecia girar. Minha mente rodava lembrando de todo choro e dor que eu presenciara Hyoga passando. Seus olhos vermelhos, sua luta em não criar laços, sua fragilidade emocional; por um momento o trauma com a morte de Natássia parecia pequeno diante de todo aquele horror que pode ter acontecido depois. Passei as mãos pelo cabelo, num ato de extremo nervosismo. Sentia um peso enorme caindo sobre mim. Minha vontade era sair correndo dali. Eu não queria acreditar que aquilo poderia ser verdade. Meu filho! Meu filho! Vítima de um dos crimes mais horrendos que existia! E onde eu estava quando aconteceu? O que eu estava fazendo que não pude protegê-lo de tal monstruosidade? Enquanto meu filho vivia o inferno na Terra, eu vivia minha vida tranquila e feliz. E o destino simplesmente se sentiu confortável em jogar aquilo no meu colo como uma bomba.
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Doce Fruto de um Passado Amargo
FanfictionCamus é um médico bem sucedido, casado com um famoso empresário. Mas nem sempre sua vida fora bela. No passado, Camus sofreu uma terrível desilusão amorosa. Anos depois ele descobre que todo o sofrimento teve um motivo. E essa descoberta lhe trazia...