POV Milo

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Eu tinha acabado de sair do evento de inauguração do parque. Não podia negar que eu adorava ser o centro das atenções. Apesar do prefeito também estar no evento, as câmeras e perguntas foram praticamente todas direcionadas para mim. Nada melhor que acordar e ter meu ego amaciado. E não era só por causa da minha importância e influência, mas também por conta da minha beleza. Eu sairia muito mais bonito nas capas de revistas e manchetes do que aquele prefeito velho e esquisito. E eu me orgulhava disso. Eu era a imagem encarnada do grupo de empresas que eu comandava. Forte, imponente, bonito, saudável, vencedor. Sim, humildade não era muito o meu forte. Mas eu podia ser convencido o quanto eu quisesse, afinal poucas pessoas chegavam aonde eu cheguei e do jeito que eu cheguei. E esse era um dos maiores motivos de orgulho para mim, depois de ter conquistado o Camus, claro. E pensar que conquistar o Camus foi mais difícil do que virar dono de um dos maiores grupos de empresas do mundo. Era até engraçado, mas valeu a pena cada esforço que fiz para tal. Não que eu visse Camus como um troféu, mas era exatamente o que faltava para minha vida estar completa.

Eu estava de bom humor. Não tinha nem ideia de onde Camus e os outros estavam. Mu havia ficado por lá, cuidando de algumas burocracias que eu detestava. E era exatamente por isso que ele sempre ia comigo nesses eventos. Sempre tinha uma burocracia ou outra para lidar e essa parte, realmente, não era minha atividade preferida. Já Mu adorava essa parte, mas detestava aparecer na frente das câmeras. Não era à toa que trabalhávamos juntos há tantos anos. E como eu conhecia a competência de Mu, sabia que ele também não demoraria a se juntar a nós. Mas eu tinha que encontrar os outros primeiro. O problema era que aquele parque era enorme e justo naquele dia eu tinha esquecido meu celular em casa. Mas eu ia encontrar meu marido uma hora ou outra, por isso não estava muito preocupado.

Continuei andando pelo parque. Realmente o dinheiro tinha sido muito bem investido. O lugar estava lindo! Deslumbrante! Era exatamente o que eu queria, um espaço aberto para que as famílias pudessem passar um tempo juntos. Podia parecer meio piegas, mas eu prezava por momentos família. Talvez porque minha infância não foi lá a coisa mais bonita e meus pais eu sequer conheci. Então eu sempre tive certo encantamento com cenas familiares e tudo. Lembro-me de pedir várias vezes para Camus para que adotássemos uma criança. Não que eu não me sentisse em família com ele, mas eu ficaria ainda mais feliz de ter um filho. Coisa de grego, gostávamos de famílias grandes. Mas ele sempre me ignorou e dava desculpas de que não tínhamos tempo e tudo. E agora ele descobrira que tinha um filho. Ele não conseguira escapar daquilo e eu estava radiante com a ideia.

Por falar em filho, vi uma cabecinha loira e cabelos azuis rebeldes sentados em um dos bancos do parque. Achei estranho eles estarem sozinhos, mas provavelmente só queriam dar um passeio. Fui me aproximando, imaginei que eles saberiam onde estavam os outros e poderíamos encontrá-los. Mas à medida que fui me aproximando, vi algo que me deixou sem muita reação. Era Hyoga com um cigarro na mão? Pelos céus, se Camus visse algo assim, esse garoto estaria tão encrencado que eu nem queria imaginar. Eu mesmo devia cuidar daquela situação ou a aproximação de pai e filho poderia ser ameaçada. Apressei o passo e já falei bem firme ao chegar mais próximo.

Hyoga! O que pensa que está fazendo? — parei em frente aos dois e encarei Hyoga de maneira dura.

— Já vou avisando que não tenho nada a ver com isso. – disse Ikki, se livrando de um sermão que não lhe pertencia.

— O que foi? Que drama todo é esse? – Hyoga olhava para mim como se não estivesse entendendo o motivo do meu sobressalto.

Drama? Você tem 14 anos! Nem tem idade pra comprar essas coisas! Além disso, se seu pai te pega com isso, não quero nem imaginar o que vai acontecer. — eu continuava falando sério. – E me dá isso aqui!

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora