POV Milo/POV Hyoga

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POV Milo

Eu saí com Hyoga sob meus ombros, sem entender o porquê dele estar naquele estado. O que ele vira no dr. Shura para ficar daquele jeito. Ele parecia ter ódio e, ao mesmo tempo, medo. Será que ele conhecera o dr. Shura? Será que era ele quem fizera mal a Hyoga no passado? Mas não fazia sentido algum! Camus parecia conhecer o dr. Shura. E a pessoa que fizera mal ao Hyoga, pelo que suspeitávamos, devia estar na Sibéria com Hyoga, pelo menos até antes dele vir para a França. As coisas não pareciam se encaixar. Se esse era o caso, então qual o motivo daquela reação? Eu nem queria pensar no que Camus faria depois daquilo. Dessa vez eu não conseguiria sequer contra-argumentar. E aquela era uma péssima hora pra qualquer tipo de correção. Droga! Por que Hyoga tinha que ter feito aquilo? Ele só estava piorando sua situação.

Hyoga ainda se debatia muito. Eu continuava andando com ele pelos corredores. Precisava encontrar um lugar tranquilo para que eu pudesse conversar com ele em paz. Estava seguindo as sinalizações do hospital, mas estava difícil me concentrar com Hyoga sacudindo as pernas como uma criança de cinco anos. Por fim, vi uma placa sinalizando um local aberto, como um pátio com lanchonete. Era lá! Continuei andando, tentando ignorar a "birra" de meu filho. Ok! Naquele momento, até eu queria lhe dar umas palmadas. Ele podia pelo menos me respeitar um pouco. Não sei se teria coragem para recorrer aos métodos de Camus, mas admitia que era bem útil em momentos como aquele.

Cheguei ao pátio. Por sorte, ele era grande e não tinha muitas pessoas. Então poderia procurar um lugar um pouco mais isolado. Vi um banco um pouco mais distante da lanchonete, onde tinha mais pessoas aglomeradas. Fui até onde o banco estava e, finalmente, coloquei Hyoga no chão. Ele tentou correr, assim que o desci de meus ombros, mas eu o segurei pelo pulso, impedindo-o.

- Hyoga! O que raios está acontecendo? Por que está agindo assim? Você por acaso quer levar outra surra do seu pai? – falei, segurando-o firmemente.

- Me solta, Milo! – ele insistia. Eu o puxei, fazendo com que ele se virasse para mim e eu pudesse segurá-lo pelos ombros. – Você não entende!

- Então me explica. – falei um pouco mais calmo. – É o dr. Shura que o incomoda? Você o conhece? Ele te fez algum mal?

- Quem é dr. Shura? – ele me olhou confuso.

- Como assim? O cara a quem você estava direcionando toda raiva no quarto de sua avó! Vai me dizer que deu todo aquele showzinho sem nem ter um motivo?

Ele abaixou a cabeça, como se estivesse pensando sobre alguma coisa. Ficou silêncio por um tempo. Foi então que o vi levar a mão ao rosto, em um sinal de desespero. Suspirei. Não estava mais entendendo aquele garoto.

- Hyoga! Responda! – acabei me exaltando novamente.

- E-eu cometi um erro. – ele falou mais para si mesmo do que para mim.

- Isso eu já percebi! O que eu não entendo é o que foi que aconteceu! Explique-se! – insisti.

- Não posso.

Suspirei novamente, sentando-me no banco e trazendo Hyoga para fazer o mesmo. O que eu precisava fazer para que ele confiasse em mim? O que eu tinha que fazer para ajudar meu pequeno? Eu precisava entender! Precisava de respostas! Aquela situação não podia se estender mais. Não conseguiríamos de fato ser uma família enquanto houvesse esse obstáculo. Eu já estava começando a ficar angustiado. Era claro que ele não estava agindo normalmente. Era claro que seu estado de perturbação já estava alcançando seu limite. Afinal, o que ele vira no dr. Shura? Só podia ser alguma espécie de alucinação! Se ele não conhecia o dr. Shura, o que ele viu que desencadeou todas aquelas emoções? Será que... Supondo que minha teoria estivesse certa e realmente existisse aquela pessoa que fez mal à Hyoga, será que o dr. Shura se parecia com a mesma? Talvez ele seja semelhante à pessoa que Hyoga conhecia. Dado o nível de estresse que meu filho vinha passando nos últimos dias, seria razoável que ele se confundisse, dependendo da similaridade. Será que era isso? Suspirei. Mesmo que eu estivesse certo, Hyoga não diria. Droga! Por que tinha que ser tão teimoso?

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora