POV Isaak/POV Milo

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O caminho para o restaurante tinha sido sem muitas surpresas ou emoções. Ficamos calados quase que o tempo todo. Camus veio dirigindo, o que fez com que Milo ficasse olhando pra trás com frequência. Ele parecia muito preocupado com Hyoga. Meu irmãozinho demonstrava estar um pouco mais triste mesmo. Mas além de se preocupar com Hyoga, Milo parecia meio ansioso em encontrar com meus "pais". Eu achei aquilo super estranho. Por que aquilo seria algo importante? Pelo visto, ele devia estar mais desconfiado que antes. Eu tinha que ser convincente ou ele poderia desmascarar toda aquela mentira. Só esperava que aqueles idiotas fossem bons atores. Sim, eu estava usando um pouco da influência que conquistei por ser meio que o "braço direito" daquele traste. Pelo menos pra isso ele servia.

Já tínhamos chegado no restaurante e estávamos sentados nas mesas do lado de fora. Milo tinha razão; em um minuto aquele lugar lotou. Não sabia dizer se a comida era boa ou barata, mas pelo menos aqueles idiotas pegaram um lugar movimentado. Seria menos suspeito. Eu estava um pouco nervoso, pra falar a verdade. Ainda tinha muita coisa na minha cabeça. Mas eu precisava passar por aquilo primeiro. Assim que aquele encontro acabasse e eu estivesse sozinho de novo, poderia colocar a mente no lugar e pensar numa forma de Hyoga e eu fugirmos dali.

- Isaak! - ouvi alguém chamando. Era meu "pai".

- Pai! Mãe! - acenei para ele, que vinha junto de minha "mãe".

Os dois se aproximaram. Ela me abraçou e me deu um beijo na testa e ele colocou a mão em minha cabeça. Senti vontade de vomitar com aquilo. Mas sorri como se estivesse com saudades. Claro que eu escolhi pessoas que se pareciam minimamente comigo. O homem era alto, encorpado, tinha traços fortes e pele bem clara. Seus cabelos eram loiros e seus olhos verdes. Já a mulher era um pouco mais baixa, com um corpo de curvas suaves e pele mais morena. Seus cabelos eram verdes, um pouco mais escuros que os meus, e seus olhos castanhos. Era o casal perfeito para se passarem por meus "pais".

- Hyoga, meu querido! Quanto tempo não nos vemos. - a mulher falou, se dirigindo a Hyoga.

- Pois é. Prazer em revê-la. - Hyoga sempre dava muita bandeira. Acredito quer sua timidez falava mais alto nesses momentos, afinal ele não conhecia aqueles dois.

- Tímido como sempre. - o homem falou, sorrindo pro meu irmão. Ele virou-se para Camus e Milo. - Vocês devem ser os pais de Hyoga, não é?

- Isso mesmo! Sou Camus e esse é meu marido, Milo. - disse Camus, cumprimentando meu "pai".

- Prazer! Eu sou Markus e essa é minha esposa, Ulla.

- O prazer é nosso! - respondeu Milo. - Por favor, sentem-se.

Acomodamo-nos à mesa. Eu me sentei ao lado de Markus e Ulla e do outro lado ficou meu irmão e os pais.

- Onde está a senhora Valéria? - Ulla perguntou.

- Infelizmente está no hospital. - Camus respondeu.

- O que houve? - Markus perguntou.

- Ela adoeceu de repente, pai. - respondi. Vi que ele e Ulla fizeram uma cara de surpresa e compadecimento. Pelo visto eram bons atores mesmo.

- Que pena! Deve estar sendo difícil pra você, né Hyoga? - Markus disse.

- Um pouco. - Hyoga respondeu.

- Mas pelo menos você está com seus pais agora, não é? Tenho certeza de que vai ficar tudo bem. - Ulla dizia, segurando a mão do meu irmão que estava pousada em cima da mesa. Hyoga ficou um pouco sem graça com aquilo e me lançou um olhar como se dissesse "é sério isso?". Tive que segurar pra não rir.

- Mas, mudando um pouco de assunto, ficamos muito felizes em poder conhecer os pais de Hyoga. Isaak conversou conosco ontem por telefone e nos disse coisas muito boas sobre vocês. - disse Markus.

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora