POV Milo/POV Hyoga

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POV Milo

Será que eu tinha esquecido mais algum compromisso? Eu não acho que teria marcado dois compromissos para um mesmo dia, ainda mais nas férias. Camus detestava quando eu trabalhava durante nosso período de férias. E eu nem podia reclamar, porque eu também detestava quando ele trabalhava nessa época. Nós tentávamos evitar ao máximo, mas muitas vezes não tinha muito que fazer. Claro que quem mais quebrava essa regra era o próprio Camus. Eu tinha pessoas extremamente competentes para deixar em meu lugar. Já no caso de Camus, não tinha um médico que conseguisse substituí-lo. Eu me orgulhava muito do meu marido por isso, mas também me irritava por ele ser tão necessário no trabalho. Eu já estava achando um milagre que ele não tinha ido ao hospital nem uma vez nessas férias. E justo quando ele fica em casa, eu fico marcando esses compromissos. Acho que se Hyoga não estivesse aqui, provavelmente ele me daria uma bronca.

Abri a porta, torcendo para que não fosse nenhum problema na empresa. Porém, a surpresa foi maior ainda.

— Kanon?

— Milo! Pela sua cara já vi que não olhou seu e-mail desde ontem, né? – ele dizia em tom provocativo.

— Sim, não olho desde ontem. Mas o que isso tem a ver? – eu ainda estava confuso.

— Tudo, Milo! Mandei um e-mail para você ontem dizendo que chegaria hoje para comemorarmos.

— Comemorar? O que? – ele não estava me ajudando muito a entender aquela surpresa.

— Como o que? Não acompanha os números das suas empresas? Nosso faturamento cresceu mais de 30% no primeiro semestre desse ano na nossa filial na Grécia. Devido às atuais circunstâncias, não acha que deveríamos comemorar esse sucesso?

Eu estava chocado. Mais de 30%? Isso realmente merecia ser comemorado!

— Você não está brincando comigo, né? – eu ainda não acreditava.

— Você acha mesmo que eu sairia lá da Grécia para vir pregar peças em você? Fala sério!

— Ah! Eu sabia que tinha razão em colocar você e Saga no comando daquela filial! Toca aqui, cara!

Cumprimentamo-nos e nos abraçamos. Essa era uma das melhores notícias que eu poderia ter recebido. Estávamos preocupados com a situação da Grécia devido à crise que se instalara no país e cogitávamos a ideia de fechar a filial de lá. Porém, vaidoso como sou, não deixaria que as coisas acabassem tão fácil assim. Kanon e Saga, os irmãos gêmeos mais talentosos que já havia encontrado, eram as respostas para os meus problemas. Já havíamos trabalhado muito juntos, pois eu nasci na Grécia e vivi boa parte do meu tempo lá. E eu não podia negar que os dois foram essenciais para o meu crescimento profissional. Muitos me questionaram quanto a deixar que eles tocassem os negócios. Saga até que era muito centrado, mas Kanon tinha um jeito bastante peculiar de tocar as coisas. Um não funcionaria sem o outro. Para que meu plano desse certo tinha que ser os dois trabalhando juntos. Eu precisava da ousadia de Kanon e do controle de Saga. E lá estava o resultado. Enquanto várias empresas fechavam as portas em meu país de origem, lá estava a nossa faturando 30% a mais. Era extremamente sensacional para que não fosse comemorado.

— Mas vamos lá, meu amigo, entre que a casa é sua. – dei passagem para que ele entrasse e fechei a porta. – Onde está Saga?

— Ele foi buscar Aiolos e Seiya, que estavam guardando nossas coisas no hotel. – disse Kanon.

— Aiolia já sabe de tudo também?

— Com certeza!

É, realmente a comemoração prometia. Kanon, Aiolia e eu; aquela nunca era uma combinação muito segura, como Camus dizia. Éramos amigos de infância e trabalhávamos na mesma empresa. Perdi a conta das vezes que fomos parar no hospital depois de altas bebidas e festas. Bons tempos! Claro que a vida com Camus era tudo que eu sempre quis, mas a vida de solteiro não era nada ruim. Às vezes eu sentia falta da minha terra e das "aventuras" de um jovem desimpedido. Mas só de ver Camus, eu já não me importava mais. Era impressionante o que aquele iceberg tinha feito comigo. Nosso amor era tão forte que eu mudara completamente meus hábitos por ele. E ele também havia mudado muito. Encontrei alguém que me fez querer ficar e nunca mais ir embora. Porém, eu tinha que admitir que relembrar os velhos tempos não era nada ruim. Não que eu quisesse voltar àquela vida de pura luxúria. O que eu sentia falta era do tempo que eu passava com meus amigos. Óbvio que Camus detestava quando eu me juntava com eles para qualquer tipo de comemoração. Por mais que eu gostasse de provocar meu marido dizendo que ele tinha era ciúmes, eu sabia que era por se preocupar comigo. Ele sabia que meus amigos e eu, juntos, não tínhamos muitos limites. E não dá pra negar que Camus não sabe lidar com situações além dos limites.

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora