— Hyoga, posso te fazer uma proposta?
Eu ouvi aquele moreno perguntando. Ele me olhava com olhos divertidos e ao mesmo tempo maliciosos. Eu levantei minha sobrancelha do olho esquerdo, desconfiado.
— Proposta?
— Sim. Mas apenas a farei se estiver disposto a ouvir. – ele falava olhando para o alto, como se estivesse pouco se importando se eu ia aceitar ou não.
— Diga. – o incentivei.
— Que tal a gente se mandar daqui?
— Como? – não entendi o que ele realmente queria.
— Sabe, eu tenho esse jeito todo grosso de ser, mas eu ainda sei quando alguém não está bem. Não sei o que aconteceu com você e também não vou perguntar. Mas sei que ficar aqui conversando com aquele acéfalo do Seiya ou ficar lá embaixo fazendo cena pros adultos não vai te ajudar em nada. Por isso pensei que pudéssemos dar umas voltas por aí, eu te mostro alguns lugares legais da cidade e você se distrai um pouco. O que acha?
Eu ainda estava desconfiado. Aquele moreno não tinha cara de quem fazia gentilezas de graça. E ele sabia que eu não seria bobo de cair em seus truques. Sabia? Bem, pelo menos eu pensava que a gente teve uma sintonia um pouco fora do comum pela manhã. Talvez fosse só da minha parte, mas alguma coisa me dizia que não era esse o caso.
— E o que você ganha com isso? – perguntei desconfiado.
— Bom, não sei se percebeu, mas também não estou com saco pra ficar aturando o Seiya. E, quem sabe, no final eu ainda possa ganhar um bônus. – agora ele me olhou com bastante volúpia e, por algum motivo, eu me ruborizei.
Ele começou a rir e eu desviei meu olhar, aborrecido. Detestava quando as pessoas me pegavam em minhas fraquezas. Aquele moreno estava me provocando mais do que deveria. Não sabia que tipo de experiências ele já havia tido na vida, mas ele estava me subestimando um pouco demais. Só as pessoas próximas a mim sabiam disso, mas eu era muito orgulhoso. Detestava ser subestimado, de ser passado para trás, de acharem que só porque eu tinha aquele rostinho de anjo, eu seria bonzinho o tempo todo. E não tinha nada que me irritava mais do que me fazerem demonstrar minhas fraquezas. Eu realmente não gostava disso. Eu tive um caminho muito árduo para aprender a colocar uma máscara de indiferença, uma máscara de força e coragem. O Hyoga que eu era de verdade era um fraco, chorão, sentimental. Eu odiava aquele Hyoga. O Hyoga impotente que não podia fazer nada a não ser sentar e chorar. O Hyoga que clamava pelos braços de alguém que pudesse levar embora toda a dor que sentia no peito. O Hyoga que não conseguia sair do lugar sem ajuda, que não conseguia fazer nada. Tudo que eu havia passado na vida foi por conta deste Hyoga ridículo. E eu não queria mais ser esse Hyoga. O problema é que não tinha como negar quem eu realmente era. Então tive que aprender a levantar barreiras e criar máscaras. Eu tinha várias; a de moço educado, a de moço forte, a de moço corajoso, a de moço determinado, etc. E elas não podiam cair, nunca!
Claro que eu não ia deixar barato. Por mais que eu estivesse extremamente perturbado, apenas pensando na morte de minha mãe, eu ainda tinha forças para desbancar o sorriso irônico do rosto daquele moreno atrevido. Aproximei-me dele e o puxei pelo colarinho de sua camisa de maneira um pouco bruta. Ele me olhava surpreso. Nossos rostos estavam perigosamente próximos.
— Mostra o que você sabe fazer e eu penso se você merece ganhar qualquer outra coisa que não seja apenas minha cordialidade. – eu falei sussurrando e de maneira bem provocativa.
Ele engoliu em seco e eu o soltei bruscamente, sorrindo triunfante. Ele ainda me olhava um pouco perplexo, mas logo suavizou a expressão e sorriu de leve. Aquilo me deixou confuso.
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Doce Fruto de um Passado Amargo
FanfictionCamus é um médico bem sucedido, casado com um famoso empresário. Mas nem sempre sua vida fora bela. No passado, Camus sofreu uma terrível desilusão amorosa. Anos depois ele descobre que todo o sofrimento teve um motivo. E essa descoberta lhe trazia...