POV Camus

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Eu saí do quarto um pouco aborrecido. Eu sentia que se aquele momento terminasse, tudo voltaria a ser como no dia anterior ou como fora de manhã. Estar naquele quarto com meu filho em meus braços foi como um sonho. Eu nem conseguia acreditar que realmente tinha acontecido. Mas alguma coisa me dizia que um momento como aquele não viria tão cedo de novo. Só esperava que eu estivesse errado, porque tinha sido uma das melhores experiências da minha vida. Foi como se eu não precisasse de mais nada para ser feliz. Já fazia algum tempo que eu pensava que não tinha como ser mais feliz do que eu já estava sendo. Tornara-me bem sucedido em minha carreira, ganhava muito bem, tinha uma vida muito confortável e, o melhor de tudo, tinha alguém do meu lado que era louco por mim e vice versa. Não tinha como ficar melhor. Mas o que eu tinha sentido ao ter meu filho, sangue do meu sangue, em meus braços foi um sentimento que eu nem sabia que sentia falta. Foi como descobrir que ainda existia um buraco vazio em minha vida e só depois de conhecer Hyoga é que ele fora preenchido. Eu estava descobrindo algo novo dentro de mim mesmo. Justo eu que pensara não ter mais nada sobre mim que eu não conhecesse. E eu queria descobrir mais sobre aquele novo Camus. Era até cômico. Eu não tinha mais idade para aquelas coisas. Não que eu fosse velho, mas não era mais um adolescente passando por uma fase de formação de identidade própria. De qualquer forma, eu sabia que ainda tinha muita coisa para descobrir.

Desci as escadas para saber quem estava ali. Com certeza era coisa do Milo. Só esperava que não fosse nada demais. Entrei na sala e me surpreendi.

— Camus!

— Saga? – fazia tempos que não o via. – Que surpresa você por aqui!

— Pois é. Você e o Milo não vão até a Grécia nos visitar, então tenho que dar meus jeitos. – disse Saga, vindo até mim para me cumprimentar.

— É mesmo. Nem parece que o Milo é dono de uma empresa lá. – disse Aiolos, marido de Saga.

— É que eu tenho plena confiança nos dois diretores que deixei lá, não é Kanon? – disse meu marido levantando uma taça de vinho para brindar.

— É isso aí, mano. – Kanon brindou e os dois viraram o vinho de uma vez.

— Está acontecendo algo que eu não estou sabendo? – perguntei atônito.

— Estamos comemorando um crescimento de mais de 30% em nosso faturamento! É uma vitória em um período de crise como o que a Grécia está passando. – disse Kanon.

— Daqui a pouco o resto do pessoal deve chegar. – disse Milo, servindo mais vinho para ele e Kanon.

Eu estava entendendo direito? Eles estavam comemorando na minha casa e chegariam mais pessoas? Não que eu fosse do tipo chato. Ok! Eu era sim do tipo chato que detestava aquele tipo de coisa e Milo sabia disso. Ainda mais na minha casa! E não tinha momento pior para isso acontecer. Eu estava com um filho recém-chegado no quarto, chorando a perda da mãe e necessitando de consolo. Além da senhora de idade, que já estava debilitada o suficiente para aguentar aquele tanto de marmanjo bêbado e falando um tanto de asneira. Não tinha a menor condição de aquela palhaçada acontecer em minha casa! Eu tinha que conseguir falar com Milo em particular, pois também não ia mandar todo mundo embora. Não queria que me interpretassem mal. Eu estava feliz por meu marido e seus amigos com aquela notícia, mas só não queria que eles fizessem aquela farra, ali, justo naquele dia. Além do que, não havia nada preparado para receber tantas pessoas lá em casa. Tudo bem que eles se viravam com pizza, mas Milo sabia que eu detestava qualquer coisa sem planejamento prévio. Principalmente quando envolvia os amigos de Milo, que deixavam a bagunça para eu limpar. Por que meu marido não me ajudava? Pelo simples fato de que ele ficava tão bêbado nessas ocasiões que, além de ter que arrumar tudo, eu ainda tinha que cuidar dele. Mas dessa vez não seria dessa forma.

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora