POV Milo/POV Camus

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POV Milo

— Não acredito que não está pronto!

— Mu? Shaka?

Fiquei surpreso quando os vi ali. Não me lembrava de ter combinado nada e eles não eram muito de visita surpresa.

— Não me diga que você esqueceu?! – disse Mu.

— Esqueci...? – realmente não me lembrava de nada.

— Milo, hoje é a inauguração do parque da cidade. Somos os grandes protagonistas disso! Se não formos vai chamar muita atenção! – Mu parecia inconformado, mas falava de forma suave.

— Cara! Esqueci completamente! – levei as mãos à cabeça. – Por isso que o relógio despertou tão cedo!

Vi Shaka dar uma risada baixa e Mu olhar para mim com graça. Realmente, onde eu estava com a cabeça? Ok! Eu sabia onde eu estava com a cabeça. Teve toda aquela confusão de ontem com a chegada de Hyoga e Valéria e minha mente vagou por outros lugares. Primeiro foi o choque de me deparar com o passado encarnado de Camus. Só eu sabia o quão difícil foi fazer com que ele superasse sua ex e ver Hyoga foi quase enfrentar uma assombração. Não que eu tivesse algo contra Hyoga, muito pelo contrário, o achei um garoto extremamente interessante e instigante. Porém, a insegurança bateu um pouco ao pensar que meu marido pudesse ter algum tipo de recaída ou algo assim. Graças aos céus esse foi um pensamento muito rápido, pois Camus demonstrou que quanto mais o passado aparecia, mais ele precisava de mim. Senti-me extremamente necessário naquele momento, pronto para apoiá-lo no que fosse preciso. Então, em segundo, vem toda aquela rebeldia de Hyoga. A cabeça começa a ferver, porque eu conheço meu marido e sei que disciplina é algo pelo qual ele preza muito. E Camus, com certeza, não estava nada feliz com aquela história toda. Foi um choque muito grande para ele. E do jeito que as coisas aconteceram, foi como abrir uma ferida e aprofundar um pouco mais na carne. Pensei que aquilo tudo pudesse acabar em algo ruim, apesar de saber como Camus tem um senso de responsabilidade muito grande. Porém, com o desenrolar da noite, Hyoga mostrou-se muito mais do que um garoto rebelde. Como se aquilo tudo fosse apenas uma casca. Havia algo muito maior e bonito debaixo de toda aquela postura incoerente e irracional. E perceber aquilo me deixou extremamente empolgado com a ideia de ser pai. Era algo que eu sonhava muito e agora eu poderia ser. Apenas tinha que encontrar uma forma de conquistar a confiança dele. E isso desencadeou em mim uma série de pensamentos que não consegui parar até onde minha mente cansada aguentou manter-se em funcionamento. Com tudo aquilo, não tinha como me lembrar de compromisso nenhum no dia seguinte.

Saí um pouco dos meus devaneios ao perceber que estava parado na porta, com cara de tacho e sem esboçar uma reação sequer.

— Desculpa. É que aconteceu tanta coisa ontem que eu não consegui pensar em mais nada. Por favor, entrem. Eu vou falar com Camus e vamos nos aprontar. – disse cedendo espaço para que eles entrassem.

Vi Shaka acenando para o carro parado em nossa porta. Vi meus afilhados saindo do carro e sorri. Seria bom para Hyoga ter contato com garotos da idade dele. Imagino que no lugar onde ele morava, provavelmente não devia haver muitos garotos de sua idade. Talvez isso ajudasse a amansar aquela personalidade arredia e defensiva. Shun veio correndo e me abraçou carinhosamente. Afaguei aqueles cabelos verdes e macios. Eu era muito apegado aos meus afilhados, principalmente a Shun. Logo atrás veio Ikki, que apenas me acenou com a cabeça. Baguncei seus cabelos azuis escuros e ele me olhou com desdém. Eu apenas ri de seu mau humor costumeiro. Aquele moleque era marrento, mas ele apenas tinha um jeito diferente de demonstrar que gostava de alguém. Direcionei todos para a sala de estar.

— Mas diga-nos, Milo. O que aconteceu ontem que fez você esquecer completamente o nosso compromisso? Você não é de negligenciar as coisas do trabalho, ainda mais se tratando da imagem do grupo. – disse Mu calmamente.

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora