POV Milo/POV Hyoga

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Liguei para Camus para dizer que sairia com os meninos, como ele havia pedido. Eu estava esperando conseguir me aproximar mais de Isaak. Aquele garoto me intrigou bastante. Ele mentia muito, isso era perceptível para mim. Mas eu bem sabia que ele enganaria, e fácil, a maior parte das pessoas. Diferente de Hyoga, ele sabia mentir, sabia conduzir as coisas exatamente para onde ele queria. Obviamente que comigo isso não funcionaria, porque eu já estive do outro lado. Na minha infância eu tive que desenvolver a mesma habilidade, para sobreviver. E também tive que desenvolver a habilidade de "ler nas entrelinhas". Não só na minha infância, devido às pessoas com quem tinha contato, como depois de mais velho, nos negócios. Era impressionante como as pessoas me subestimavam! Sim, eu sempre fui muito lindo e com uma personalidade brincalhona e aberta. Isso fazia com que as pessoas pensassem que eu era idiota. E como eu sabia me aproveitar disso! Não tinha nada melhor do que encontrar alguém que achava que eu era inocente e bobo. Esses eram os mais fáceis de dobrar. Então, com o tempo e experiência, eu sabia muito bem quem estava falando a verdade e quem estava tentando me "passar a perna". E de certa forma, Isaak parecia ter completa ciência de que não conseguiria me enganar tão fácil. Mesmo assim, ele continuava mentindo descaradamente. E era isso que eu queria entender. Se ele sabia que não conseguiria me enganar, por que continuava com aquele joguinho? Será que era por causa de Hyoga? Por quê? Será que era pelo que Hyoga tentava esconder? Se fosse, então ele provavelmente estava envolvido. Apesar de que, por algum motivo, ele parecia querer que Hyoga revelasse a verdade.

Sentei-me no sofá da sala, esperando que os meninos descessem. Estava pensando se tinha algum lugar que eu poderia levá-los e ter a oportunidade de ficar a sós com Isaak. Se eu tivesse a chance de conversar com ele, talvez conseguisse descobrir mais coisas.

Logo os vi descendo pelas escadas.

- Podemos ir? - perguntei, me levantando e indo em direção à porta. - Tem algum lugar que queiram conhecer?

- Confesso que não tenho ideia. - disse Isaak.

- Eu também não. - disse Hyoga.

- Bom, acho que podemos percorrer a extensão do rio Sena, então. Tem alguns lugares que podemos visitar pelo caminho. Alguma objeção?

Os dois acenaram em negativa. Saímos de casa e peguei o carro. Os dois entraram e segui em direção ao destino. Enquanto eu dirigia, Isaak olhava pela janela, empolgado, e mostrava uma coisa ou outra pra Hyoga, que parecia mais desanimado e apreensivo. Isaak parecia fazer as coisas com a intensão de que Hyoga se acalmasse. Sorri. Ele parecia querer cuidar de Hyoga, como um irmão mais velho mesmo. Como se ele dissesse que agora que ele estava ali, tudo ficaria bem. Será? Será que tudo ficaria bem? Claro que com Hyoga ficaria, pois ele tinha Camus e eu para protegê-lo. Mas e Isaak? Será que ele tinha pais que o protegeriam também? Embora ele parecesse tranquilo em apresentar-nos, Hyoga demonstrava o oposto. Como se Hyoga desconhecesse os pais de quem Isaak falava tranquilamente. E isso era suficiente para me certificar de que era mentira. Mas se Isaak realmente não tivesse pais, como ele conseguira vir para Paris, da Sibéria, sem a autorização de um responsável? Ok, isso era fácil de falsificar. Se Hyoga e ele estivessem ligados a criminosos, algo assim não seria difícil de conseguir. Mas também me fazia pensar se Isaak era realmente uma vítima, como eu acreditava ser. Até mesmo Hyoga. Como conseguiram se desvencilhar, sendo vítimas? Será que começaram vítimas e agora estavam envolvidos no esquema? Faria sentido, pois assim teriam a confiança do criminoso de que não fugiriam. De qualquer forma, aquilo ainda estava meio nublado em minha mente. Se eu soubesse exatamente no que aqueles dois estavam metidos, seria mais fácil chegar a uma conclusão.

Não demorou muito para que chegássemos aonde eu queria, próximo da Pont des Arts. Dali poderíamos seguir para alguns pontos turísticos. Estacionei o carro e descemos.

Doce Fruto de um Passado AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora