POV Camus
Eu estava achando tudo muito estranho. Hyoga estava agindo completamente diferente do que ele mostrara no dia anterior. Eu fiquei preocupado de que ele poderia ser mal educado com Shaka e Mu, mas parecia que estava tudo bem. Será que o problema dele era só comigo? Será que ele realmente me odiava por tudo que aconteceu? Eu ainda não tinha engolido aquela história. Por mais que fizesse sentido, Hyoga agia de uma maneira muito contraditória. Ele não era completamente rebelde, nem mesmo comigo. Ele parecia estar magoado, mas era como se ele quisesse transferir a mágoa para mim sem que acreditasse que eu a merecia. Alguma coisa estava muito errada e eu precisava saber o que era. O problema era como eu descobriria aquilo. Eu acabara de conhecê-lo. Não poderia simplesmente impor uma autoridade paterna sendo que nunca fora de fato pai dele. Eu não acreditava naquela história de que pai era quem colocava no mundo. O homem que me colocou no mundo nunca fora de fato meu pai. E eu definitivamente não seguiria o exemplo dele. Eu teria que ter paciência para lidar com Hyoga e conquistar sua confiança. Se ele estivesse apenas fazendo teatro, tenho certeza que logo mudaria de ideia.
Enquanto dirigia, olhava de soslaio para o banco traseiro pelo retrovisor. Hyoga parecia uma criança que nunca andara de carro. Seus olhos brilhavam olhando através da janela. Sorri de leve. Daquele jeito, ele me lembrava de Natássia. Aquele encantamento pelo mundo, um ar inocente e doce. Apesar do comportamento controverso dele, algo despertava em mim sempre que eu olhava para ele. Era meu filho! Meu filho! Eu não imaginava que poderia me sentir daquela forma. Natássia sempre falava que queria ter filhos e formar uma família comigo. Eu apenas observava sua empolgação todas as vezes que ela tocava no assunto. Milo também já havia me questionado sobre a possibilidade de adotar um filho. E eu sempre trocava de assunto, pois um filho nas nossas atuais circunstâncias seria muito complicado. Além disso, esse nunca tinha sido um sonho particularmente meu. Mas vendo Hyoga, não sabia explicar. Ficava imaginando o nascimento dele, seus primeiros passos, o primeiro dente, as primeiras palavras; tudo do qual eu não pude participar. E aquilo me doía como eu jamais pensara ser possível. Não sabia se era pela nostalgia de relembrar Natássia, mas algo muito forte me vinha quando olhava para Hyoga. Eu tinha esperanças de que esse sentimento se desenvolveria junto com meu relacionamento com meu filho.
Estava torcendo para que o dia continuasse calmo. Seria um bom tempo para me aproximar de Hyoga. Talvez conseguisse ficar um pouco sozinho com ele e poderíamos conversar. Milo sempre ficava ocupado nesses dias, tirando fotos e coisas nesse sentido. E enquanto ele estivesse ocupado, eu iria dar umas voltas com meu filho. Senhora Valéria poderia ficar com Shaka e os meninos. Tenho certeza que se eu explicasse, ela entenderia e me apoiaria.
Não demoramos para chegar. Vi Shaka e Mu estacionando e me dirigi para perto de onde eles haviam parado. Descemos do carro e Milo já seguiu para onde Mu estava e foram andando na frente. Hyoga ajudava a senhora Valéria a descer do carro, enquanto Shaka se aproximava com Ikki e Shun.
— Então, para onde vamos? – Shaka me perguntou.
— Preciso achar um lugar onde Hyoga possa comer alguma coisa. – respondi.
— Mu me disse que tem uma lanchonete dentro do parque. Podemos ir para lá e esperar até que ele e Milo se desocupem.
— Isso vai demorar? Não estou com saco pra ficar "apreciando a natureza". – Ikki dizia, totalmente desrespeitoso.
— Ikki, você poderia pelo menos fingir que não está mal humorado hoje. Só pra variar. – Shaka olhava para ele, desaprovador.
— Eu até que poderia, mas não to afim.
— Ikki, Ikki. Não me teste! Você sabe muito bem que paciência tem limite, principalmente a minha. – Shaka já começava a demonstrar sinais de irritação.
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Doce Fruto de um Passado Amargo
FanfictionCamus é um médico bem sucedido, casado com um famoso empresário. Mas nem sempre sua vida fora bela. No passado, Camus sofreu uma terrível desilusão amorosa. Anos depois ele descobre que todo o sofrimento teve um motivo. E essa descoberta lhe trazia...