Eu não consegui achar o Owen em lugar nenhum, mesmo andando por todos os lugares que eu poderia acessar. Não era possível que ele não estivesse lá, né? Quantas prisões tem no Texas? E quantas pra abrigar pessoas tão perigosas quanto um serial killer e um canibal? Será que ele já estava no corredor da morte...? Não, eu estava acompanhando antes de ser preso e a investigação ainda estava em andamento. Talvez estivesse em outro bloco ou até mesmo na solitária, eu só precisava descobrir onde e o que eu deveria fazer pra ir até lá.
Enfim, já que eu não podia encontrá-lo por conta própria e não tinha certeza sobre com quem eu poderia falar, voltei pra minha cela após o almoço. Eu realmente só queria ficar sozinho até conseguir me acostumar com aquele lugar, minha cabeça tava confusa e eu não conseguia mais focar na busca pelo Owen. Eu não tinha dormido naquela noite, então acho que era melhor tentar... Mas quando eu estava quase conseguindo, meu colega de cela chegou.
- Você não deveria estar aqui sozinho. - Apenas o encarei, tentando pensar no que ele queria dizer com aquilo. - Na verdade, é melhor não ficar sozinho em lugar nenhum.
- Do que você tá falando? - Ele tava me ameaçando ou o que?
- Eu não sou seu inimigo e não tenho obrigação alguma de te dar conselhos, mas dá pra ver que é a sua primeira vez na prisão, então não sabe como as coisas funcionam. Você deve ter percebido mais cedo, no refeitório, aquele cara que falou com você é um estuprador em série. - Ah, porra. Eu sabia que estava com problemas, mas... - Já que ele colocou os olhos em você, é melhor tomar cuidado. Os guardas não vão fazer nada, não conte com eles.
- Certo... Obrigado. Mas por que está me ajudando?
- Por nenhum motivo em particular. - Olha só, eu não esperava aquilo. Acho que devem ter algumas pessoas boas num lugar como aquele... - Na verdade, posso saber quem você tá procurando? - Sabia, nada é de graça. Será que eu podia confiar nele...? Bem, nós estávamos dividindo uma cela né.
- Owen Hart. Sabe quem é? - Ele franziu a testa, deixando as rugas entre suas sobrancelhas ainda mais acentuadas.
- Já ouvi falar, sim... Um serial killer, né?
- Isso! Você sabe onde ele tá?
- Não. Ele não tá aqui nessa prisão. - Ele não...? Peraí...
- Porra...!
- Engraçado. Já vi muitos caras serem presos pra encontrar alguém aqui dentro, mas geralmente são membros de gangue. Você não é um gangster, né?
- Não.
- Ótimo.
- Mas não aconteceu assim, eu não matei com a intenção de ser preso.
- Ah, então você é um assassino... - Ele falou, como se fosse normal. Bem, em um lugar como aquele acho que não era nenhuma novidade. - Então, por que matou?
- Porque eu estava com fome e não consegui me controlar.
- Hã...? - Ele franziu a testa de novo, claramente não entendendo o que eu quis dizer. Só podia esperar que não tivesse que descobrir, ele parecia legal.
- Enfim, tenho que achar uma forma de encontrá-lo. Eu preciso dar uma coisa a ele. - Se eu pudesse ao menos dá-lo uma gota do meu sangue pra que ele não morresse...
- Isso seria impossível, a menos que você arranje uma forma de ser transferido.
- Sabe como fazer isso?
- Bem... - Ele parou de falar pois, naquele momento, um guarda se aproximou da nossa cela. Será que ele ouviu alguma coisa...?
- Prisioneiro 223401. - Falou, olhando pra mim. 223401, era o número escrito no meu macacão. - Você tem visita.
Aquilo era inesperado. Quem será que viria me visitar? Eu definitivamente estava sendo odiado por todo mundo que eu conhecia, não havia ninguém que pudesse querer ver a minha cara. Mesmo antes, o único que eu tinha era aquele que eu matei... E isso foi pesando na minha consciência enquanto eu andava até a sala de visitação, mas todos os meus pensamentos foram interrompidos quando vi a pessoa que estava lá.
Era um homem usando um clérgima.
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Sawdust
HorrorApós afogar as mágoas na bebida por conta do término de seu namoro, Elliot Taylor acorda nu em uma oficina de marcenaria. Ele tenta lembrar o que aconteceu e, ao conhecer o belíssimo marceneiro, tira a conclusão de que dormiu com ele na noite anteri...