37 - Psicopatas

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Após desmaiar, acordei algemado a uma cama de hospital, de onde só fui liberado no dia seguinte pra continuar meu julgamento.

— Me lembro de tudo agora. – Falei assim que encontrei meu advogado novamente, em uma sala privada pouco antes do horário da sessão. – Eu sei o que Karl Neumann fez comigo.

— Ótimo… Então guarde pra si.

— Por quê?! – Mas que merda?! Ele tem que pagar pelo que fez, Karl é o responsável pelos meus problemas com relacionamentos e auto-estima. Se não fosse por ele, minha vida teria sido diferente.

— Nós fizemos um acordo, por isso que ele não disse nada que pudesse te comprometer. Ele arriscou ser acusado de perjúrio pra proteger você.

— Por que seria conveniente pra ele, não é? Por quantos anos ele ficaria na cadeia por me estuprar? Ele já tinha dezoito anos e eu era menor de idade, aposto que isso seria considerado abuso de menor!

— Se o favoreceu ou não, não importa. O que importa é que te favoreceu. O promotor não conseguiu provar que você tem histórico de violência, isso é crucial pra que seja declarado inocente.

— Eu não sou inocente! Você tá mesmo agindo de acordo com os meus interesses ou só tá fazendo o que a Igreja quer?

— Estou fazendo o que é melhor pra você.

— O que é melhor pra mim?! Já te disse que eu quero ficar com o Owen, mas eu nem mesmo consegui vê-lo! – Pude ver a frustração em seu olhar quando ele me encarou, suspirando antes de me responder.

— Senhor Hart já está aqui. Quando chegar a hora dele testemunhar, irão levá-lo ao tribunal.

— Quando?

— Depende do como as coisas vão acontecer. Se acalme, ok? Você irá vê-lo. – Cruzei meus braços e bufei, olhando pro lado. Aquilo era irritante, eu queria ver o Owen logo. – Sobre Karl Neumann…

— Eu não quero ouvir o nome desse filho da puta.

— Certo. Mas tenho um pedido, caso ainda esteja pensando em denunciá-lo.

— Eu vou denunciar, não interessa. Se eu tiver que passar minha vida na cadeia, ele também vai ter.

— Sei que não está considerando a si próprio, mas esse acordo é maior do que pensa. Se fizer dos Neumanns seus inimigos, vai acabar afetando as vidas das crianças que estão sob nossos cuidados, assim como as que virão no futuro. Pra compensar a dor que te causaram, eles concordaram em se tornar nossos patrocinadores. Sinceramente, os Neumanns tem te patrocinado desde então, mesmo após deixar o orfanato mantiveram uma poupança em seu nome. É isso que está pagando meus honorários, sua terapia, medicamentos, e também o silêncio da pessoa que joga ratos na sua cela. Sem eles você perde tudo, exceto a mim pois não estou fazendo isso apenas por dinheiro. – Ah. Eu realmente achei que era a Igreja que estava fazendo isso tudo… Mas por que iriam, né? Eu não era especial, não haveria motivos pra organização me privilegiar. Eu era apenas um órfão, como qualquer outro.

— Eu… Eu entendi.

— Ótimo. Tem mais alguma coisa pra falar? Ainda temos quinze minutos.

— Não, já podemos ir pro tribunal. Eu quero ver o Owen.

— Elliot, por que ainda quer se encontrar com o homem que o torturou?

— Porque eu o amo.

— Qual o motivo para amá-lo?

— Você não entenderia, com essa coisa de celibato.

— O que eu não entendo é que você despreza Karl Neumann, que deixou uma marca pequena em você se comparado ao o que Owen Hart fez, mas diz amar um homem que, de acordo com o que diz, te cortou em pedaços e o jogou em uma mala. No meu ponto de vista, ambos são maus. São dois psicopatas.

— Mas o Owen não é cruel. Ele tem limites, Karl Neumann não. – Edwin bufou, franzindo a testa.

É claro que ele não entenderia, Ele não viveu aquilo. Karl se aproveitou da minha fraqueza pra me manipular, enquanto Owen se arrependeu de ter me escolhido após conhecer minhas fraquezas. Karl não queria me tocar de verdade, ele me estuprou apenas pra me causar dor, enquanto Owen nem mesmo considerou me estuprar, fizemos sexo porque ambos queríamos. É muito diferente.

— Certo. – Falou, após um longo suspiro. – Vamos pro tribunal.

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