33 - Tribunal

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Eu estava nervoso. Meu advogado havia me instruído sobre o que iria acontecer, me disse para manter a calma mas a ansiedade era inevitável. Eu não estava pronto praquilo e acho que jamais estaria, mas era bom que a maior parte das falas seriam ditas por outras pessoas além de mim. Foi bom eu ter aceitado o advogado, eu não seria capaz de me defender sozinho. Não aguentaria ser exposto e confrontado, ainda mais após saber quem mais estaria no tribunal.

Não sei o que mais me chocou. Já esperava ver a mãe de Jeff, alguns vizinhos e até mesmo alguns amigos de Grayson que também eram amigos de Jeff. A empregada era testemunha, então não estava lá, mas eu não esperava ser informado de que o Grayson também seria uma testemunha. Eu me perguntava se ele ficaria tão chocado ao me ver quanto seus amigos estavam. A maneira que me olhavam era horrível, por isso virei a cabeça pro outro lado… Mas no outro lado haviam várias freiras e padres, junto a antigos amigos do orfanato e algumas outras pessoas que não reconheci.

Julia também seria testemunha, então ela ainda não estava ali. Nem minha ex-namorada e nem… Ela. A freira que me criou. Eu estava com medo de vê-la novamente, pois já sabia que tipo de expressão ela teria no rosto. Seria uma bastante reconhecível, aquela que eu costumava ver na minha cabeça sempre que eu fazia algo que ela não gostaria que eu fizesse, que só parou de me afetar depois que conheci Grayson. A expressão que sempre me fez me machucar.

— Eu não quero ver a Irmã Janice… – Gaguejei, tremendo.

— Se acalme. – Edwin disse, batendo levemente no meu ombro. – Sente-se aqui e beba um pouco de água. – Ele me deu um copo para eu beber e eu segui suas instruções. – Está tomando seus remédios?

— Sim.

— Ótimo. Por enquanto, você vai sentar aqui e assistir. Se quiser dizer alguma coisa, não diga em voz alta. Me chame que eu vou te ouvir e agir de acordo com os seus interesses.

— Ok. Mas o que o pessoal do orfanato tá fazendo aqui? As testemunhas não estão em outra sala?

— Eles apenas quiseram vir.

— E o Grayson… Por que ele é testemunha?

— Ele é uma testemunha de caráter da promotoria. Senhor Davis, seu ex-namorado, é bastante importante para o caso dada a relação dele com você e com a vítima. Ele também está envolvido diretamente na participação de Owen Hart, já que recebeu aquelas fotos.

— Ah. Aliás, e o Owen? Você disse que eu o veria, ele já está aqui?

— Não irão trazê-lo hoje.

— Por quê?

— Ele é perigoso, transportá-lo é complicado.

Edwin disse aquilo mas o Owen não era psicótico. Ele não machucaria ninguém sem motivo, ainda mais na frente de autoridades. Ele era mais esperto que isso, eu lembro das entrevistas com as pessoas que o conheceram e elas sempre diziam que nunca haviam suspeitado de nada, que ele parecia um filho responsável e amoroso e um vizinho amigável. Acho que o que o Edwin quis dizer era que Owen era perigoso pra mim, ambos teríamos que ficar na cela do tribunal mas parece que eles não queriam que passássemos uma noite próximos um do outro… Mas tanto faz, eu podia esperar. Meu julgamento estava começando, eu o veria logo.

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