Prólogo

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- Ah, porra! - Gritei, após ouvir a notícia na rádio. Eles tinham nos descoberto. - A gente vai ter que vazar daqui, vamos! - Peguei a arma que estava em cima da mesa, mas ele nem se mexeu. Na real, ficava me olhando com a expressão de um cachorro abandonado debaixo da chuva.

- Elliot, eu tô meio cansado de ficar fugindo...

- Você sabe o que vai acontecer se pegarem a gente, não sabe?

- Sim, mas...

- "Mas"?! Se lembra de quem me enfiou nesse buraco? De quem é responsabilidade?!

- Eu sei, a culpa é toda minha mas...

- "Mas" o que?

- É que... - Sua testa franzia cada vez mais. Frouxo.

- Desembucha! - Apontei a arma para sua cabeça, e ele estremeceu.

- Vo... Você... - Gaguejou. - Você não consegue ver, não sabe como é. Em todo lugar que olho eles estão lá, e se fecho os olhos não consigo parar de escutar as vozes, eu não aguento mais! - Gritou, colocando as mãos na cabeça. Muito frouxo.

- E o que eu te falei pra fazer quando estiver se sentindo assim? - Ele não respondeu, sua respiração estava pesada. Não acredito, logo agora? Não era hora de ter crise, a gente tinha que fugir. - Ei, olha pra mim. - Ordenei, apertando seu rosto entre as minhas mãos. - Escuta a minha voz, foca em mim.

- Elliot... - Chamou, com os olhos lacrimejantes.

- Isso, sou eu. Nesse mundo inteiro, só eu existo pra você, e por isso você só pode escutar a mim. Entendeu?

- Sim...

- Não estamos fazendo nada de errado aqui, o mundo pode discordar mas todos aqueles desgraçados tiveram o que mereceram.

- Mas... E quanto aos outros?

- Que outros?

- Os outros, antes de você. - Ah, que merda. Se eu deixasse ele continuar com isso a gente não ia sair dali, então puxei seu rosto mais pra perto e juntei nossos lábios. Quando os afastei, sua expressão já era completamente diferente.

- Quantas vezes vou ter que mandar você focar em mim?

- Tem razão. - Falou, me segurando pela cintura e me empurrando até eu esbarrar no altar, fazendo uma das serras que estava sobre ele cair no chão. - Pra pagar meus pecados, devo fazer tudo o que o Reverendo mandar. - Ele me prensou mais ainda contra a mesa e retirou meu colarinho para que sua boca pudesse chegar ao meu pescoço.

- Ei! - Arranquei o colarinho de sua mão, colocando-o de volta. - A gente não tem tempo pra isso, pegue as armas e vamos embora!

- Sim, senhor! - Ele finalmente conseguiu me obedecer, mas já era tarde demais.

As fortes batidas na porta da igreja começaram, e não demorou muito para que arrombassem a fechadura. Tentamos fugir pelos fundos, mas estávamos cercados. Não tinha como escapar, então só pude pensar em uma solução. Abracei o homem ao meu lado enquanto apontava a arma para o policial à minha frente.

- Se entregue, Reverendo! - Falou, também apontando a arma pra mim.

- Elliot, o que vamos fazer? - O homem que eu abraçava sussurrou em meu ouvido. - É melhor a gente se entregar...

- Não. - Depositei mais um beijo em seus lábios e encarei fundo em seus olhos. - Nós vamos morrer juntos. - Sem pensar muito, puxei o gatilho. Eles reagiram como esperado.

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