Edwin se levantou para me abraçar, me dando tapinhas nas costas, assim que ouvimos o veredito.
— Graças a Deus, acabou bem. – Falou. – Agora nós…
— Elliot. – Ouvi a voz do Grayson atrás de mim, é inacreditável que ele tenha ficado até o fim. Por quê? – Parabéns por conseguir sua liberdade.
— Ainda não estou livre, terei outro julgamento pois um cara tentou me estuprar na prisão. E não tenho nada pra comemorar, o Jeff continua morto.
— Claro, eu entendo. Será que você… – Ele grunhiu, coçando a cabeça. – Será que você poderia me perdoar?
— O que eu tenho pra perdoar? Você seguiu seus sonhos, e eu estava apenas te segurando.
— Não, você não estava… Veja bem, eu ainda gosto de você. – Ele ainda… Gosta de mim? Então por que fez o que fez? – Quando tudo estiver resolvido, se quiser ir pro Canadá comigo, eu-
— Não posso.
— Por quê?
— Eu preciso ficar sozinho daqui pra frente.
— Com licença. – Edwin chamou. – Temos que falar sobre assuntos urgentes. – Disse, apontando para os guardas que vinham em nossa direção.
— Certo… Então, eu vou indo. Me liga se mudar de ideia. – Eu não respondi, apenas o observei ir embora enquanto os guardas me algemavam novamente e Edwin falava o que eu já sabia.
— Já que foi provada insanidade você não irá voltar pra prisão, vai ficar no hospital até seu próximo julgamento.
— Eu sei.
— Irei visitá-lo amanhã para que possamos discutir sobre isso. Mas não se preocupe, pode ser que você tenha apenas que pagar uma multa ou continuar preso por um ou dois anos.
— Ok, tanto faz.
— Ei. – Ele colocou a mão sobre o meu ombro, olhando bem em meus olhos. – Você vai ficar bem, ok? Pode contar com as pessoas do orfanato, somos sua família. Iremos cuidar de você.
Falando nisso, a Irmã Janice esteve lá durante todo o julgamento, mas eu não a via mais em lugar algum. Eu achei que ela fosse esperar pra me dar um abraço ou ao menos falar comigo, não dava pra entender mas… Tudo bem, eu acho. Ela nunca foi de demonstrar afeto, mesmo que eu sem dúvidas fosse a criança a quem ela era mais próxima. E eu também não merecia nenhuma consideração vindo dela, ou de ninguém.
— Espera! – Ouvi a voz de uma mulher atrás de mim, bem quando os guardas estavam me levando até a porta. – Posso ter uma palavrinha com ele? – De início não reconheci quem era aquela mulher, já que ouvi sua voz poucas vezes, mas assim que me virei fiquei surpreso. – Por favor, eu sou a mãe da vítima. Eu tenho esse direito.
— Tudo bem, apenas mantenha a distância.
— Ok. Elliot, eu… – Ela respirou fundo, mas continuou. – É cedo demais para perdoá-lo.
— Não precisa fazer isso.
— Ainda assim, mesmo que seja confuso, eu sei que você não foi o responsável pelo que aconteceu. Espero que se recupere… E espero que consiga encontrar paz no futuro. – Aquilo foi… Inesperado.
— Obrigado. – Foi o que eu disse, mas não senti que merecia.
Após aquilo, os guardas me levaram de volta para o hospital, onde fiquei por mais alguns dias até que aquele cara estivesse recuperado o suficiente pro julgamento. Também foi bastante estressante, mas bem rápido se comparado com o outro. Já que haviam conseguido colocar o pênis dele de volta no lugar, graças aos Neumanns eu pude pagar a multa e finalmente consegui minha liberdade. Edwin me levou de volta pro Arizona, e eu fiquei surpreso ao ver quem estava me esperando no aeroporto.
— Bem vindo de volta, minha criança. – Irmã Janice disse, abrindo os braços. Eu a abracei com força e chorei em seu ombro por um longo tempo, e ela acariciou minha cabeça até eu me acalmar.
Mesmo com tantas memórias confusas atreladas, ela com certeza tinha cheiro de lar. Eu nunca havia me sentido confortável com ninguém, mesmo quando achei que estivesse livre dos dogmas impostos pela igreja. Mas… Por ter meu nariz em seu pescoço, eu não pude ignorar. Havia um leve cheiro de podre vindo dela.
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Sawdust
KorkuApós afogar as mágoas na bebida por conta do término de seu namoro, Elliot Taylor acorda nu em uma oficina de marcenaria. Ele tenta lembrar o que aconteceu e, ao conhecer o belíssimo marceneiro, tira a conclusão de que dormiu com ele na noite anteri...