29 - Recado

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TW: Estupro. A história em si já é lotada de TW, mas achei melhor avisar nesse capítulo em específico pois infelizmente é algo mais comum de acontecer do que o resto, por isso acredito que possam haver sobreviventes lendo isso que possam se afetar. Se for sensível a esse tipo de conteúdo, não leia.

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Ele não deveria ter feito aquilo. Não por causa de como eu me sentiria ao ser violado, nem por ser a coisa mais humilhante que já aconteceu comigo. Não deveria ter feito aquilo por não saber que eu definitivamente usaria isso pra virar o jogo. Assim que aquele pau fedorento foi enfiado na minha boca, meu cerébro imediatamente desligou sua razão e então meus dentes se juntaram, lembrando o que um pedaço de carne humana significava: Comida.

O gosto do sangue atingiu minhas papilas enquanto ele gritava de dor, então juntei ainda mais os dentes e girei minha cabeça, arrancando seu membro do corpo. Ele caiu pro lado, agonizando, e enquanto sua mão tentava pressionar a ferida ele olhava pra baixo, horrorizado, gritando cada vez mais alto ao perceber que aquilo que lhe trazia tanto orgulho não estava mais lá.

Eu não conseguiria mastigar algo daquele tamanho, então cuspi e encarei aquilo após engolir uma quantidade enorme de sangue, e foi aí que recobrei a consciência. Eu não estava com fome suficiente pra comer algo tão nojento, e tinha que sair dali antes que ele recobrasse as forças. Ainda assim, aquela situação não foi criada apenas por aquele cara, eu tinha que dar um recado pros outros então peguei o membro que arranquei e corri pra fora dali.

O corredor fora do vestiário estava extremamente vazio, era óbvio que tinham guardas envolvidos. Assim que virei para ir até as celas, finalmente vi alguns, que também me viram, então corri para o outro lado, sendo seguido por eles.

— Ei, pega ele!

— Esse canibal filho da puta, ele comeu alguém?!

Eu não sei o que me motivou pois sempre fui mal em corridas, mas consegui chegar até a porta do pátio. Ótimo, eu tinha que ser visto pelo máximo de gente possível. Assim que cheguei todos olharam pra mim, um homem nu com sangue na cara e um pinto decepado na mão. Eu tive tempo o suficiente pra jogar aquela coisa no chão antes dos guardas me pegarem.

— É isso que vai acontecer com qualquer um que tentar colocar as mãos sujas em mim! – Gritei, enquanto estava sendo restringido e algemado.

— Cala a boca! – Um dos guardas ordenou, mas eu não havia terminado.

— Meu corpo pertence ao Owen Hart, e apenas ele! Eu vou matar qualquer um que tentar me tocar, eu juro!

— Não, você não vai matar ninguém. – O guarda falou, me arrastando pra dentro. – Nem hoje, nem amanhã, nem num futuro próximo. – Não importava, eu tinha conseguido o que queria. Já tinha feito todos saberem que não deviam mexer comigo, então eles poderiam me levar pra qualquer lugar agora.

Fui arrastado pra um corredor com celas muito diferentes das que eu estava antes, todas as portas estavam fechadas apesar do horário, e alguns caras gritavam de dentro delas, pedindo comida, livros e papéis. Outro guarda substituiu os dois que haviam me prendido e me fez andar até uma das celas, abrindo-a e me empurrando pra dentro. Olhei em volta, parecia qualquer outra cela, exceto pelo fato de que havia apenas uma cama.

— Bem vindo à solitária. – O guarda disse enquanto fechava a porta atrás de mim. Após ter as algemas retiradas através da abertura na porta de ferro, a adrenalina acabou e eu finalmente tive a chance de refletir sobre o que aconteceu.

Eu fui estuprado. Porra, aquele porco quase me violou e eu só consegui escapar porque ele foi burro o suficiente pra colocar o pau na minha boca! Não pude impedir o vômito de subir pela minha garganta, só tive tempo de correr até o vaso sanitário pra poder vomitar lá dentro. Quando terminei e olhei meu rosto refletido no metal, finalmente percebi o quão sujo eu estava… O quão sujo eu era.

Todos os lugares onde ele havia tocado começaram a formigar, como se suas mãos, língua e pau ainda estivessem tocando em mim, e eu não podia respirar, como se ele ainda estivesse me pressionando contra o chão. Mesmo que eu tivesse me vingado, mesmo que ele nunca fosse capaz de usar o pau dele novamente, era eu que estava sentindo como se algo tivesse sido tirado de mim. E por mais que eu gostasse de sangue, eu estava enojado com o que eu tinha na minha boca, pois aquele era o gosto daquele homem, então abri a torneira pra me tentar lavá-la e logo comecei a tentar limpar meu corpo. Mas não importava o quanto eu me esfregasse e me arranhasse até o sangue descer, eu ainda me sentia sujo.

Por que aquilo tinha que acontecer comigo? Era pelo jeito que eu andava? Pelo jeito que eu falava? Por que eu era bonito? …Eu era mesmo bonito? Eu não era sempre o esquisito? Por que logo agora eu acabei ficando bonito? Eu queria destruir meu rosto, até mesmo o arranhei e bati minha cabeça na parede, mas não importava o que eu fizesse, meu corpo logo se curava. A única coisa que consegui fazer foi desmaiar ao tentar quebrar meu nariz, batendo-o na pia. 

— Ei! – Ouvi alguém gritar da porta, ao longe. – Me responde, prisioneiro! Você tá bem? – Grunhi, tentando me mexer, então ele suspirou. – Porra, achei que você tivesse se matado. Enfim, se vista e coma. Manda a bandeja de volta pra fora assim que terminar e vê se para de fazer escândalo, eu tô tentando ver TV.

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