41 - Veredito

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Eu não consegui mais ouvir o depoimento do Owen, pois já chorava além da conta. Me sentia tão... Usado. Eu fui apenas um brinquedo pra ele, não acredito que me apaixonei por um cara desses... Mas também, será que eu conheço coisa melhor? Todos os caras com quem eu saí me usaram, seja por sexo, por diversão, ou por qualquer coisa que quisessem de mim. Ninguém jamais pensou em como eu me sentia, ninguém nunca me amou! Se eu tivesse que ser condenado a uma vida assim, era melhor morrer! Mas nem isso eu posso... Ou posso?

E se tudo isso fosse uma mentira? A imortalidade, a carne fresca, tudo. O Owen mentiu pra mim. Se ele me manipulou pra transar comigo, deve ter mentido sobre todo o resto. Mas eu realmente me regenero rápido... E se tudo for uma ilusão? E se eu realmente for louco e agora estou fantasiando coisas por causa da história que ele me convenceu a acreditar? Isso é tudo culpa do Owen... É tudo culpa dele, ele que fez isso comigo!

Ao acordar, no dia seguinte, eu estava de volta ao hospital. Eles devem ter me dado uma dose altíssima de sedativos pois eu ainda estava tonto. Ao menos, aquilo me deixou calmo o suficiente pra ouvir o promotor interrogar Owen, apesar de continuar chorando copiosamente. Eu sabia que ele estava olhando pra mim o tempo todo, mas minha visão estava embaçada demais pra identificar a expressão que ele estava fazendo... Isso se eu realmente fosse capaz de fazer isso. Tudo sobre ele era mentira, e eu não podia confiar em mim mesmo.

Ele finalmente foi levado de volta pro presídio e eu pude respirar aliviado... Mas eu provavelmente teria que vê-lo novamente, quando fosse testemunhar em seu julgamento. De qualquer forma, eu não deveria me preocupar com isso agora. Minha audiência continuou, falaram sobre o cara que me atacou na prisão, e então foi a vez dos peritos testemunharem. Levou mais um dia, bem cansativo, mas finalmente estava chegando ao fim. Logo, foi a minha vez de falar.

- É... Hm... - Eu estava nervoso. Não sabia o que dizer, não fazia ideia do que eu queria pra minha vida. Só não queria estragar tudo novamente. - Eu não sei... Mais o que pensar. O que eu quero dizer é... Eu matei o Jeff, mesmo que não lembre como. Mas eu não sei mais o que é verdade, sobre tudo o que aconteceu, apenas... Eu... - As lágrimas começaram a cair, tentei secá-las mas continuavam a molhar o meu rosto. - Eu estou tão envergonhado e confuso, me sinto a pior pessoa do mundo. Me sinto usado. Owen me usou, e eu tenho vergonha de ter me apaixonado por ele, mas o Jeff... Era por ele que eu deveria ter me apaixonado. Se eu não tivesse conhecido o Owen, eu provavelmente teria procurado o Jeff depois que o Grayson terminou comigo. Nós teríamos nos apaixonado e agora eu não estaria aqui, ele não estaria morto. Talvez estivéssemos frente a um juiz, nos casando... Porque o Jeff era o cara certo pra casar. - Suspirei, lembrando de quão gentil ele era, de como me aceitou e tentou me ajudar a melhorar. - Eu não consigo nem sonhar com casamento mais, ou com qualquer forma de relacionamento. Eu não mereço, por causa do que eu fiz, e me odeio por isso. Eu me odeio por destruir a vida do Jeff e a minha, por destruir um amor que poderia ter sido belo... Isso vai me assombrar pra sempre. Por isso, eu não me importo. O que decidirem fazer comigo, eu vou aceitar. Eu mereço qualquer punição que queiram que eu receba.

Eu estava acabado. Sabia que não era uma sentença adequada pro meu caso, de acordo com a lei, mas eu esperava que me dessem a pena de morte. Eu não aguentava mais, não merecia continuar vivendo enquanto o Jeff, que nunca havia machucado ninguém, não pôde ter o mesmo privilégio. Levou um tempo, mas eles finalmente chegaram a um veredito.

- No caso do homicídio qualificado da vítima Jeffrey Steward nós, do júri, declaramos o réu inocente por motivos de insanidade.

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