que brincadeira é essa?

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Ramiro

Depois de muita insistência e uma leve mentira sobre estar sufocado demais para respirar, finalmente Kelvin e Antonella me desenterraram.
No mesmo segundo em que fiquei livre, soltei um grunhido e estendi os braços para agarrar qualquer um que conseguisse primeiro.
Antonella era menor, então conseguiu se esquivar com mais facilidade, correndo para longe de mim enquanto gritava histericamente.
Já Kelvin não teve muito sucesso, sequer teve muito tempo antes que eu o deitasse na areia, o prendendo com meu corpo.
Juntei nossas bocas em um selinho que poderia parecer bobo e sem graça, mas estava carregado de toda a tensão que suas provocações causaram.
– Do que vocês estão brincando? – Antonella perguntou e nos assustamos, interrompendo o beijo.
Saí de cima do rapaz, tão ofegante quanto ele e nos olhamos assustados.
– É... a gente tava... hum... – Kelvin começou.
– Fazendo carinho. – estendi a mão para tocar no ombro de Kelvin, fazendo carinho ali – Carinho de amigo
– É, de amigo – Kelvin assentiu, concordando comigo.
– Parecia carinho de namorado – ela semicerrou os olhos em nossa direção.
– De namorado? Não, claro que não – Kelvin se apressou em negar e nos olhamos novamente, conversando pelo olhar num desespero de tentar contornar a situação.
Mas Antonella é quem nos pegou de surpresa, dando de ombros e falando:
– Ta bom, mas já pode ir pro mar?
Kelvin começou a rir e eu suspirei aliviado.
– Pode, vem, vou com você – estendi a mão, me levantando para irmos juntos para o mar.
Começamos a brincar, eu jogando Antonella de um lado para o outro, do jeito que ela gostava que eu fazia.
A segurei contra meu peito e tapei seu nariz para mergulharmos juntos.
Depois de passar a mão no rosto, Antonella me olhou sorrindo e eu senti que viria coisa.
– Por que você não namora o tio Kelvin? – inclinou o rosto como sempre faz quando quer muito alguma coisa.
Olhei para o professor que continuava sentado na areia e acenou para nós.
– Você gosta do tio Kelvin mesmo?
– Muito mesmo, ele cuida de mim igual você
– É?
– Aham. – ela assentiu – Eu queria muito que ele fosse meu outro papai
– Outro?
– Você é meu papai – ela me olhou séria como se eu tivesse dito uma coisa muito boba.
– Eu sou?
– Sim – respondeu como se fosse a resposta mais óbvia do universo.
Antonella nunca havia se referido à mim como figura paterna e eu também nunca cobrei isso dela, jamais queria tomar o lugar de seu pai dessa forma.
Sempre fui muito claro quando expliquei que seus pais estavam no céu, mas que ela sempre teria à mim.
E estava tudo bem para nós e no nosso mundinho perfeito.
– Eu amo muito você, Antonella, você sabe disso, não sabe?
Ela assentiu.
– Também amo você
Me mostrou seus dentinhos em um sorriso perfeito e passou os braços ao redor do meu pescoço, me abraçando.
Aproveitei que ela não tocou mais no assunto sobre minha relação com Kelvin e a distraí com mais brincadeiras.
Eu também não saberia responder às perguntas dela, estava tentando responder as minhas próprias.
Perguntas essas que me ocuparam a mente no caminho de volta para a cidade, me fazendo ficar mais calado que o normal.
E acho que Kelvin percebeu, apenas decidiu me deixar quieto durante o caminho, guardando o questionamento para quando estacionei o carro na frente de seu prédio.
Antonella roncava no banco de trás, nos dando um pouco de privacidade naquela conversa.
– Você ta bem? – ele perguntou.
– Tô bem e você?
– Tudo certo, só um pouco cansado. Mas você ta bem mesmo? Te percebi meio calado
– Eu tava pensando só
‐ Foi sobre o que aconteceu na praia? Desculpa se colaborei pra gerar questionamentos para a Antonella. Se quiser, posso me segurar mais na frente dela
– Nada disso, nada disso. – neguei com a cabeça.
– Ah que bom, porque eu não me arrependo de nada que fiz nesses últimos três dias
– Nada? – sorri malicioso.
– Não muda de assunto, estávamos falando de você – estendeu a mão em frente à minha cara.
– Não é nada demais
– Então não foi nada que eu fiz?
– Esse fim de semana foi perfeito, se é isso que você quer saber
Kelvin sorriu.
– Foi exatamente assim pra mim, também
Segurei em seu queixo, o puxando para um beijo de despedida.
– Vou subir logo pra descansar, ta? Amanhã a semana começa com tudo
– Tudo bem, precisa de ajuda com a mala?
– Não, ta tranquilo. – se aproximou para deixar mais um selinho em meus lábios – Me avisa quando chegarem em casa, ta? E descansa você também – ordenou erguendo o indicador para mim, saindo do carro para pegar suas coisas no porta malas.
Parou na calçada com sua mala e acenou para mim, que acenei de volta e dei partida no carro.

Parou na calçada com sua mala e acenou para mim, que acenei de volta e dei partida no carro

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overnight (não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora