o que acontece na lua de mel?

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Ramiro

Tomamos café da manhã junto com os convidados da festa, planejando passear de lancha em seguida.
Apesar de ser o habitual deixar os noivos sozinhos para aproveitar a lua de mel, escolhemos passar esse tempo entre amigos, deixando a lua de mel para alguns dias depois.
Estávamos quase todos no mar.
Antonella grudada em Kelvin como um coala e eu o abraçava por trás, deixando beijinhos em seu ombro vez ou outra.
— E a lua de mel, onde vai ser? — Graciara perguntou, fazendo gracinhas para Antonella rir.
— Ramiro não me contou, aparentemente é surpresa. Né, Rams? — Kelvin revirou os olhos, bem humorado.
— É uma surpresa boa, você vai gostar — garanti, cheirando seu cabelo.
— Eu posso ir na lua de mel também? — Antonella perguntou.
Kelvin deu uma risadinha sem jeito.
— Não, amor, lua de mel é só pra quem casa
— Mas vocês são meus pais
— Somos, mas os filhos não podem ir com os pais na lua de mel
— O que acontece na lua de mel?
Kelvin começou a tossir e eu precisei falar:
— Na lua de mel acontece coisas de casal
— O que são coisas de casal?
— Quando você casar, você vai saber — garanti.
Antonella olhou pensativa para Kelvin e perguntou:
— Papai, eu posso casar?
Dessa vez eu fiquei sem palavras, sentindo a água densa até demais.
— Ainda não pode, só quando for adulta
— Quanto tempo falta pra eu ser adulta?
Kelvin cheirou os cabelos dela.
— Por sorte, ainda falta bastaaante tempo — ele sorriu para ela, que retribuiu sem entender.
— Vocês são tão bonitos — Graciara sorriu, nos observando — Se encaixam tão bem como família...
Percebi o sorriso triste da mulher, entendendo que aquilo era uma coisa que ela provavelmente desejava.
— Essas coisas acontecem no momento certo, Graci. Uma hora vai acontecer com você também — garanti.
— Eu não sei, não posso dizer nunca mas... — negou com a cabeça — o amor de vocês é coisa de um em um milhão, encontrar isso é muito raro e não é pra todo mundo
Senti meu coração apertar no peito.
Queria que todos nesse mundo pudessem sentir o que eu sinto. Esse amor, a felicidade, a sensação de estar completo, que não falta nada.
Graciara estava certa quando dizia que era algo raro.
Observei Kelvin dar beijinhos no rosto de Antonella e senti o coração acelerar.
— Amo vocês — sussurrei no ouvido de Kelvin.
Ele sorriu pra mim e deixei um selinho em seus lábios.
Parei para observar cada detalhe de seu rosto.
As sardas, a boca rosada e a luz do sol fazendo seus olhos ficarem em uma cor de mel impressionante.
Olhei para Antonella deitada em seu ombro.
Os olhinhos verdes e sonolentos, a boca formando um biquinho fofo e as bochechas gordinhas, extremamente convidativas.
Eu era o homem mais sortudo do mundo.
Nosso momento foi interrompido quando Berenice pulou no mar, espirrando água para todos os lados, inclusive em nós.
Antonella deu uma risada divertida limpando o rosto molhado.
— Faz de novo, tia! — ela gritou.
— Vem comigo! — Berenice chamou e Antonella ergueu os braços, mas Kelvin a segurou.
— Não vou dar minha filha pra pular no mar com você, sua maluca
— Mas papai... — a garotinha fez um biquinho fofo.
— Antonella, não é seguro — Kelvin alertou — Tia Berenice é maluca, meu amor
— Ela é? — Antonella perguntou genuinamente.
Berenice deu risada, mostrando o dedo do meio para Kelvin, longe dos olhos da garotinha.
Depois de ficarmos tempo o suficiente nadando, acabamos por escolher um restaurante para almoçar.
Sempre ia lá com Antonella e o dono do restaurante, seu Gentil, veio com um sorriso gigante quando me viu entrando no restaurante.
— Meu querido, quanto tempo — Gentil me cumprimentou, mostrando o dente de ouro.
— Realmente, não venho aqui faz uns meses
— E a lindinha aqui, como cresceu — ele tocou o braço de Antonella com o indicador e ela sorriu, mesmo sem reconhecê-lo — Não deve se lembrar de mim, não é?
Antonella negou com a cabeça.
— Pois é, ela cresceu. A família cresceu, inclusive, esse é o meu marido Kelvin e amor, esse é o seu Gentil
Kelvin estendeu a mão.
— Muito prazer, seu Gentil
O homem apertou a mão dele.
— Espero que goste do meu lugar — apontou para dentro do estabelecimento — Ramiro e Antonella costumavam vir bastante aqui
— É um lugar lindo, já estou gostando — Kelvin assentiu, sorrindo.
— Podem ficar à vontade, vou avisar a Jussara que estão aqui — Gentil se afastou, caminhando animado para dentro do restaurante.
— Papai, o que tem o dente dele? — Antonella perguntou baixinho para mim.
— É um dente de ouro
— Ouro de verdade?
— Ouro de verdade — assenti.
— Como um pirata?
— Igualzinho à um pirata — confirmei e Antonella olhou meio assustada.
— Ele vai nos pegar pra pular da prancha?
Coloquei Antonella na cadeira infantil e nos sentamos na mesa.
— Ele é bonzinho, amor — Kelvin assegurou.
— Ufa! — falou em uma expressão exagerada, enxugando o que seria o suor da testa.
Olhei para Kelvin ao mesmo tempo que ele me olhou e acabamos dando risada.

Olhei para Kelvin ao mesmo tempo que ele me olhou e acabamos dando risada

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overnight (não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora