Ramiro tenta enfrentar o furacão que é sua afilhada Antonella e conciliar a vida de pai com a vida amorosa, que não vai nada bem.
Até que, em uma visita ao bar que costuma frequentar, Ramiro tem uma bela surpresa: Kelvin, o professor da garotinha.
O juiz havia tomado uma decisão. Eu havia ganhado a causa. Era para mim que Gladys pagaria uma boa grana, além de ter que me readmitir. Mas essa última opção eu neguei. Não gostaria de voltar pra lá. Tive vontade de gritar, xingar, mandar tomar no cu, ir para a puta que pariu, se foder, ir para a casa do caralho. Mas infelizmente não podia fazer isso, principalmente em um local sério daqueles. Lancei para a loira do outro lado da mesa o meu olhar mais afiado e mostrei meu melhor sorriso. Gladys obviamente não me devolveu o cumprimento e colocou os óculos escuros na cara, virando de costas para mim. Rodrigo colocou seus papéis em uma pasta e me acompanhou até o lado de fora da sala, onde pude finalmente comemorar. Dei pulinhos no mesmo lugar e levantei as mãos para Rodrigo, em um high-five extremamente infantil. – Meu Deus, Rodrigoooo – segurei o grito, mordendo meu polegar – Muito obrigada!!! – Eu falei que era causa ganha, tava muito fácil – Você viu a cara dela? A cara de perdedora? Melhor dia do ano! Ha! O advogado riu e apontou para algo atrás de mim. Me virei para olhar e corri em direção à Ramiro, que estava no meio do corredor. Me joguei sobre seu corpo e enchi seu rosto de beijinhos. – Pela felicidade, deu tudo certo – Deu mais que certo, Rams! – sorri, segurando seu rosto entre minhas mãos – Essa foi para aquela bolsonara não mexer comigo e com minha família! – Com licença, casal – Rodrigo parou ao nosso lado – eu preciso ir agora, vou com a Luana para uma entrevista com a assistente social, estamos entrando com processo pra adotar uma criança – ele sorriu todo bobo. – Meu Deus, Rodrigo, é mesmo? – virei para ele. – É... Abri os braços para abraçá-lo. – Que coisa mais linda, eu tô realmente muito feliz por vocês – Eu to bastante nervoso, mas realmente convencido da decisão – Tantas e tantas vezes que deixei a Antonella com vocês... vão ser pais incríveis – Ramiro deu um aperto no ombro do advogado, o puxando para um abraço em seguida. – Obrigado gente, dedos cruzados pra dar tudo certo – ele cruzou os dedos. – Já deu tudo certo, eu tenho certeza – dei um último abraço nele, me despedindo rapidamente – Ai que notícia linda, né? – comentei com Ramiro depois que Rodrigo foi embora. – Muito linda mesmo – Ramiro sorriu – A Luana sempre quis ser mãe, tô muito feliz por ela – Ela vai ser incrível, né? Também acho – Kelvin, Kelvin! – a voz de Gladys soou pelo corredor e meu sorriso sumiu ao vê-la vindo em nossa direção. – Tava muito bom pra ser verdade – falei alto suficiente para que ela ouvisse. – Precisamos conversar – falou autoritária quando chegou à minha frente. – Não precisamos, não – fiz uma cara de nojo, empurrando Ramiro na direção da saída. – É sério, por favor. Esse valor estipulado é muito alto, peça para seu advogado conversar com o meu, eles entram em um acordo que sai bom para nós dois – Não vou pedir – neguei com a cabeça e ela chegou mais perto, segurando em meu cotovelo. – Por favor, Kelvin. Eu não tenho todo esse dinheiro, estamos passando por momentos difíceis em casa – Problema seu, quero que você me pague, não importa como – Coisinha petulante, como você ousa me desafiar? – fincou as unhas em minha pele. – Me solta. Agora. – olhei bem em seus olhos – Eu tenho uma testemunha aqui, você não pode me ameaçar e nem exigir nada Ela me soltou a contragosto. – Kelvin, pense bem nas suas ações – Pense bem você – a olhei dos pés a cabeça – Não vou pedir ou aceitar um novo acordo, você que se vire pra me pagar – rolei os olhos, segurando na mão de Ramiro e o puxei para fora dali. Quem aguenta?
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