Ramiro tenta enfrentar o furacão que é sua afilhada Antonella e conciliar a vida de pai com a vida amorosa, que não vai nada bem.
Até que, em uma visita ao bar que costuma frequentar, Ramiro tem uma bela surpresa: Kelvin, o professor da garotinha.
Uma hora antes do sol se pôr, Ramiro e eu procuramos um local onde pudéssemos assistir e comer algo. Os restaurantes com a melhor vista geralmente ficavam lotados, então garantimos nossa mesa com antecedência. Pedimos um vinho e baklava para acompanhar, observando o fluxo de pessoas no local e conversando sobre a vida, como ela poderia ser engraçada e muito fascinante, na grande maioria das vezes. — Eu não imaginava que o Kelvin de um ano atrás estaria aqui, na Grécia, casado, com uma filha, uma quase carreira na música e muito mais feliz do que ousei ser em toda a minha vida — Penso o mesmo — Ramiro bebericou mais um gole do vinho — Minha vida com a Antonella era estável, um pouco cômoda até, sem muitas novidades... não que eu esteja reclamando — se apressou em dizer — mas agora eu entendi que ela só tava incompleta e precisava de mais alguém pra agitar tudo isso Sorri para ele, segurando sua mão por cima da mesa. — Minha vida era bem agitada e acho que precisava de calmaria pra completar — Viu só? Completamos um ao outro — Isso é muito bonitinho Ramiro concordou. Como a mesa não era muito extensa, eu conseguia acessar meu marido com certa facilidade. Peguei sua mão esquerda, trazendo-a para mim e beijando a joia em seu dedo anelar. A luz alaranjada já começava a pintar o céu, nos iluminando. — Seus olhos ficam em um tom mel lindo nessa luz — Ramiro falou após passar alguns segundos me olhando com admiração. Sorri tímido diante do elogio. — Você fica todo lindo em qualquer luz e até no escuro, sabia? — Não, amor, é sério. Acho que essa é minha mais nova cor favorita — Para, deixa de ser bobo Ele deu risada, sibilando um “te amo” para mim. Nos levantamos para assistir melhor ao espetáculo da natureza que era aquele. Ramiro me abraçou por trás e assim ficamos até que a luz começasse a sumir no horizonte. — Obrigada por isso — falei o olhando, emocionado. As vezes parar e contemplar algo era uma coisa que poderia me tocar tanto. Era como um lembrete pintado que estava sempre ali mostrando que a vida era bonita o tempo todo, bastava você olhar para perceber. — Não precisa me agradecer. Por incrível que pareça, o pôr do sol eu não paguei, ele já tava aí Ri da sua piada boba. — Não, amor, de verdade mesmo. Obrigado por ter me trazido aqui, acho que é um dos lugares mais especiais que já visitei — Que bom que você ta gostando — ele me virou de frente para ele, depositando um beijo em meus lábios — porque a noite ainda não terminou — Não? — franzi a testa. — Você ta muito caseiro depois que casou Abri a boca, impressionado por ouvir aquele comentário vindo de Ramiro, uma das pessoas que mais amava ficar em casa. — Isso foi muito Kelvin da sua parte Ele riu. — Ué, viemos para a Grécia aproveitar, viver um pouquinho — E onde é o nosso próximo lugar de “viver um pouquinho”? — fiz aspas com os dedos. — Uma balada Pensei por alguns instantes. — Balada... gosto — Eu sei que sim — ele tocou a ponta do meu nariz — Vamos passar no hotel pra trocar a roupa, podemos ligar para a Antonella e depois pegamos um carro até Fira, onde fica nosso destino — Hum, todo organizadinho, gostei — assenti, enlaçando meus braços em seu pescoço — Você fica uma delícia todo mandão — sussurrei para ele.
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