Ramiro tenta enfrentar o furacão que é sua afilhada Antonella e conciliar a vida de pai com a vida amorosa, que não vai nada bem.
Até que, em uma visita ao bar que costuma frequentar, Ramiro tem uma bela surpresa: Kelvin, o professor da garotinha.
– Amor, já? – gritei pela décima vez. – Não, para de me apressar – Kelvin gritou de volta. – Tô ficando cansado – Eu já tô acabando – Quanto falta? – Pouquinho – E agora? – Se ficar perguntando, eu vou demorar mais – A Antonella já deve estar indo pra lá – Não está, a Luana me mandou mensagem faz cinco minutos – Quero te ver – Não, você não ia deixar eu me montar em paz – Ia sim – Não ia, Ramiro, eu te conheço – Quero entrar no quarto – reclamei mais uma vez, fazendo uma voz dengosa enquanto estava jogado no corredor, ao lado da porta do meu quarto. Magicamente a porta se abre e a voz de Kelvin surge lá de dentro. – Entra, mas é pra ficar quietinho, ta? Me levantei esperançoso e atravessei a porta, dando de cara com Kelvin quase todo pronto. – Você ta muito linda – E...? – E gostosa – Eu também achei – ele admirou a si mesmo no espelho – Você não acha que essa roupa ta curta demais? Tentei não abusar muito porque é um show pra minha filha, né? O meu sorriso surgiu automático com a menção de Antonella como filha de Kelvin. – Acho que a roupa ta perfeita, você ta inteiramente perfeita – Own – Kelvin fez um biquinho, vindo até mim – Sem encostar muito pra não borrar o batom – ele falou, ficando na ponta dos pés e se apoiando em meus ombros para me dar um beijinho. – Eu tô quietinho aqui, você que veio até mim e eu não vou recusar Ele deu risada, me dando um tapinha no ombro. – Me ajuda com o sapato? Concordei com a cabeça, ficando de joelhos para calçar as botas brancas de salto em meu namorado. – Prontinho, alguns centímetros mais alto – Sem piadas com meu tamanho ou eu desisto de casar com você – Vou anotar todas as piadas e contar só depois que estivermos casados – Que mecanismo, vou entrar com o pedido de divórcio – Você não faria isso – Ah eu faria – Eu duvido muito – Vamos mesmo discutir sobre o nosso casamento antes mesmo de casar? – Kelvin me olhou, rindo. – É uma discussão válida – Não é, você quer fazer piada com o meu tamanho. É assim que você trata seu futuro marido, Ramiro Neves? – Amor, mas você é pequenininho mesmo – Mas você não precisa lembrar disso o tempo inteiro – Não da, você é muito fofinho – Você não acha isso quando eu tô... bom, deixa pra lá – Kelvin me olhou através do espelho com um sorriso ladino no rosto. – Essa pauta não está em questão – Quem decide as pautas? – Bom, eu – dei de ombros, convencido. – Isso não está justo, vamos ter que fazer terapia de casal – Independente de quantas sessões de terapia sejam, eu ainda vou estar fazendo piadas sobre você ter nascido compacto – Ramiro, é sério, vou ficar com raiva de você – Não vai, não – me aproximei lentamente por trás, pousando uma mão em cada lado de sua cintura. – Você sim – Não vai. Sabe como eu sei? – Não – ele respondeu fazendo um bico emburrado enquanto dobra mil vezes um lencinho umedecido como se fosse a coisa mais interessante do mundo. – Porque você me ama – Sim, mas ainda vou ficar com raiva – É? – É – E o que pretende fazer com essa raiva? – Não sei, depois eu decido – deu de ombros, ainda sem me encarar pelo espelho. – Sabe qual parte acho que vai ser mais divertida no nosso casamento? – Hum? – Te fazer ficar bravo, te achar adorável, desfazer esse biquinho te enchendo de beijos e depois te irritar de novo, só pra repetir esse ciclo Kelvin soltou um barulho muito semelhante ao ronronar de um gatinho, se encostando em mim e derretendo em meus braços. – Apesar de todo estresse, vou ser muito feliz porque vai ser você e não há ninguém nesse mundo que eu deixar me irritar de novo, e de novo, só pra me fazer ficar bobo bom beijinhos
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